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Etsuro Murakami

Diretor Florestal da Rigesa

Op-CP-04

Fomento florestal de pinus

No início de nosso programa de Fomento Florestal, em meados da década de 70, o acompanhamento técnico era realizado de forma pontual. O padrão de melhoramento genético das mudas era inferior ao atual e havia na região uma falta de informação generalizada sobre a cultura do Pinus. Até então, não havia ferramentas para impulsionar o reflorestamento nas pequenas e médias propriedades, e tínhamos acumulado pouco mais de 5,5 ha fomentados no período.

Foi um início difícil, mas com apoio de agricultores visionários, vencemos esta fase inicial, a qual gerou oportunidades de alavancar nosso programa de fomento, graças à credibilidade adquirida junto aos primeiros fomentados, que se sentiram satisfeitos com o cultivo de florestas de Pinus para utilização na fabricação de celulose. Na época, ainda não havia mercado atrativo para uso da madeira de Pinus nas indústrias do setor, pois o interesse das indústrias estava voltado para uso de madeira nativa da região, principalmente Araucária.

No ano de 1994, realizamos um levantamento regional, que nos mostrou oportunidades de expansão de nosso programa de fomento, para uma atuação em 14 municípios nos estados do Paraná e Santa Catarina. Em 1997, formalizamos nosso programa com uma estrutura preparada especificamente para melhorar e planejar o cadastro dos produtores rurais, distribuição das mudas e prestação de assistência técnica.

A partir desta reformulação, o fomento florestal da Rigesa contemplou, como foco principal, o processo de comunicação. Neste contexto, foram realizadas reuniões nos 14 municípios de nossa região, repassando os conceitos técnicos de implantação, manejo e comercialização de madeira aos produtores rurais, tendo grande apoio das Prefeituras, Sindicatos e Cooperativas.

No ano de 2004, a atratividade do fomento florestal atingiu seu ponto mais alto. Estudos comparativos de rentabilidade econômica, realizados pela Rigesa, apontaram a cultura do Pinus como sendo uma das melhores alternativas, superando a rentabilidade de culturas agrícolas tradicionais como soja, milho e feijão e ficando em situação de igualdade com a cultura do fumo.

Adicionalmente, o plantio de Pinus apresenta outros atrativos ao produtor rural, como:

 

  • Utilização de mão-de-obra no período da entressafra, reduzindo a ociosidade e otimizando este recurso;
  • Condução da floresta para produtos múltiplos, produzindo madeira de alto valor agregado e para celulose;
  • Baixo risco da atividade florestal, comparado com culturas agrícolas;
  • Valorização da madeira no mercado, devido ao apagão florestal;
  • Evita o êxodo rural;
  • Alta liquidez - alternativa de renda a qualquer momento.

Nosso programa de fomento não vincula 100% da madeira produzida pelo fomentado. A Rigesa é formadora de demanda para madeira de celulose (com diâmetro abaixo de 18 cm), oriunda do fomento, enquanto que o mercado madeireiro regional, formado por serrarias, laminadoras, fábricas de móveis, compensados e molduras, contempla a demanda por madeira com diâmetros superiores a 18 cm.

Desta forma, o produtor rural tem alternativas de consumo diferenciado para seu produto, ao longo da rotação de 20 anos, com 35% de madeira para celulose e 65% para toras de alto valor agregado. Os primeiros fomentados do novo programa de fomento, que iniciou em 1997, estão atualmente realizando os primeiros desbastes em suas florestas e mostram-se satisfeitos com a rentabilidade obtida. Este é um forte indicativo da continuidade destes produtores ao programa, no longo prazo, o que, sem dúvida, está ligado à atratividade do reflorestamento com Pinus.

O corte raso precoce, aos 10-12 anos, tem sido um forte atrativo para àquelas empresas que ainda não possuem base florestal própria formada e necessitam de madeira para continuidade de suas atividades industriais de curto prazo e superação do atual momento de crise. O programa de fomento serve como suporte para estas empresas da região, as quais consomem entre 20 e 30% de madeira deste programa.

O perfil do fomentado vem mudando nos últimos anos, com a inclusão de profissionais liberais e autônomos (médicos, dentistas, advogados, comerciantes, etc.) na atividade florestal regional. Hoje, 27% dos nossos fomentados são profissionais liberais, 35% são produtores rurais e 38% empresários do setor madeireiro. Devido à alta atratividade, a demanda por mudas tem aumentado significativamente, o que nos permitiu quadruplicar a área anual fomentada, de 600 ha, em 1997, para 2.400 ha, em 2005.

Há espaço para expansão de nosso programa de fomento, através da inclusão de um número maior de produtores com área entre 1 a 4 ha, porém, é necessário o desenvolvimento de parcerias com o setor público, o qual tem, por missão, a assistência técnica à agricultura familiar. Até o final de 2005, acumulamos 11.495 ha de plantio de pinus, em áreas de fomento.

A Rigesa planeja, para o longo prazo, uma integração entre 70% e 80% de madeira própria para abastecimento de sua fábrica de papel e celulose, complementando o restante com madeira oriunda do programa de fomento florestal. O apoio que o Governo tem fornecido, através de programas de incentivo, tem sido de grande importância para alavancagem da atividade florestal, porém, os bancos que oferecem financiamentos, necessitam conhecer melhor a atividade florestal e diminuir, assim, a burocracia do processo, bem como aumentar o prazo de carência do financiamento e reestudar os juros. A tendência dos órgãos ambientais em conter o avanço do reflorestamento no Brasil demonstra uma ameaça ao setor. É importante que o fomentado continue atuando com culturas agrícolas e pecuária, e consiga, através da atividade florestal, uma alternativa de renda adicional.