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Roosevelt de Paula Almado

Gerente de Pesquisa e Meio Ambiente da ArcelorMittal BioEnergia

Op-CP-21

Dar certo, fazendo a coisa certa, do jeito certo

Para aumentar sua importância e competitividade mundial no cenário florestal, o nosso setor deve executar o que esteja dentro de práticas de manejo sustentáveis. E o que é ser sustentável numa sociedade moderna, em que as preocupações ambientais muitas vezes são engolidas pelo consumo desenfreado, pelo desperdício e a consequente pressão sobre os recursos naturais?

Partindo-se da premissa de que a essência de nossa atuação é sustentável e que sustentabilidade e responsabilidade são indissociáveis, qual é a nossa responsabilidade nessa questão? Quantos hotspots estão sob nossa proteção?

Quantas comunidades são afetadas pelas atividades de manejo? Como enfrentar os desafios da silvicultura que, atualmente, é de alto risco, com o recente aparecimento de novas pragas e doenças, de agentes abióticos, como os ventos, e uma produtividade que, em alguns casos, já está próxima ao limite,  sem comprometer a viabilidade econômica e o retorno mais rápido do investimento realizado? Fugindo da definição tradicional de sustentabilidade e considerando que as empresas vêm trabalhando em cima de valores, traduziria o termo sustentabilidade como uma frase que diz: “dar certo, fazendo a coisa certa, do jeito certo”.

Hoje, distante da época em que os plantios florestais foram implantados, quando não tínhamos o conhecimento técnico do potencial e das limitações das espécies que estavam sendo implantadas, dos aspectos e impactos ambientais, dos processos e atividades e, tampouco, a legislação florestal/ambiental, vemo-nos em uma situação em que a presença de produtos não madeireiros aumentam a complexidade do manejo florestal.

A preocupação com a sustentabilidade e a estabilidade da produção florestal é acentuada quando trabalhamos com sucessivas rotações, na maioria das vezes em solos intemperizados e com sistemas intensivos de colheita. O “dar certo, fazendo a coisa certa, do jeito certo” passa pela imperiosa necessidade de se avaliar a atividade florestal em escala temporal e espacial e não apenas nas relações empíricas de crescimento (diâmetro x altura), agindo com precaução e responsabilidade ambiental na gestão dos recursos naturais e nas relações sociais que permeiam a prática de manejo florestal.

O início da década de 1990 imprimiu à questão florestal uma nova ótica, centrada no desenvolvimento sustentável, valor que, ao longo dos últimos 50 anos, quando a maioria das plantações nas regiões tropicais se estabeleceu, não foi devidamente considerado. “Progressivamente, o significado de produtividade florestal e de qualidade de serviços está sendo redefinido para o conceito de produtividade associado à qualidade do ambiente” (Poggiani).

Sem dúvida, houve uma elevada melhoria nas atividades silviculturais, devido a um conjunto de práticas conservacionistas que tem como objetivos principais a restauração da biodiversidade através da formação de corredores ecológicos; recuperação de áreas degradadas; redistribuição das áreas de reserva florestal e APPs; levantamento e monitoramento de flora e fauna – com indicações de como potencializar os atributos positivos do manejo florestal aliada à conservação; melhoria das condições de desenvolvimento da floresta – através do conhecimento gerado por projetos de mapeamento de solos e monitoramento nutricional; redução da exposição do solo às intempéries climáticas – através da redução do uso de fogo; manutenção dos resíduos vegetais no solo e práticas de cultivo mínimo.

A definição da base genética, preparo de solo, fertilização, tratos culturais, manejo e colheita devem ter um efetivo embasamento técnico para que se assegurem efeitos benéficos à sustentabilidade e à estabilidade dos sistemas florestais. Dessa forma, uma rede experimental de longo prazo, deve ser mantida para as situações bioedafoclimáticas, para possibilitar o estabelecimento, validação e difusão desses modelos.

Os Sistemas de Certificação de Manejo Florestal adotados vêm contribuindo para fortalecer as boas práticas através do aperfeiçoamento e atendimento à legislação; da organização de processos; da maior visibilidade das obrigações; da minimização dos impactos ambientais e sociais; da comunicação; das práticas de avaliação, monitoramento e, principalmente, da transparência.

O manejo florestal deve buscar a viabilidade econômica, levando em conta todos os custos de ordem ambiental, social e operacional da produção, bem como assegurar os investimentos necessários para a manutenção da produtividade ecológica. A sustentabilidade passa pela identificação de parâmetros quantitativos e qualitativos que descrevam, de forma objetiva e verificável, as características do ecossistema florestal e seu sistema social, assim como o manejo florestal e os processos produtivos nele conduzidos.

“Dar certo, fazendo a coisa certa, do jeito certo” passa pelo apoio ao desenvolvimento de estudos voltados à avaliação das condições ambientais, econômicas e sociais da atividade. Tais estudos permitirão avaliar a sustentabilidade das práticas de manejo adotadas pelo setor, contribuindo para selecionar e hierarquizar prioridades de gestão, pesquisa e desenvolvimento, perpetuando o cultivo sustentável de plantações florestais, gerando riquezas, educando e suprindo o homem e conservando os recursos para o futuro.