Me chame no WhatsApp Agora!

Francisco Eduardo de Faria

Coordenador de Logística da Cenibra

Op-CP-13

Logística integrada da madeira

Até meados de 2000, o transporte de madeira na Cenibra era realizado através de diversos transportadores, que possuíam caminhões de pequeno porte e/ou composições Romeu e Julieta para execução da atividade campo-pátio, e com o Rodotrem para o trajeto pátio-fábrica. Posteriormente, se optou pela utilização somente de empresas de grande porte para a operação de transporte campo-fábrica.

A operação contratada limitava-se ao transporte da madeira estocada nas estradas e nos pátios até a fábrica, sendo de responsabilidade de outras empresas as atividades de carregamento, manutenção e umedecimento de estradas, transporte de máquinas, movimentação de pátios e arraste de caminhões.

A aquisição de semi-reboques era de responsabilidade da Cenibra, em função da empresa entender que se tratava de uma frota de equipamentos dedicados, exclusivamente, ao transporte de madeira, portanto um recurso de difícil disponibilidade no mercado e estratégico na manutenção do suprimento de madeira na fábrica.

O modelo de transporte que estava em operação, apesar de cumprir as metas de abastecimento da fábrica, exigia uma gestão permanente da contratante em todas as fases da operação, uma vez que o tripé formado pelo transporte, carregamento e infra-estrutura estava disperso entre várias empresas prestadoras de serviços.

Tal situação resultava, entre outras, nas seguintes conseqüências:

1. Falta de sincronia nas atividades;
2. Baixa produtividade e ociosidade no transporte;
3. Desgaste nas relações contratuais;
4. Constantes pleitos por perda de faturamento;
5. Surgimento de gargalos operacionais, e
6. Visão segmentada do processo, por todos os seus integrantes.

O modelo proposto: Diante do quadro apresentado, a Cenibra estudou diversas alternativas para conter os problemas, buscando eficiência, redução de custos operacionais e de gerenciamento, e principalmente, que não envolvessem a necessidade de grandes investimentos por parte da Cenibra.

Após varias avaliações, foi escolhido um modelo de contratação integrando todas as atividades: conservação e umedecimento de estradas de acesso, carregamento, arraste de caminhões, transporte de madeira, transporte de máquinas e movimentação de madeira, cuja responsabilidade tornou-se única e exclusivamente da operadora logística a ser contratada.

Este modelo eliminou de vez as incansáveis discussões sobre atraso no carregamento, relação peso/volume transportado, conservação de estradas de acesso, como também a necessidade de novos investimentos em equipamentos, por parte da Cenibra.

Escolha das empresas parceiras: O investimento necessário para um projeto de tal envergadura era de grande monta, haja vista que a operação exigiria a aquisição de dezenas de caminhões pesados, com os seus respectivos semi-reboques, gruas de carregamento, caminhões-tanque, caminhões-comboio, motoniveladoras, guinchos e caminhões-pranchas.

Inicialmente, a discussão estava dirigida para uma consulta plena ao mercado transportador. Entretanto, após considerar que a medida geraria considerável atraso no processo, uma vez que as novas empresas necessitariam conhecer, detalhadamente, a operação, além do risco de propostas com preços acrescidos da incerteza do negócio, optou-se por negociar somente com as empresas que já detinham o expertise de operação em áreas montanhosas.

Resultados: O novo modelo de logística integrada implantado, além de cumprir as metas de abastecimento da fábrica e reduzir uma gestão permanente da contratante em todas as fases da operação, uma vez que o tripé formado pelo transporte, carregamento e infra-estrutura, passou a ficar sob a gestão de uma única, apresentou as seguintes vantagens:

1. Eliminação de gargalos operacionais;
2. Redução da idade média da frota;
3. Redução de custos;
4. Melhorias nas relações contratuais;
5. Aumento da duração média dos contratos (seis anos);
6. Redução do quadro de mão-de-obra própria;
7. Direcionamento dos recursos para investimento no core business da empresa;
8. Redução da necessidade de investimentos em ativos tais como, gruas caminhões-prancha, caminhão-comboio e semi-reboques por parte da Cenibra;
9. Desmobilização de ativos próprios para vendas, e
10. Redução do número de Empresas Prestadoras de Serviços, EPSs e OPLs.

Conclusões: O processo de terceirização, denominado Logística Integrada, foi gerado a partir de um processo de negociação no sistema “ganha-ganha”, que apresenta vantagens competitivas tanto para o embarcador, tais como direcionamento de recursos financeiros para investimento em ativos da atividade fim, capitalização de recursos financeiros com a venda de ativos, redução de custo, redução de mão-de-obra e redução do número de contratos; como para a operadora logística, tais como eliminação de gargalos operacionais, melhoria no relacionamento com os contratantes, aumento do período de duração do contrato e otimização do recurso principal.

A duração média dos contratos apresentou um aumento significativo de 2,5 anos para 6 anos, enquanto que a média nacional é de 2,1 anos, 2,5 anos na Ásia Pacífico e 3,1 anos na América Latina, Europa e América do Norte. A idade média da frota reduziu de 40% para caminhões com mais de 3 anos, para apenas 4% de veículos com idade superior a 3 anos, enquanto que a média da idade da frota nacional é de 16,3 anos.

A extensão do modelo aos demais elos da cadeia de suprimentos, tais como a Colheita e a Silvicultura, é uma oportunidade que deve ser enfrentada em um curto espaço de tempo, pois estas empresas têm uma capacidade de investimento considerável. A empresa deixou de investir R$ 25,5 milhões em equipamentos destinados às operações de logísticas, porém existem oportunidades para que estes valores sejam ainda superiores, com a extensão deste processo para outros elos da cadeia de suprimentos, tais como a Colheita e a Silvicultura. O processo obteve uma melhoria global em detrimento da filosofia do somatório das melhorias locais, valorizando o ganho em todo o processo, com redução de controles operacionais por cada atividade e de controles operacionais globais, tais como tonelada de madeira entregue na fábrica.