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Antonio Joaquim de Oliveira

Diretor Florestal da Duratex

Op-CP-13

O planejamento da logística como fator de sucesso nas atividades operacionais de colheita e transporte florestal

As empresas produzem madeira para sustentar os seus negócios, cada vez mais submetidos a uma competição acirrada neste mundo de economia globalizada. Nos dias de hoje, as operações florestais demandam versatilidade, confiabilidade, economia e bom desempenho. O freqüente monitoramento das produtividades dessas operações florestais, os fatores humanos, ergométricos e socioambientais permitem ter uma visão da realidade operacional.

Os custos são cada vez mais preocupantes, devido ao constante aumento dos insumos utilizados. O investimento no treinamento das pessoas é fator determinante para o bom desempenho das operações. Logística é a parcela do processo da cadeia de suprimentos que planeja, implanta e controla o fluxo eficiente e satisfatório de matérias-primas, estoque em processo, produtos acabados e informações relacionadas, desde o seu ponto de origem até o ponto de consumo, com o propósito de atender aos requisitos dos clientes.


Nas empresas, a utilização da logística e o reconhecimento de seu potencial para criar vantagens competitivas sobre os concorrentes são bem recentes. Na Duratex, a constante preocupação com a logística de suas operações florestais tem trazido bons frutos, permitindo uma integração e participação dos funcionários nos processos, aperfeiçoando os resultados, mantendo os custos sob controle e alavancando o crescimento da empresa.

Planejamento de operações: Para a gestão competente de qualquer empreendimento são necessárias ações que permitam dar rumo aos negócios, traçar objetivos e metas. O planejamento estratégico formula os objetivos para a seleção de programas de ação e para a sua execução, levando em conta as condições internas e externas à empresa e a sua evolução esperada. O planejamento gerencial permite perceber a realidade, avaliar os caminhos, construir um referencial futuro, estruturar os trâmites adequados e reavaliar todo o processo produtivo, sendo, portanto o lado racional da ação.

Na aquisição de áreas para estabelecimento de novos plantios são considerados diversos fatores, que influenciam nos custos de implantação e manutenção e também nos futuros custos de colheita e transporte. Procura-se adquirir áreas que estejam situadas em até 100 km de distância das indústrias, com solos adequados para o cultivo do eucalipto, topografia plana a ondulada, com bom aproveitamento para o plantio e que tenham as áreas de conservação adequadas.

Infra-estrutura: A rede viária, cuja finalidade é atender às necessidades de transporte de cargas e serviços, como também às atividades de prevenção e combate a incêndios, obedece a um procedimento de construção e manutenção de estradas, onde os aspectos ambientais, sociais e técnicos são contemplados. As estradas são classificadas quanto à sua intensidade de uso, como principais, secundárias e aceiros.


No preparo de solo de novas áreas, são considerados os seguintes fatores para o plantio da nova área: o sentido de plantio, o tipo de preparo, os aspectos técnico-econômicos e as limitações ambientais. O espaçamento de plantio é baseado em estudos técnicos, que garantem a maior produtividade por hectare. São utilizadas mudas clonais (95%), de alta qualidade, garantindo um desenvolvimento adequado em campo. Os plantios são feitos no sistema de cultivo mínimo, que mantém os resíduos florestais na área, prevenindo a ocorrência de erosão e atenuando a pressão das máquinas florestais sobre o solo.

Manutenção mecânica: Elo indispensável na cadeia produtiva bem estruturada, a manutenção mecânica dá atendimento a todas as operações, 24 horas por dia, 6 dias por semana. Para manter as máquinas em operação, são realizadas manutenções corretiva, preventiva, preditiva e de melhorias. Os atendimentos são realizados, na sua grande maioria, nas frentes de trabalho, logo existe uma estrutura de apoio operacional, com caminhões oficina, veículos de apoio, de abastecimento e trailer de estoque de peças em campo e caminhões pranchas, o que permite um pronto atendimento das ocorrências nas frentes de operação.  

O suprimento de materiais e peças de reposição é alvo de preocupação das empresas, devido à complexidade de sua gestão. A sua falta reduz o tempo disponível para a operação dos equipamentos, perda de eficiência da mão-de-obra especializada da manutenção e traz grande carga de trabalho para as pessoas envolvidas em compras.
A Duratex possui uma estrutura de compra corporativa, utiliza as áreas de compras existentes nas unidades industriais e mantém o seu estoque próprio, dimensionado junto com as áreas operacionais. Os trailers de peças nas frentes de trabalho mantêm a quantidade de itens indispensáveis para uma operação adequada.

Colheita Florestal: A colheita é mecanizada, o que permite manter custos compatíveis, proporciona consideráveis reduções do uso de mão-de-obra em prazos relativamente curtos, aumenta a produtividade e a humanização do trabalho florestal, melhora a qualidade do produto final, podendo ainda reduzir os impactos ambientais.

A escolha das máquinas requer uma série de medidas para que as produtividades planejadas possam ser atingidas. A seleção de novas máquinas exige ensaios preliminares. Dentre os parâmetros para os quais as empresas procuram respostas durante esses testes estão: disponibilidade mecânica, reposição de peças, garantias, detalhes de funcionamento, facilidade de realização de manutenções, segurança e conforto do operador, produtividade e custos operacionais.


Há outros fatores muito importantes, que devem estudados para a correta definição dos equipamentos a serem adquiridos. A topografia da área, o tipo de solo, a rede viária, o tamanho dos talhões, a distância de baldeio ou arraste, o comprimento da madeira, a idade de corte e o seu uso. Na Duratex, o sistema de colheita utilizado é o de toras de 6m (cut-to-length), principal sistema de colheita de madeira, utilizado nos países escandinavos e o mais antigo empregado no Brasil.

É caracterizado pela realização de todos os trabalhos complementares ao corte (desgalhamento, destopo, toragem ou traçamento e descascamento), no próprio local onde a árvore foi derrubada. Todas as operações estão baseadas em um planejamento operacional, onde são designadas as áreas que serão trabalhadas, em qual época do ano, em função, principalmente, das condições de topografia e solo.


As operações de carga e transporte são terceirizadas. A decisão sobre ter frota própria ou utilizar ativos de terceiros é importante e estratégica. Na tomada de decisão para a utilização de terceiros, torna-se necessário estabelecer critérios para a seleção de transportadores.

As principais variáveis utilizadas na seleção dos prestadores de serviços de transporte são: confiabilidade, preço, flexibilidade operacional, flexibilidade comercial, saúde financeira, qualidade do pessoal operacional e informações de desempenho, e comprometimento com as políticas de qualidade.
As principais composições de transporte utilizadas na Duratex são: Bitrens com 57 toneladas de PBTC, Timber Hauler e Tritens com 74 toneladas de PBTC.

Cada uma das composições possui características específicas de utilização, em função da qualidade de pista, rampas, raio de curva e capacidade de suporte das obras de arte.
No recebimento da madeira nos pátios, principalmente da madeira longa, foram necessários grandes investimentos. Equipamentos de grande porte, ágeis e de grande produtividade são utilizados no descarregamento, tornando a operação rápida e eficiente.

O trabalho da colheita florestal é considerado um dos mais pesados dentre os das demais atividades industriais brasileiras. Os primeiros estudos em ergonomia florestal no Brasil datam de 1978, com o lançamento do livro de Hudson Couto, “Fisiologia do trabalho aplicada”, que tratava de uma maneira tímida a questão da ergonomia nas operações florestais. A antropometria e a biomecânica aplicada são ciências que vieram contribuir para o desenvolvimento de máquinas e equipamentos adequados para o uso humano.

Treinamento de Pessoal: Ter equipamen-tos sofisticados, de alta tecnologia, com alta produtividade não basta. São necessários operadores bem treinados e motivados para a execução de suas tarefas. A formação do bom operador começa na seleção, onde o funcionário precisa preencher requisitos básicos de formação, habilidade motora e capacidade de aprender. Os treinamentos são nas áreas de manutenção básica, elétrica, eletrônica, hidráulica, detecção de falhas.

Os operadores são capazes de realizar interferências mecânicas nos equipamentos (operadores mantenedores) e são treinados para operar os diferentes tipos de máquinas (polivalentes).

Utilizamos o sistema On-the-job training, onde o operador aprende fazendo, no próprio local de trabalho, técnica que tem se mostrado bastante eficaz no ensino e aprendizado de uma tarefa.
Os conceitos dos programas 5 Esses e Manutenção Produtiva Total têm trazido ganhos para a operação. Os operadores sentem-se motivados no trabalho.

O projeto Kaizen (melhoria contínua) alavanca as melhorias nas máquinas, equipamentos e sistemas, premiando as boas idéias e soluções apresentadas pelos operadores para melhorar o desempenho, segurança dos sistemas e equipamentos.
A segurança do trabalho é levada a sério, iniciando já nos treinamentos os desenvolvimentos de atitudes preventivas aos riscos, avaliando a segurança dos empregados por meio de índices, como número de acidentes e gravidade. Sustentabilidade: A preocupação com o meio ambiente é obrigatória nas operações.

Aqui, abordamos a interferência do homem e o seu trabalho no meio ambiente. O desenvolvimento de processos e produtos ambientalmente mais corretos oferece rara oportunidade de colocar em prática convicções e valores no trabalho. As certificações Forest Stweardship Council - FSC, e ISO 14.001 atestam que as operações são realizadas de forma ambientalmente correta, economicamente viável e socialmente justa.

A prática do controle das operações de colheita é que vai garantir a qualidade das informações. Para se realizar o controle, são eleitos os itens a serem verificados, que são as características mensuráveis que nos permitirão formar os custos das diversas operações. Os custos dos produtos e serviços devem ser os menores possíveis para que sejam competitivos, sem, portanto, comprometer o atendimento aos outros itens da matriz da qualidade, como custo/hora-máquina baixo, sem comprometimento da saúde ou da segurança do operador. Para que os custos sejam baixos, é preciso que se reduzam os desperdícios de materiais, produtos e tempos. Na Duratex, toda a dinâmica operacional está sustentada por eficiente controle operacional e de custos. Todos os gestores na cadeira produtiva recebem informações de custos e produtividades, que lhes permitem, a todo tempo, tomar decisões, mudar de rumo, buscar atingir as metas estabelecidas, mantendo os resultados competitivos da empresa. Para o sucesso de uma operação florestal, o planejamento, a logística de atendimento, a seleção e treinamento dos funcionários e o controle de custos eficiente garantem resultados lucrativos, com sustentabilidade em longo prazo.