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Renan Gilberto da Silva Carvalho e Jansen Barrozo Fernandes

Supervisor de Silvicultura e Gerente de Operações Florestais de Três Lagoas-MS da Suzano, respectivamente

OpCP70

Um avançado sistema de combate
A produção silvicultural de florestas plantadas tem o seu máximo potencial produtivo expresso mediante situações bióticas e abióticas ótimas. Há aspectos dessa cadeia não totalmente manejáveis, sobretudo as diversas características climáticas. Ao avaliarmos os fatores manejáveis, nos deparamos com condições que podem limitar o atingimento da chamada produtividade atingível do povoamento florestal. 
 
Esses fatores envolvem o manejo tecnológico da floresta, ou seja, a adoção das mais adequadas recomendações técnicas de manejo e de alocação de material genético para cada situação edafoclimática, bem como a qualidade de execução dessas recomendações. Uma vez garantida a eficácia de tais fatores, o sucesso para florestas de alta performance ainda não está garantido. É preciso zelar pela proteção florestal, contra fatores que podem limitar, de forma significativa, a oferta de madeira futura, como a ocorrência de pragas e doenças e de incêndios florestais.

A prevenção, o monitoramento e o combate a incêndios florestais sempre tiveram um importante destaque na agenda dos gestores de ativos florestais. Além de um prejuízo financeiro imediato, a redução da oferta de madeira futura gera impactos financeiros que podem ser mensurados também em um horizonte maior, ao ser necessária a substituição dessa fonte de matéria-prima.

Podemos citar, adicionalmente, impactos mensuráveis, que também possuem relevante espaço na agenda dos gestores, relacionados às práticas de ESG. É crescente a preocupação de consumidores, clientes e de diversos agentes da sociedade quanto aos impactos ambientais decorrentes dos incêndios florestais, o que pode trazer, inclusive, reações relacionadas à marca do empreendimento.  

Contextualizada a relevância do tema e sua clara conexão com a estratégia do negócio, a gestão da prevenção de incêndios florestais merece adequado destaque no planejamento e na organização das atividades. E, na Suzano, não é diferente: tendo como direcionador a cultura de que só é bom para nós se for bom para o mundo, o processo de gestão do tema em toda a companhia busca garantir as melhores práticas de manejo com foco na preservação do meio ambiente e na proteção das comunidades no entorno de suas operações.

Para garantir o sucesso dessa pauta, a experiência da companhia baseia-se em três grandes pilares: a adoção de tecnologias para garantia dos melhores recursos para monitoramento e combate aos incêndios, a gestão do tema como um processo produtivo e o fortalecimento regional de parcerias com instituições públicas e privadas.  

Para o primeiro pilar, a Suzano investe de forma significativa na adoção de tecnologias já consolidadas para o setor e continua aportando recursos no desenvolvimento de novas soluções. 

Operamos em todos os nossos sites florestais com câmeras de monitoramento que nos auxiliam na detecção das ocorrências. Contamos com 129 torres equipadas com câmeras no Brasil, sendo que, no estado do MS, há atualmente 21 delas, com plano de expansão para 30 torres em 2023. Tais estruturas são equipadas com câmeras de alta resolução, que monitoram um raio médio de 15 km com cobertura de 360°; algumas também possuem repetidoras que auxiliam na comunicação via rádio em nossa base. 

Toda essa estrutura está ligada a centrais CFTV’s, sigla dada aos circuitos fechados de TV, com um sistema  de monitoramento interno, no qual é possível um acompanhamento da floresta 24 horas por dia, alertando para possíveis ocorrências, com máxima agilidade. Uma vez detectada qualquer situação, dá-se sequência a um protocolo já estabelecido de acionamento das equipes de resposta imediata para verificação, validação e dimensionamento da estrutura necessária, que pode variar de caminhões-pipa contendo LGE (Líquido gerador de espuma), equipes manuais, máquinas de grande porte e, em última instância, o uso de aeronaves. 

Temos testado, mais recentemente, tecnologias de identificação precoce de focos, por exemplo, com o uso de imagens de satélites. Tecnologias assim surgem como alternativa para médios e pequenos produtores e para bases florestais em expansão, situações nas quais existem certas limitações para organização de uma estrutura do porte de um CFTV. Entretanto é necessário, ainda, uma grande evolução dessas soluções para garantia de melhores assertividades de detecção e diminuição do tempo de resposta dos eventos, fator primordial para o sucesso de um efetivo combate. 
 
Não podemos deixar de citar a importância de uma rede de alertas por meio de vizinhos, comunidades e funcionários, grandes parceiros do processo. O segundo pilar baseia-se em gerir essas atividades como um processo produtivo qualquer, gerando-se indicadores, estabelecendo-se metas, medindo desempenho e avaliando sistematicamente melhorias contínuas. 

A Suzano organiza esse processo com gestores operacionais em cada site, os quais administram toda a estrutura e o processo localmente, com reporte matricial para uma célula corporativa, ligado à área de inteligência patrimonial, a qual desenvolve uma sistemática para compartilhamento das melhores práticas entre as diferentes regiões, a padronização de tarefas e indicadores e o desenvolvimento de novas tecnologias e ferramentas para gestão.
 
São gerenciados indicadores específicos, como mão de obra envolvida, tempo de resposta por município, tipo de área atingida, causa da ocorrência, tempo médio de deslocamento, tempo em combate, tempo médio de resposta, desembolso realizado, dentre outros, que são compartilhados e geridos para melhoria contínua. Treinamentos e capacitações constantes de brigadistas também são disciplinas obrigatórias, a fim de preparar ao máximo as equipes para as situações reais de combate. Tais capacitações não se limitam somente ao time de silvicultura, mobilizando e engajando todo o time operacional dos demais processos para atuação, uma vez que seja necessária a intervenção, garantindo que ela aconteça com o máximo de eficiência e segurança.

O terceiro pilar, de perspectiva mais institucional, busca fortalecer regionalmente alianças entre diferentes agentes contra um inimigo em comum. Os benefícios são múltiplos, as possibilidades de sinergias são diversas: a composição de equipes multidisciplinares tende a construir planejamentos mais robustos, a possibilitar comunicações mais abrangentes e, portanto, eficazes e, até mesmo, na divisão de certas despesas que possam vir a ser necessárias para maiores investimentos em períodos mais críticos. 

Na Suzano MS, nosso “ecossistema” de prevenção de incêndios é liderado pela Associação Sul-Matogrossense de produtores e consumidores de florestas plantadas (Reflore), que, por meio de sua direção, configura-se um importante agente mediador e facilitador nas interlocuções com o poder público, o que possibilita a criação de importantes parcerias e agendas. Atua também como um agente agregador entre os diferentes players regionais, agindo como um catalisador para a promoção de parcerias no compartilhamento de recursos e redes de monitoramento entre seus associados. 

Tal qual as ameaças de pragas e doenças, os incêndios florestais também não respeitam “cercas” de divisas entre diferentes produtores. O apoio mútuo, o compartilhamento de informações e experiências e o fortalecimento de alianças regionais são aspectos de extrema importância para o sucesso desse tema. 

Essa formação cooperativa com objetivo comum traz ainda, como benefícios, um importante posicionamento setorial à sociedade, externalizando toda a robustez e a profissionalização que temos na preservação dos recursos naturais. 

Pontos-chave, como conectividade e novas tecnologias, precisam estar sempre no radar, para que possamos acompanhar o dinamismo das mudanças, sem perder a eficiência e a performance. Soluções como internet 5G, telefonia móvel, rádio digital e telefonia satelital precisam estar cada vez mais acessíveis e com baixo custo.