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Osvaldo Roberto Fernandes

Diretor da Ibaiti Soluções Florestais e da Multifloresta

Op-CP-27

As mulheres surpreendem na colheita mecanizada

Em qualquer processo de desenvolvimento operacional, a criatividade, o arrojo e a determinação para buscar soluções alternativas ou inovadoras são fatores fundamentais para o sucesso empresarial. Esses fatores, aliados ao detalhamento na fase de planejamento, ao cuidado na implantação, a atenção no desenvolvimento, acuidade aos sinais de controle e a prontidão para a análise, ajustes e rapidas ações corretivas estabelecem a estrutura necessária para o sucesso.

Orientadas por tais princípios, a Ibaiti em parceria com a Díade Psicologia iniciaram, em outubro de 2010, na unidade de Telêmaco Borba, estado do Paraná, uma seleção de mulheres para a alocação diretamente na operação de colheita florestal  na função de operadoras de equipamentos de alta tecnologia: harvesters (escavadeiras com cabeçotes) para processamento das árvores no interior dos talhões e forwarders (tratores articulados 8x8) para baldeio da madeira do seu interior até os carreadores.

Do quadro inicial de 182 candidatas, 20 foram escolhidas, na primeira etapa, com potencial para exercer a função, e, delas, 6 foram selecionadas e tiveram, no conjunto geral, as melhores condições relativas aos pontos desejados, ou seja: desejo pela atividade,  posicionamento frente ao desafio, senso de responsabilidade pela quebra do paradigma masculino, postura frente ao novo e, principalmente, perfil psicológico adequado à função.

Um detalhe importante a destacar, nenhuma das mulheres tinha qualquer conhecimento anterior ou afinidade com atividades florestais de campo. As etapas de capacitação e desenvolvimento foram assim estabelecidas e cumpridas:

 

  • Simulador Virtual – Senai-PR – Forwarder: 40 h
  • Prática de Campo Forwarder: 80 h
  • Desenvolvimento Comportamental: 40 h
  • Procedimentos Operacionais: 20 h
  • Manutenção Mecânica Básica: 20 h
  • Manutenção Elétrica Básica: 20 h
  • Recursos Humanos/Segurança/Ambiência: 20 h
  • Metas Operacionais dos Equipamentos: 20 h
  • Simulador Virtual – Senai-PR – Harvester: 40 h
  • Prática de Campo Harvester: 80 h

Em março de 2011, deu-se o início à rotina normal das operações de campo. Das 6 operadoras aprovadas, tivemos uma desistência nos primeiros 30 dias por não adaptação aos trabalhos de campo e uma demissão oito meses após, por não evolução do rendimento nas operações, apesar do empenho da empresa em incentivar  a melhoria de sua performance.

O índice de aproveitamento do grupo feminino (67%) foi considerado normal quando comparado aos padrões da seleção tradicional de operadores do sexo masculino e, portanto, dentro da expectativa do processo.

Depois de 12 meses de atividades no campo, podemos concluir como resultado referencial, até este momento, que as 4 operadoras do sexo feminino em atividade apresentaram os seguintes destaques, quando comparadas com o mesmo nível de habilidade e tempo na função do grupo de controle masculino:


• Maior qualidade nas operações e no preenchimento de relatórios diários;
• Maior percepção efetiva e cuidados na manutenção do equipamento;
• Maior preocupação com o meio ambiente, segurança no trabalho e normas operacionais;
• Maior participação na identificação de situações de risco e na solução dos problemas;
• Maior facilidade de interação dentro do próprio grupo feminino, com seus pares e superiores;
• A eficiência operacional do equipamento não teve diferença significativa entre os gêneros;
• Menor rendimento operacional (8%) que o grupo masculino, e
• Menor custo/benefício/hora do equipamento operado (14%).

Devemos lembrar que, em muitas situações de recrutamento e seleção de colaboradores para operarem equipamento de colheita de alta performance, é cada vez mais comum a escassez de candidatos do sexo masculino com perfil apropriado e requisitos pessoais especiais, dificultando ou impossibilitando a efetivação do processo de contratação.

Cabe ressaltar que o perfil feminino para desenvolver essas atividades é diferente do estruturalmente conhecido com a população masculina. São características genéricas ou específicas que se mostram diferenças, que agora, podem ser consideradas.

Dentro do trabalho inovador desenvolvido, a escassez de candidatos masculinos não mais prejudicará a ampliação do negócio florestal, pois se constatou que as mulheres operadoras podem desempenhar essa atividade sem maiores problemas de produtividade, qualidade, custos e integração com a equipe remanescente, desde que considerados os aspectos significativos da diferença entre os gêneros e, principalmente, da efetiva capacitação técnica e operacional das candidatas.