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Vanderlei Madruga

Diretor Geral da Bahia Pulp

Op-CP-08

O mercado brasileiro no cenário mundial de celulose

O Brasil possui, atualmente, 477 milhões de hectares de florestas naturais. Trata-se da segunda maior área florestal do planeta. Deste total, 2,6 milhões de hectares são recuperados e preservados pelas empresas de celulose e papel, excedendo o disposto pela legislação ambiental brasileira, o que demonstra a preocupação do setor com o meio ambiente.

Cada vez mais, as empresas estão ampliando suas bases florestais, mantendo áreas de preservação permanente (mata nativa) e de reserva legal, manejadas de forma integrada, para garantir a sustentabilidade ambiental e econômica dos negócios. Quanto maior a disponibilidade de madeira para as empresas produzirem celulose, melhor o desenvolvimento da região onde a companhia está alocada.

O mercado de celulose no Brasil demonstrou grande desenvoltura em um curto espaço de tempo, em comparação com o restante do cenário mundial. Em 2006, de acordo com dados do governo federal, as exportações atingiram a marca de US$ 8,6 bilhões, com o uso de apenas 10 milhões de hectares de florestas (incluindo plantações e áreas de manejo florestal). Para 2007, a meta é aumentar as negociações em mais de 8%, com base nos resultados de 2006.

Os principais mercados para exportação da celulose brasileira foram a Europa, com 49%, Ásia, 30% e América do Norte, 19%. No segmento de papel, os principais mercados foram: América Latina, com 55% da exportação, seguida por Europa, América do Norte, Ásia e África. Esses números ilustram bem o bom momento que a indústria de celulose brasileira passa.

O mesmo ocorre em outros países do hemisfério sul. Além do clima e do solo serem mais propícios ao cultivo de eucaliptos do que no hemisfério norte, a excelência da tecnologia aplicada garante sucesso aos procedimentos e é reconhecida internacionalmente. Abaixo do Equador, há também uma grande área que pode ser aproveitada para o plantio.

Outra grande diferença é que, no hemisfério sul, o eucalipto demora sete anos para atingir a fase adulta, pronta para o corte, enquanto que, no hemisfério norte, isso não ocorre em menos de 40 anos. Todas as características citadas foram decisivas para impulsionar um forte movimento de transferência das fábricas responsáveis pela produção de celulose do hemisfério norte, para o sul.

Essa migração teve um crescimento acentuado nos últimos quatro anos. O Brasil tem grande destaque, devido à sua competitividade no cenário mundial. Um estudo divulgado por institutos internacionais apontou que nosso país avançou uma posição na produção de celulose em 2006, chegando à sexta posição. O Brasil é o maior produtor e principal exportador de celulose de eucalipto no mundo.

Desde 1990, a produção brasileira de celulose de fibra curta de mercado passou de 1,4 para 7,7 milhões de toneladas por ano, superando a produção dos Estados Unidos. A indústria brasileira de celulose produziu, em 2006, mais de 11 milhões de toneladas, o que representou um aumento de 7,6% em comparação com o ano anterior. Para 2007, a expectativa para o segmento de celulose é de crescimento de 5,5% na produção.

No setor florestal brasileiro existem, atualmente, 220 empresas localizadas em 450 municípios e 16 estados. Destas, 35 empresas são exportadores da matéria-prima. O setor de celulose e papel emprega mais de 100 mil pessoas e tem uma participação de 1,2% no PIB, Produto Interno Bruto. A base florestal do setor é de quase dois milhões hectares de florestas de eucaliptos e pinus.

Neles, são aplicadas as mais modernas tecnologias para aprimorar os métodos e, assim, aumentar a qualidade do produto final. A celulose cria possibilidades para o surgimento de novos tipos de produto, como a celulose solúvel. Essa matéria-prima é usada para a produção de viscose, filamentos para carros e aeronaves, têxteis, alimentos, produtos farmacêuticos e químicos, cosméticos, acetato e outros.

A celulose solúvel, produzida na América Latina, com exclusividade pela Bahia Pulp, localizada em Camaçari, na Bahia, atualmente tem como principal destino os produtores de viscose. A empresa já conquistou mercados exigentes, como os da Alemanha, Áustria, Inglaterra e EUA. Cerca de 75% do volume fabricado é exportado.

A novidade da Bahia Pulp para 2008 será uma celulose solúvel, com um nível maior de pureza, que será usada na indústria alimentícia (capa da salsicha, espessante de sorvete), filtro de cigarros, indústria farmacêutica (cápsula de remédios), filme de LCD para computadores e até em pneus de avião e de alta performance para carros. Com esse material, será possível entrar em mercados tradicionalmente conservadores, como Estados Unidos, Alemanha, Japão, China, Inglaterra e França.

Produtores de celulose estão aproveitando o momento favorável para expandir a produção no mercado brasileiro, como é o caso da Bahia Pulp, que está investindo US$ 400 milhões de dólares na ampliação da fábrica de celulose. O valor está inserido no programa de investimento do setor, que prevê, entre 2003 e 2012, a injeção de US$ 14,4 bilhões nesse mercado. Já nos primeiros três anos de programa, foram investidos US$ 3,5 bilhões e a previsão é que neste ano sejam mais US$ 3 bilhões. A tendência é que o Brasil suba no ranking mundial de celulose nos próximos anos. Se depender do empenho e da visão dos profissionais do setor, esse objetivo será alcançado antes do previsto.