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Sinval Barbosa Teixeira e Samantha Nazaré de Paiva

Diretor e Coordenadora do curso de Agronegócio do Centro Estadual de Educação Profissional Florestal e Agrícola de Ortigueira

OpCP64

Os desafios na formação dos profissionais do futuro
O setor florestal é responsável por grande parte do incremento de empregos no Brasil. Entretanto a expansão desse setor deve estar em consonância com a capacitação de pessoas para que possam ocupar os novos postos de trabalho. Sabemos que é inerente ao setor florestal a presença em locais afastados, o que não implica a ausência de tecnologia, tampouco a facilidade de mão de obra. Muito pelo contrário, equipamentos cada vez mais modernos, associados a inovações tecnológicas, enriquecem outros importantes elementos presentes nas regiões onde estão instalados e até coloca na berlinda o estereótipo do “homem do campo” sobre o qual tanto já ouvimos falar. 
 
Claro que estamos vivendo um momento de desafio para estudantes e professores, que, em função da pandemia, tiveram que se adaptar rapidamente. Um novo contexto foi traçado, e as atividades presenciais foram substituídas por aulas remotas, com a utilização de novas metodologias de ensino e necessidade de apoio de tecnologias que permitam ao aluno continuar seu processo de aprendizado. Essas mudanças proporcionaram uma série de desafios e também oportunidades. As parcerias com empresas apresentam-se otimizadas, em busca da didática que a sala de aula restringiu.

Dessa forma, a prática de professores-instrutores com bagagem é um fator essencial para a formação do “profissional da floresta”. Esses professores devem ser capazes de estimular a busca contínua pela atualização e inovação de tecnologias, além de desmitificar requisitos como ambiente de trabalho restrito, rotina, insegurança e insalubridade. Mesmo no contexto remoto, é possível identificar profissionais competentes e com vasto repertório para contribuir para a qualificação dos estudantes. Um profissional que se destaca é aquele que tem capacidade de trabalhar em equipe, manter-se atualizado e alinhado com a cultura organizacional.

Nem sempre é necessário ir muito longe para se realizar profissionalmente. Quando é possível aliar vontade de se desenvolver e desenvolver o seu entorno estando próximo da sua região de origem e se identificando com ela, melhor ainda. Estudar perto de casa também permite que o conhecimento seja ampliado e permaneça vivo na comunidade e, principalmente, possibilite que a comunidade veja, na prática, os multibenefícios vindos do manejo florestal, sempre tão citado em processos de certificação.

Diferentes estratégias são adaptadas para cada cultura, entretanto o objetivo deve ser o mesmo – conciliar questões sociais a questões econômicas, mantendo um ambiente saudável para todos. E isso também inclui a participação e a presença de pequenas e médias empresas florestais. Realmente aquele “homem” do campo, hoje não se traduz em gênero, mas, sim, em oportunidade de aprendizado para o indivíduo que tenha, como visão, a possibilidade de acreditar que a qualificação, o senso de pertencimento e o entusiasmo são as chaves para uma carreira promissora. É a possibilidade de quebrar preconceitos e maximizar os benefícios dessa escolha, além, é claro, de se diferenciar no mercado.
 
A maioria das empresas florestais utilizam máquinas modernas e de elevada tecnologia na execução de suas operações, durante todo o manejo florestal. Assim, é necessária a seleção de profissionais com um perfil adequado ao cargo e também que reconheça suas capacidades e talentos individuais para, então, se autoidentificarem como um profissional pronto para o desafio.

O Centro Estadual de Educação Profissional e Agrícola de Ortigueira
A Escola Técnica de Ortigueira é o resultado da realização de sonhos. Inaugurada em 2020, o centro de educação profissionalizante foi constituído com base em uma parceria entre a Klabin, o Governo do Estado do Paraná e a Prefeitura Municipal de Ortigueira, para implementar uma instituição nos moldes de ensino europeu, principalmente dos países escandinavos, que são destaques mundiais da indústria de base florestal.
 
A escola tem o objetivo de tornar-se referência de ensino em todo o setor agroflorestal e de mecânica de máquinas pesadas. É uma aspiração que contamina toda a equipe e os alunos que já estão nessa trilha de aprendizado – e que serão exemplos para os demais. 
 
Toda realização começa com um sonho, uma ideia, uma conversa. E, como diria o saudoso, irreverente e criativo Raul Seixas, "sonho que se sonha junto é realidade". E é exatamente  assim que se inicia esse projeto, que, ao longo do tempo, ganhou robustez, muito planejamento e mais ação.  Afinal de contas, a concretização desses sonhos depende de planos e objetivos bem estruturados. E foi assim que Ortigueira e a região reforçaram ainda mais sua projeção no âmbito estadual e nacional de educação, reforçando sua vocação florestal e agrícola e agradecendo aos idealizadores, parceiros e todos aqueles que investiram tempo e acreditaram na mudança positiva que vem sendo construída a cada dia.
 
A escola tem capacidade para atender até 800 alunos. Mas, como é comum dizer na ambiência dos treinamentos, a “curva de aprendizado” é essencial para o sucesso, e, por isso, iniciamos com três cursos profissionalizantes:

Os cursos destacados acima são oferecidos em duas modalidades: integral, concomitante com o ensino médio, e subsequente, ou seja, quando o aluno já tem o ensino médio e faz a formação técnica. Cerca de 300 vagas podem ser disponibilizadas em regime de internato e semi-internato, possibilitando o ingresso de estudantes de diferentes regiões do País.
 
Os cursos técnicos de operadores florestais e mecânico de máquinas pesadas terão como foco a formação de profissionais diferenciados para atuarem no mercado de trabalho de todo o País. O objetivo é muito maior que a formação de operadores de máquinas e mecânicos. Vamos formar profissionais técnicos na área de atuação, com visão ampla de todas as atividades florestais e de mecânica, ou seja, aquele profissional que planeja, organiza, antecipa e previne os desvios que podem comprometer a operação e a manutenção dos equipamentos florestais. 

Já o curso técnico em agronegócio tem como objetivo incentivar os jovens a fortalecerem a aptidão da região, através de ações de transformação. Afinal de contas, esse é um profissional que tem como foco aplicar técnicas de gestão e comercialização para o controle das atividades do negócio rural. Inovação, criatividade e consciência ambiental para garantir produção com qualidade e sustentabilidade.

O aprendizado proposto consiste na utilização de diferentes ferramentas didáticas, abusando da criatividade e de um dinâmico ambiente escolar. E quem diria que iria ser colocado em prática já logo no início? Se tivéssemos planejado aulas a distância, provavelmente não teríamos iniciado, mas, como foi afirmado no início, desafios e inovação são essenciais para o trabalho na área florestal – e os profissionais do futuro estão aprendendo, na prática, com experientes professores, que o aprendizado é e deve ser, sim, contínuo.