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Wolmar Roque Loss

Secretário da Agricultura do Estado do Espírito Santo

Op-CP-04

Florestas capixabas

O Governo do Estado entende que o Espírito Santo tem vocação natural para a silvicultura pelas suas condições de topografia, clima, da própria logística que o situa entre o sul da Bahia, leste de Minas Gerais, principalmente, e norte fluminense. Várias áreas, individualizadas regionalmente e por propriedades, têm vocação específica para silvicultura, quando ela não se destina nem para a produção de café, de fruta ou de cana-de-açúcar, e são pouco recomendadas por causa da baixa produtividade da pecuária extensiva.

Reconhecemos na silvicultura uma oportunidade irreversível de melhoria de renda e de desenvolvimento do setor florestal, com adensamento da cadeia produtiva para todas as regiões do ES. Não como maciço florestal, mas como alternativa de diversificação e de renda para o produtor. O Programa de Fomento Florestal capixaba tem a atuação do governo estadual, através da Secretaria da Agricultura, com o licenciamento para plantios e formações de novas áreas florestais, bem como da renovação das existentes, quando ocorre o corte.

A relação dá-se entre as empresas consumidoras de madeiras e os próprios produtores, em contratos de parcerias. A área total de fomento florestal está em torno de 31 mil hectares, sendo a média por propriedade de 13 hectares. O programa obedece algumas condicionantes, entre as quais o fornecimento de mudas para o programa de extensão florestal.

Dentro do programa temos tanto o incentivo à produção de eucalipto, quanto para outras espécies, como Nin Indiano, Cedro Australiano, Palmáceas, Pau-Brasil e Seringueiras. O Programa de Extensão Florestal do Espírito Santo começou em 1985, numa parceria com a empresa Aracruz Celulose e com Prefeituras municipais, em que o estado vêm distribuindo mudas para os produtores, numa quantidade pré-fixada.

Hoje o Programa trabalha com a produção de mudas feita na Aracruz e em viveiros municipais, que são repassadas à Secretaria, para serem distribuídas pelo Instituto Capixaba de Pesquisa e Assistência Técnica e Extensão Rural, órgão ligado a Secretaria, que tem escritórios em todos os 78 municípios do estado. Desde 1985, já foram distribuídas 54 milhões de mudas, o que equivalem a 30 mil hectares de área plantada.

A meta em 2006 é distribuir cinco milhões de mudas de eucalipto, atendendo 2,5 mil produtores. Porém, o trabalho da Secretaria está atraindo muitas associações e cooperativas de produtores e estas parcerias acabam distribuindo um número menor de mudas por agricultor, mas com atendimento de mais produtores. A finalidade dessas mudas é que o produtor obtenha a auto-sustentabilidade em madeira na propriedade.

A maioria desses produtores produzem café e precisam de madeira para secar o produto, para cercamento de área e outros fins. O excedente normalmente é comercializado. A maioria visa, também, vender os eucaliptos de maiores dimensões, para as serrarias. Além do eucalipto o Programa de Extensão tem distribuído mudas de espécies nativas da Mata Atlântica.

São aproximadamente 100 mil mudas/ano que chegam às mãos dos produtores, que tenham interesse em recompor a mata ciliar e proteger topos de morros e de nascentes. Neste programa, eles recebem, sem custos, as estacas e o arame para cercar o local. Uma outra espécie trabalhada na extensão é o Pau-Brasil. A previsão de distribuição, em cinco anos, é de 500 mil mudas, para os produtores capixabas. Já foram distribuídas, até hoje, 150 mil mudas.

Outro braço da extensão é o programa de Palmáceas, em convênio com o Ministério de Meio Ambiente que, em três anos, já distribuiu em torno de dois milhões de diversas espécies e atendeu aproximadamente 600 produtores. As seringueiras ocupam cerca de oito mil hectares. O estado produz e distribui esta espécie em parceira com as prefeituras.

Já foram produzidas e distribuídas 682 mil mudas. Hoje, o trabalho é mais direcionado às associações que produzem as mudas, com assistência técnica permanente dos profissionais do Incaper, além de receberem os insumos da Secretaria da Agricultura. O estado do Espírito Santo ficou com a parte mais importante do programa, que é a manutenção dos bancos de jardins clonais. São cinco hectares de jardim clonal de seringueira, prontos para atenderem a produção de mudas.

Além das espécies tradicionais, como eucalipto e o pinus, trabalhamos com outras variedades, para que o produtor interessado na área florestal tenha uma boa fonte de renda. Distribuímos mudas de Nin Indiano, que é uma excelente espécie para produção da madeira, e o principal uso está sendo o extrato da folha do Nin, usado como bioinseticida.

O Cedro Australiano vem sendo trabalhado há anos e seu comportamento é ideal para o plantio em regiões de solo mais fértil, com maior precipitação de chuvas. Com o Mogno Africano, temos 35 produtores em todo o estado que receberam mudas. No futuro, poderemos trabalhar numa escala maior. A maior parceira do Governo do Estado é, sem dúvida, com a Aracruz Celulose.

Temos uma parceria com a empresa para que ela faça esse fomento nas regiões Sul e Noroeste do estado do Espírito Santo, que são áreas sem tradição em silvicultura, mas possuem grande quantidade de pastagens degradadas. Os produtores estão sem uma opção econômica e essa parceria está possibilitando o plantio de, pelo menos, cinco mil hectares por ano nestas regiões. O estado do Espírito Santo tem características muito adequadas para a silvicultura. As florestas de eucalipto tendem a crescer mais uns 4% e as seringueiras poderão atingir até 20 mil hectares, nos próximos 15 ou 20 anos.