Um caminho natural para capitalizar os resultados dos trabalhos das áreas de pesquisa e da área operacional, de forma mais rápida e abrangente, é fazer com que exista um elevado nível de aderência entre aquilo que a área de pesquisa recomenda (via recomendações técnicas e procedimentos operacionais) e o modo como as recomendações são efetivamente realizadas pela área operacional.
Sendo a gestão da qualidade a principal mediadora entre a área técnica (pesquisa) e a área operacional, seu papel é fundamental para garantir essa aderência, permitindo, desse modo, a transformação de conhecimento em valor para a empresa. Esse valor é materializado em ganhos de produtividade e em redução de custos de produção, resultantes da performance satisfatória de processos realizados com elevados padrões de qualidade.
A realização de atividades inerentes a qualquer processo produtivo deve atender às especificações definidas nas recomendações técnicas e nos procedimentos operacionais. Esse é um pré-requisito para garantir o desempenho do processo dentro de padrões competitivos e sustentáveis. Para que isso aconteça de fato, é fundamental uma efetiva gestão da qualidade das etapas críticas do processo em questão, garantindo que os produtos resultantes atendam aos critérios de qualidade intrínseca, de custo, de prazo, de segurança e de moral especificados para as atividades monitoradas.
A princípio, pode parecer trivial, uma vez que diversas ferramentas do sistema de qualidade já são amplamente utilizadas no setor florestal há bastante tempo. Entretanto, para que o sistema da qualidade seja realmente eficiente e não seja apenas de caráter figurativo, existem vários desafios a serem superados pelos profissionais responsáveis pela condução da gestão da qualidade dentro das empresas. Dentre eles, podemos citar os seguintes:
1. Definir realmente quais etapas e quais indicadores (itens de controle e itens de verificação) devem ser monitorados. Recursos devem ser direcionados somente para as etapas e indicadores críticos do processo. Não é possível monitorar tudo, e não agrega em nada monitorar etapas e indicadores que não são críticos. Ajustes devem ser feitos tanto na frequência como na intensidade dos monitoramentos, de acordo com a criticidade da atividade. É importante observar que o ranking de criticidade pode mudar com o tempo.
2. Fazer com que haja o entendimento, por parte de todos os envolvidos, de que o monitoramento é somente um dos meios e não o fim principal de um sistema de gestão da qualidade. Ou seja, é mais importante saber como analisar e tratar as tendências de eventuais desvios apontados no monitoramento do que somente medir e apontar eventuais não conformidades.
3. Separar problemas de não atendimentos às especificações de problema de capacidade do processo. Algumas vezes, os resultados podem estar mostrando não um problema com a performance da atividade, e sim que a capacidade de determinado processo foi superestimada. Nessas situações, espera-se determinado nível de performance, mas não acontece a disponibilização de recursos compatíveis para que o processo seja estruturado de modo a ter capacidade de entregar o nível resultado desejado.
4. Utilizar os resultados para contribuir para a definição de quais ações devem ser priorizadas para os investimentos de melhoria de processos. Um bom diagnóstico do desempenho das atividades é essencial para indicar aquelas que estão precisando de mais suporte em determinado momento.
5. Criar meios para agilizar o diagnóstico da performance das atividades monitoradas, assim com a divulgação dos resultados para todas as partes interessadas, dando abrangência para todas as regiões da empresa. Quanto mais rápido soubermos que alguma atividade precisa de suporte, mais rápido poderemos direcionar recursos para prestar esse apoio.
6. Reconhecer equipes e pessoas comprometidas e dedicadas com a busca de padrões de excelência. Sempre há muito o que aprender com eles. O exemplo dessas equipes pode servir de motivação para outras.
7. Compartilhar e envolver a alta direção na gestão dos indicadores de qualidade dos processos. Esse passo é essencial para fortalecer a qualidade como um valor a ser cultivado dentro da cultura da empresa.
Se quisermos realmente realizar uma efetiva gestão da qualidade do processo de produção de madeira, os sete desafios abordados acima devem ser muito bem trabalhados pelos gestores responsáveis. Um trabalho que é de natureza permanente e com resultados de médio e de longo prazo, mas extremamente necessário para a garantia da manutenção da competitividade das empresas do setor.