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José Marcio Cossi Bizon

Coordenador Distrito Florestal da Fibria

Op-CP-23

Gestão como diferencial competitivo: oportunidades e desafios

A gestão eficaz das operações silviculturais permite o alcance da produtividade esperada (atingível), item essencial para o empreendimento florestal, e a certeza de que os recursos de produção estão otimizados, evitando desperdício de insumos, pessoas e equipamentos.

Historicamente, as vantagens competitivas brasileiras em florestas plantadas, oriundas de fatores como as condições edafoclimáticas essencialmente favoráveis, o domínio da aplicação das técnicas silviculturais e o baixo custo da terra e da mão de obra eficaz permitiram que a evolução do gerenciamento das operações ficasse em segundo plano.

Esses atrativos garantiram, por muitos anos, uma insuperável vantagem competitiva no mercado internacional. Com o aprimoramento de técnicas de produção de outros países, da forte especulação imobiliária, da crescente demanda interna por mão de obra e do surgimento de novos players, a vantagem brasileira reduziu consideravelmente.

Os custos de formação de florestas no Brasil aumentaram significativamente nos últimos anos, em decorrência, principalmente, do investimento inicial na terra e dos custos de produção de maneira geral, incluindo serviços e insumos. A certificação florestal, focada no bom manejo das florestas plantadas e naturais, ajudou a melhorar o cenário florestal do ponto de vista técnico, ambiental, social e econômico.

Com o advento da certificação florestal, problemas enfrentados no passado não mais puderam ser toleráveis, forçando, assim, as empresas do setor a buscarem uma gestão eficaz das operações, alicerçada na melhoria contínua dos processos. A produtividade florestal, explorando o viés genético (principalmente com clones), aumentou muito nas três últimas décadas, vivendo, agora, um cenário de maior interesse em aspectos relativos a rendimentos industriais.

Visando reduzir custos e manter as altas produtividades florestais já conquistadas, a alternativa mais acessível passou a ser o manejo florestal, com ênfase na gestão das operações, que nos faz seguir um novo caminho para superar as adversidades impostas pelo momento político-social e econômico.

É preciso que passemos a encarar o chão da floresta da mesma forma que o chão das indústrias, ou seja, como um ambiente mais integrado e organizado, parte fundamental da cadeia produtiva florestal, independentemente do segmento. Ganhos mais significativos têm ocorrido quanto ao padrão de implantação e layout dos plantios, proporcionando menor variação dentro do talhão e ciclo de colheita com idades menores.

A existência do controle eficaz da qualidade das operações florestais pode ser a base estruturada de um trabalho que pode gerar mais lucro, reduzir impactos ambientais e otimizar profissionais e equipamentos. A experiência da Fibria tem mostrado que a implantação de um sistema eficaz de monitoramento e controle de qualidade de operações silviculturais pode refletir em ganhos financeiros entre 10-20%.

É fundamental estruturar uma gestão diferenciada e indutora de transformação efetiva rumo à melhoria contínua dos processos e não somente investir em equipamentos de alta performance e controle. Muita atenção deve ser dada a esse sistema de gestão robusta, focada no dia a dia, pois “pular etapas sem fazer a lição de casa” será um caminho para o fracasso ou para a manutenção de rumos ultrapassados, trilhados até o momento que antecedeu a crise recente, a qual foi enfrentada heroicamente pelo setor florestal.

Florestas plantadas de alta produtividade não toleram atrasos e falhas de recomendação técnica. Todo o trabalho florestal, desde a produção das mudas, implantação e manejo da floresta, necessita de mão de obra especializada. Grandes resultados financeiros somente serão alcançados com pessoas devidamente treinadas, recompensadas e valorizadas. Como enfrentaremos a escassez de mão de obra, que será crescente nos próximos anos? Esse talvez seja o principal desafio a ser vencido em um futuro que já começou.