Diretor do Dpto de Reflorestamento e Recuperação de Áreas Degradadas do Ministério da Agricultura e Pecúaria
Coautoras: Jaíne Ariéli Cubas, Coordenadora Geral de Desenvolvimento Florestal e Fernanda Borges de Lima, Coordenadora de Recomposição Florestal, ambas do MAPA
O setor florestal brasileiro pode ser definido como diferentes cadeias de bens e serviços oriundos de florestas que funcionam em sinergia, produzindo e protegendo, buscando pela adequação entre sustentabilidade do ecossistema e conservação dos recursos naturais, considerando também a lucratividade.
As florestas plantadas representam, além da produção de produtos madeireiros e não madeireiros, a promoção e geração de empregos diretos e indiretos, aumento de renda da comunidade local, recuperação de áreas degradadas, e coloca o país em destaque na economia mundial como maior produtor e exportador de celulose e papel atualmente.
A realidade das plantadas não diminui a imponência das florestas nativas. Possuímos a maior área coberta por floresta tropical do mundo, com destaque a Amazônia, onde, além de madeira, é fonte de frutos, óleos, resinas, entre vários outros produtos amplamente consumidos pelo mercado interno e externo, seja para consumo in natura ou para produção de fármacos e cosméticos. Não podemos esquecer da imensa capacidade de captura e armazenamento de Carbono.
Nos últimos anos a temática florestal tem apresentado destacada importância mundialmente, principalmente devido à Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) e ao alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Frente a potencialidade e importância do setor florestal, nos deparamos com esforços para a criação e implementação de políticas públicas para a governança florestal. Esses esforços resultaram em uma das legislações mais completas e restritivas referentes à preservação e conservação da vegetação nativa, a exemplo do Código Florestal.
Somos não só uma potência florestal, mas também agropecuária. Nos destacamos como grande produtor de alimentos, em que nos últimos 40 anos, o país saiu da condição de importador de alimentos para se tornar um grande provedor para o mundo. Foram conquistados aumentos significativos na produção e na produtividade agropecuárias, tornando-se um dos principais players do agronegócio mundial. Hoje, se produz mais em cada hectare de terra, aspecto importantíssimo para a conservação dos recursos naturais.
Contudo, podemos evoluir muito ao difundir cada vez mais o manejo consciente e sustentável. Podemos valorizar a biodiversidade e o potencial econômico dos produtos florestais, abandonando a abordagem meramente exploratória para um modelo produtivo capaz de conciliar capital natural com ganhos sociais.
Atualmente, o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) conta com o Departamento de Reflorestamento e Recuperação de Áreas Degradadas (Deflo), em que, dentre suas competências, atua para o desenvolvimento florestal, promovendo o uso sustentável, estimulando as cadeias produtivas florestais, com fomento à economia de base florestal em todo o território nacional. Isso tem proporcionado reflexos positivos nos aspectos social, econômico e ambiental. Também visa planejar e implantar a política agrícola para florestas plantadas e assim integrar com as demais políticas e setores da economia.
Uma iniciativa do Deflo é criar um plano estratégico para aumentar 4 milhões de hectares, alinhando os esforços de expansão das florestas plantadas com as metas de redução de emissões de gases de efeito estufa, com plantio de árvores com fins comerciais em áreas de pastagens degradadas, áreas aptas a receber reflorestamentos, considerando logística, água, solo, clima, além de induzir e apoiar a recuperação produtiva em áreas de passivos ambientais nas unidades de produção agropecuária.
Queremos criar uma interlocução com empresas do setor de florestas plantadas madeireiras e não madeireiras, para explorar as necessidades, desafios e dores. Criando parcerias Público-Privadas, a fim de promover a cooperação entre o MAPA e o setor privado, atraindo investimentos visando fomentar as florestas plantadas (incluindo produtos não madeireiros) e ratificar a alocação de recursos financeiros das empresas interessadas em evidenciar sua preocupação com a pauta ESG do país.
Adicionalmente, as empresas patrocinadoras podem receber um “título verde” do governo, que torna público sua participação e fortalece sua imagem no mercado doméstico e internacional.
Consoante ao Relatório The State of the World's Forests 2022 (SOFO), da Food and Agriculture Organization of United Nation (FAO), existem três caminhos baseados na floresta: deter o desmatamento e manter as florestas; restaurar terras degradadas e fomentar a expansão da agrofloresta; e o uso sustentável de florestas construindo cadeias de valor verdes.
Estamos no caminho para haver harmonia e alcance do uso sustentável e construção de cadeias que produzam e conservem.