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Fabrício Gomes Oliveira Sebok e Natalia da Cunha Bevilaqua

Gerente de P&D para Floresta Global e Gerente de Desenvolvimento Inicial, da Envu, respectivamente

OpCP75

Os avanços no manejo silvicultural
A gestão eficiente do controle de plantas daninhas em florestas plantadas é essencial para garantir altas produtividades e a qualidade da matéria-prima gerada. Essas plantas competem intensamente por recursos ambientais, como água, luz e nutrientes, podendo resultar em reduções significativas na produção e interferir nas operações silviculturais e de colheita. Além disso, sua presença pode facilitar a disseminação de pragas, doenças e aumentar os riscos de incêndios florestais. 

Historicamente, o controle de plantas daninhas foi realizado predominantemente por métodos como o uso do fogo e técnicas manuais, demandando esforços consideráveis em termos de mão-de-obra e frequentemente apresentando resultados insatisfatórios. No entanto, com os avanços tecnológicos, métodos de controle integrado têm sido amplamente adotados, envolvendo medidas preventivas, culturais, mecânicas e químicas.

Diversos fatores são levados em consideração no momento de escolher os métodos de controle. Atualmente os herbicidas têm sido a opção mais utilizada por apresentarem controle mais efetivo das plantas daninhas, maior flexibilidade quanto à época de aplicação e maior rendimento operacional. Apesar dos ganhos potenciais no manejo, é indispensável encontrar um equilíbrio adequado entre as recomendações de produtos, doses, espécies a serem controladas, além do posicionamento e momento de aplicação. 

Nesse contexto, é crucial priorizar a busca por tecnologia de aplicação, o que inclui aprimoramentos em bicos de pulverização, sistemas de filtragem, estabilidade das barras de aplicação e toda tecnologia embarcada com recursos dos mais diversos. Além disso, com o uso de tecnologias como drones e sistemas de sensoriamento remoto é possível realizar a detecção precoce de infestações de plantas daninhas, permitindo uma resposta rápida e direcionada.

Outro desafio para a implantação de novos sistemas de manejo é a necessidade de especialização dos profissionais de silvicultura ligados à produção florestal. A parceria com universidades para a criação de cursos de especialização na área deve ser considerada como um caminho viável para impulsionar a competitividade do setor, promovendo o avanço de novos conceitos, tecnologias e conhecimentos no manejo de plantas daninhas na produção florestal brasileira. 

Um grande exemplo foi o desenvolvimento do cultivo mínimo para a cultura do eucalipto permitindo grandes avanços no manejo de plantas daninhas com herbicidas,  consolidando etapas como dessecação pré-plantio em área total, associação de herbicidas para controle amplo de plantas de folhas estreitas e largas, aplicação de pré-emergentes em área total.

Alcançar níveis elevados de produtividade representa uma das medidas essenciais nesse contexto, e o controle eficaz da matocompetição emerge como um elemento fundamental para esse propósito. A matocompetição, caracterizada pela identificação e eliminação das plantas daninhas que prejudicam ou inibem o desenvolvimento da cultura desejada, desempenha um papel crucial nesse processo. Reconhecendo a importância e o potencial econômico do setor de florestas plantadas, o desenvolvimento contínuo de novas moléculas e formulações contribui para a diversificação e o aprimoramento do manejo florestal.

A busca incessante por novas moléculas e produtos mais versáteis no controle de plantas daninhas, com seletividade para a cultura e amplo espectro de ação, explorando novos grupos químicos e adotando diferentes modos de ação, especialmente para promover o manejo integrado e superar a resistência, reflete uma abordagem proativa e inovadora. No entanto, é crucial reconhecer que o desenvolvimento de uma nova molécula é um processo gradual e dispendioso. Portanto, é imperativo explorar soluções existentes globalmente e adaptá-las às necessidades das florestas plantadas no Brasil, proporcionando uma estratégia mais eficiente e pragmática para enfrentar os desafios do manejo florestal.

Mudanças na legislação têm desempenhado um papel fundamental, impulsionando o  manejo de plantas daninhas na silvicultura. Recentemente, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) decidiu pela flexibilização e simplificação regulatória envolvendo o uso de aeronaves remotamente pilotadas em atividades agrícolas e florestais, regulamentando assim o uso dos drones para este fim. Essa medida visa dar mais consistência e qualidade às normas que regem o mercado, facilitando o entendimento da regulamentação por toda a sociedade e revogando regras obsoletas. Mesmo com essa simplificação regulatória, continua sendo necessário observar as normas estabelecidas por outros órgãos, como Anatel, Decea e Mapa. 

A simplificação regulatória representa um marco importante, impulsionando o uso cada vez maior na silvicultura de precisão e dos drones, permitindo aumento na flexibilidade das decisões para o manejo florestal. 

Nesse mesmo contexto,  no fim de 2023 foi sancionada uma lei que modifica as regras para aprovação e comercialização de agrotóxicos, reduzindo prazos e alterando competências. Essa lei revoga a legislação anterior sobre agrotóxicos e estabelece novos critérios para o registro de produtos com substâncias consideradas de risco. O benefício dessa modificação regulatória é agilizar o processo de registro e comercialização de agrotóxicos, reduzindo prazos e simplificando as regras. Isso pode facilitar a disponibilidade de novos produtos no mercado, permitindo uma resposta mais rápida às demandas dos produtores agrícolas. 

No entanto, é importante ressaltar que também existem preocupações quanto aos impactos dessas substâncias na saúde humana e no meio ambiente, levantando questões sobre a necessidade de um equilíbrio entre agilidade no processo regulatório e segurança.
Avanços significativos na biotecnologia, como a recente aprovação de um eucalipto geneticamente modificado, representam um avanço significativo na busca por soluções cada vez mais eficazes e sustentáveis no manejo florestal. Esse eucalipto, com características triplas de aumento de produtividade, tolerância a herbicidas e resistência a insetos, inicia uma nova etapa na silvicultura, com potencial para ressignificar todo o setor nos próximos anos.

A evolução da silvicultura testemunhou grandes mudanças no controle da matocompetição, refletindo um compromisso contínuo com a inovação e a sustentabilidade. Desde métodos tradicionais até abordagens integradas que empregam tecnologia de ponta, a busca por soluções eficazes para gerenciar plantas daninhas tem sido incessante. 

A introdução de novas moléculas e formulações, juntamente com melhorias na tecnologia de aplicação, possibilitou uma maior seletividade e eficácia no controle, minimizando os impactos adversos nas culturas desejadas. Além disso, a aprovação de eucaliptos geneticamente modificados, com características específicas de resistência a herbicidas e tolerância a insetos, representa um marco na busca por soluções cada vez mais eficazes e sustentáveis. A flexibilização regulatória e o uso crescente de tecnologias como drones na silvicultura de precisão também contribuíram para impulsionar o manejo florestal para novos patamares de eficiência e produtividade.

Diante desse cenário, a silvicultura contemporânea se posiciona como um campo dinâmico e inovador, onde a gestão da matocompetição desempenha um papel fundamental na promoção de florestas saudáveis e na garantia de um setor florestal sustentável no Brasil.