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Edmilson Bitti Loureiro

Gerente de P&D da Suzano

OpCP70

Monitoramento de pragas e doenças
Com a sinergia de diferentes ferramentas de monitoramento associada a novas tecnologias, é possível conter os avanços de pragas e doenças, facilitando a tomada de decisão e contribuindo para a manutenção da produtividade dos plantios de eucalipto. 
 
Com a globalização, a expansão da base florestal no Brasil, associada às mudanças climáticas, estamos cada vez mais expostos ao ataque de pragas e doenças. Nos últimos 20 anos, foram introduzidas mais de cinco novas pragas do eucalipto no território brasileiro. Como as pragas não respeitam fronteiras, o compromisso de controle deve ser de todo o setor florestal, sendo fundamental a adoção de estratégias que contemplem a realização de monitoramento de campo em tempo real, por meio de vistorias terrestres, equipamentos embarcados, drones, imagens de satélite, vídeos em torres de observação, dentre outras, para mitigação desse risco iminente.

Você não gerência o que não conhece. Assim, o monitoramento florestal deve ser utilizado como uma ferramenta de gestão para garantir a produtividade dos plantios frente ao ataque de pragas e doenças, permitindo mapear áreas de hotspot e planejar o controle biológico com a liberação de inimigos naturais.

Algumas estratégias de monitoramento de pragas e doenças: 

Monitoramento terrestre de formigas cortadeiras: Por ser a principal praga florestal do Brasil, o monitoramento de formigas cortadeiras se consolidou como um case de sucesso, sendo pioneiro na estratégia de manejo integrado de pragas. Implantado há mais de 40 anos para viabilizar a aplicação do porta-isca (recipiente para proteger a isca formicida até que seja consumida pelas formigas), o monitoramento se tornou a principal ferramenta no manejo das formigas cortadeiras, garantindo otimização de recursos e proteção dos plantios de eucalipto, sendo utilizado pela maioria das empresas florestais.

Mesmo em regiões com histórico de baixa ocorrência, é possível haver perdas significativas de produtividade causadas pelo ataque das formigas, se não manejadas adequadamente. Em função do histórico de danos severos, como retrata a frase dos anos 1930? “ou o Brasil acaba com a formiga ou a formiga acaba com o Brasil”?, ainda hoje é comum a prática do controle anual. Contudo, com as informações obtidas a partir da realização do monitoramento, é possível ficar um, dois ou até três anos sem intervir; por outro lado, uma intervenção anual pode não ser suficiente, sendo necessário adotar medidas adicionais. Dessa maneira, é possível otimizar recursos e tomar ações de controle mais assertivas.
 
Monitoramento por armadilhas: O uso de armadilhas adesivas amarelas permite a detecção de pragas e inimigos naturais. Quando instaladas e recolhidas mensalmente, se configuram como uma boa ferramenta na detecção, além de auxiliar no mapeamento de áreas hotspot que poderão ser utilizadas no manejo de pragas, na priorização das vistorias e controles preventivos.

Sensoriamento remoto na detecção de pragas e doenças: Com o avanço nas tecnologias de imagens de satélite, o monitoramento orbital tornou-se uma importante estratégia para enfrentar esses desafios. 

Os danos causados por pragas e doenças apresentam, em sua grande maioria, um sintoma único comum: perda de área foliar. Assim, seria interessante monitorar o Índice de Área Foliar (IAF), que mede, de maneira precisa, a densidade de folhas de uma árvore, sendo um importante indicativo da qualidade florestal. O acompanhamento periódico do IAF em 100% das áreas produtivas com idade acima de um ano permite a detecção de mudanças na cobertura superior da floresta, indicando a adoção de medidas interventivas, como a priorização das vistorias terrestres.

As áreas com baixo índice de área foliar deverão ser confirmadas por validações de campo, que poderão ser utilizadas também para aperfeiçoamento e calibração da ferramenta para diferentes condições e ambientes florestais. Vale destacar que não existe uma única regra aplicável de forma automática para todo o setor florestal. Além do monitoramento orbital, o uso de drones vem sendo cada vez mais aplicado na confirmação dos eventos e delimitação da área afetada, podendo, inclusive, ser utilizado no manejo de pragas e doenças com a aplicação de defensivos ou até mesmo na liberação de inimigos naturais.   

Frequência das vistorias e Gestão de indicadores:
Acreditamos que uma vistoria trimestral seja suficiente para detectar a maioria das pragas ainda em surtos iniciais, porém, a partir da detecção a frequência das visitas, deve-se levar em consideração o ciclo da praga e doenças, assim como a idade dos plantios, para evitar perdas significativas e dispersão das pragas e doenças. 

Além da coleta dos dados, é necessário criar uma rotina de análise das informações com acompanhamento de indicadores e gestão do seu ativo florestal em relação a pragas e doenças. Além da decisão do dia a dia, é fundamental olhar para os dados históricos e trabalhar nas lições aprendidas, para evitar perdas na produtividade dos plantios. 
 
Sinergia dos monitoramentos com o primeiro combate a incêndio:
A integração das atividades de monitoramento florestal com o primeiro combate aos incêndios florestais pode ser uma boa alternativa na estratégia da proteção florestal para detecção precoce e acompanhamento dos surtos, com otimização dos recursos. Dessa forma, com a mesma estrutura, aumenta-se a capacidade de combate e de realização de levantamentos específicos referentes ao manejo de pragas e doenças, garantindo rondas periódicas, ou de acordo com o ciclo de cada praga. 

Programas cooperativos e interface com instituições de pesquisa: 
Assim como nos incêndios florestais, o trabalho cooperativo deve ser incentivado. Para pragas e doenças, não existem fronteiras, e o trabalho cooperativo deve ser estimulado pelo setor para mitigar o risco de dispersão e ataque às florestas plantadas, de maneira efetiva e estruturada. 
 
As empresas também precisam estar atualizadas em relação às estratégias de monitoramento e controle, sendo fundamental manterem parcerias com instituições de pesquisa.