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Elesier Lima Gonçalves

Diretor Superintendente da ArcelorMittal

Op-CP-12

A floresta energética

O atual momento em que vivemos no setor de florestas plantadas, com novo ciclo de expansão em todos os segmentos de produção, dentre os quais cito a siderurgia a carvão vegetal, celulose e painéis de madeira, faz parte do ciclo maior de crescimento, que é o da economia nacional. O crescimento da demanda vem sendo atendido por madeira de origem de florestas plantadas de alta produtividade, fruto dos investimentos de longo prazo, realizados pelas empresas privadas e públicas, técnicos, universidades e instituições de pesquisa.

As áreas de florestas plantadas no Brasil (Eucalyptus e Pinus), segundo o Anuário Estatístico de 2008 da Abraf – Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas, são de 5.560.203 ha, apresentando um crescimento de 3,4%, em relação a 2006. O setor tem importância expressiva e crescente nos indicadores econômicos, sociais e ambientais do Brasil. Tem sido reconhecido pela sua efetiva contribuição na geração de empregos, rendas e tributos.

Tem trabalhado dentro dos princípios fundamentais de sustentabilidade, com respeito ao meio ambiente e com responsabilidade social. Há mais de 100 anos, o país tem investido na atividade, sendo com expressão maior a partir da década de 60, com o advento dos incentivos fiscais e, nos anos recentes, conduzido pelas demandas nacionais e internacionais, nos diversos segmentos industriais, que utilizam a madeira como matéria-prima.

O Brasil tem vocação natural para a produção de florestas. Tem especiais condições para o plantio: terra, sol, chuva, pessoal qualificado, investiu e continua investindo milhões em desenvolvimento tecnológico, meio ambiente, saúde, segurança e aplicando as melhores práticas de gestão. Os resultados são visíveis e estão disponíveis, mostrando nossa capacidade competitiva nos mercados globais.

Com a evolução alcançada até aqui, fruto do árduo trabalho das últimas décadas, acredito, estamos preparados para enfrentar novos desafios, que já se apresentam, sendo, um dos mais significativos, o suprimento de matéria-prima, para atender à crescente demanda por produtos originados de florestas renováveis, e que, como exemplo, podemos citar o Brasil, a Índia e a China.

Por outro lado, o setor tem sido visto como alternativa para atender às novas demandas. Os especialistas indicam que, em 100 anos, teremos o esgotamento das reservas dos combustíveis fósseis. A atual crise energética, a demanda da sociedade por fonte mais limpa e renovável, a necessidade de redução do efeito estufa, dentre outras coisas, coloca-nos o desafio como oportunidade.

Dentro dessa realidade, nosso país tem demonstrado a capacidade efetiva e potencial de contribuição, apresentando a alternativa das florestas energéticas. Florestas de que temos pleno conhecimento tecnológico, conhecemos seus resultados e disponibilidade de recursos para crescimento, incluindo terras. Florestas com elevada produtividade e que são manejadas de forma sustentável, com vantagens competitivas, no cenário mundial.

As aplicações da energia, gerada pela biomassa florestal, são muitas: lenha, madeira, carvão vegetal, briquetes e bio-óleo. Do ponto de vista energético, biomassa é todo recurso renovável, oriundo da matéria orgânica, origem vegetal ou animal, que pode ser utilizada para geração de energia. Em maior ou menor escala, muitos países estão promovendo ações para mudanças em suas matrizes energéticas, privilegiando as energias alternativas renováveis, pois é necessário reduzir o uso de derivados de petróleo e a dependência energética.

Das tecnologias existentes, com possibilidades comerciais, somente a biomassa possui flexibilidade de suprir energéticos para energia elétrica e para biocombustíveis; além de sua contribuição para o balanço próximo de zero entre emissão e captação de carbono. Temos certeza de estarmos vivendo uma nova e especial oportunidade de desenvolvimento do setor florestal brasileiro e temos, agora, que transformar essa oportunidade em realidade.

O tema florestas é item de pauta nas principais discussões mundiais. A importância das florestas renováveis tem crescido, a cada dia, em razão da sua real capacidade de contribuição econômica, social e ambiental. Barreiras existem, mas também existem soluções; dependem de nós. No caso específico da siderurgia brasileira, estão ocorrendo investimentos em novas unidades industriais e na expansão das existentes.

Prevê-se elevar a produção anual de 33 milhões, para 57 milhões de toneladas, nos próximos 10 anos. A maioria utiliza o coque como redutor, porém, o preço está elevado e com tendência de altas. O setor siderúrgico a carvão vegetal fez crescer o consumo desse insumo fundamental, nos últimos 10 anos, em mais de 50 por cento. Apesar do crescimento dos plantios serem da  ordem de 3 por cento ao ano  ainda não é  suficiente para atender à demanda crescente.

O déficit tem sido, em parte, compensado pelo aumento da produtividade das florestas plantadas e também através dos programas fazendeiros florestais. Atualmente, não há carvão vegetal de florestas energéticas renováveis para atender à demanda, a curto e médio prazos. Aí, então, se apresenta uma nova oportunidade para investimentos no setor florestal, que exige um planejamento de longo prazo. Estamos prontos para esse novo cenário.

Precisamos continuar atuando unidos, com todos os agentes da sociedade civil organizada, para aprimorarmos os mecanismos que regem o setor, fortalecendo e tornando-o cada dia mais competitivo. Com os avanços conseguidos pelo setor brasileiro de florestas renováveis, temos a certeza de nossa competência para crescer no ritmo requerido.

É necessário maior conscientização da sociedade para entender que temos condições, de forma sustentável, de suprir as necessidades de produtos de origem florestal, sem competir com a produção de alimentos. A união de esforços permite-nos assegurar um presente e um futuro melhores. Floresta energética renovável, sinônimo de planeta limpo e de melhor qualidade de vida.