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Sérgio de Souza e Silva

Secretário de Desenvolvimento Sustentável do Estado de Santa Catarina

Op-CP-04

Desenvolvimento sustentável real

O Desenvolvimento Sustentável é a pauta que guia todas as ações do Governo do Estado de Santa Catarina. Construir o progresso sem comprometer o futuro é o grande desafio de todos nós. Nesse sentido, o plantio florestal ou a silvicultura apresenta-se como prática sustentável, contribuindo, por diversas formas, para a preservação dos recursos ambientais, diminuindo a pressão sobre as espécies nativas, para a inserção social de populações rurais e dinamizando as economias regionais.

Cabe ressaltar que a madeira ainda é matéria-prima sem similar, no que diz respeito a diversos usos consagrados por nossa sociedade e de demanda crescente. É importante lembrar que o Brasil apresenta grande competitividade e destaque como produtor, consumidor ou exportador, no mercado de produtos florestais, devido a suas características climáticas e de seu solo, além do desenvolvimento tecnológico na área.

O consumo da madeira no país foi estimado em 400 milhões m3/ano, pela SBS, em 2001, e desse total, 300 milhões de m3/ano, correspondem ao consumo de florestas plantadas, para uso industrial. Segundo uma pesquisa do setor florestal brasileiro sobre a importância do reflorestamento, realizada pela gerência setorial de produtos do BNDS, as florestas nativas são utilizadas predominantemente nas serrarias, para laminação, fábricas de compensados e lenha.

Já as florestas plantadas são utilizadas na produção de celulose, madeira serrada, lâminas, compensados, painéis reconstruídos, carvão vegetal, lenha e na construção civil. Ainda segundo o estudo, as indústrias de produtos de maior valor agregado e que necessitam de maior homogeneidade de matéria-prima utilizam predominantemente madeira de reflorestamento.

A localização também é citada como um fator determinante para a origem da madeira, prevalecendo o consumo de florestas plantadas nas regiões Sudeste e Sul e de florestas nativas, no Norte e Centro-Oeste. Assim, para manter a produtividade da atividade florestal, seu crescimento precisa estar aliado ao investimento na formação de florestas e respeitar a legislação ambiental, cumprindo as exigências para o licenciamento ambiental adequado.

Aliás, é assim que deve proceder qualquer atividade que pelo seu funcionamento cause impacto ao meio ambiente. Desta forma, estaremos cumprindo os ditames do novo paradigma lançado na ECO 92: o almejado Desenvolvimento Sustentável. O setor de celulose e papel responde pela maior parte da produção mundial do setor florestal.

Esta atividade no Brasil é de verdadeira importância, quando pensada sob a ótica comercial e da geração de empregos. Dados da SBS indicam que em 2001, o PIB florestal brasileiro atingiu R$ 21 bilhões e as exportações US$ 4 bilhões, gerando aproximadamente 2 milhões de empregos diretos e indiretos. Portanto, trata-se de uma cadeia produtiva de alto retorno, de cunho econômico e social.

Para garantir a sustentabilidade e gerar mais uma alternativa para o setor, uma das saídas é o manejo florestal sustentável, ou seja, a administração da floresta para obtenção de benefícios econômicos e sociais, respeitando-se os mecanismos de sustentação do ecossistema. A exploração precisa ser planejada, aplicando tratamentos silviculturais à floresta, no intuito de aumentar a produtividade da extração da madeira, preservar a biodiversidade e gerar benefícios socioeconômicos.

A teoria poderia garantir a sustentabilidade do potencial florestal brasileiro, porém a prática precisa ser gerada por todos os setores, de forma planejada. Santa Catarina possui exemplos de empreendimentos orientados para atingir o progresso sem comprometer o futuro, com plantio ambiental-mente correto. Algumas empresas são prova disto, pois, com o manejo de importantes áreas florestais, garantem o abastecimento de matéria-prima para as indústrias de celulose locais.

Outro ponto destacável é a realização do inventário florístico florestal catarinense, cujo principal objetivo é gerar as informações que permitam redefinir a lista das espécies ameaçadas de extinção em Santa Catarina,usando fundamentação científica. Para isso, busca-se diagnosticar e inventariar as condições e o status de conservação das florestas nativas e seu contexto.

Esta ação representa o ponto de partida para que o estado possa melhorar a gestão de seus recursos florestais e definir uma política de uso racional e sustentável de suas florestas. Como principal resultado, já conclusivo, destaca-se o mapeamento da ocupação de solo, elaborado através de interpretação de imagens de satélite. A porcentagem de cobertura de floresta nativa, em todos os estágios, no território, é de 37 %, base para as avaliações seqüenciais.

A partir do inventário, será possível traçar um plano de restauração das áreas degradadas, um zoneamento para a implementação de planos de manejo sustentável das florestas nativas e gerar as informações necessárias para orientar os investimentos em pesquisas e melhoramento genético das espécies potenciais. O conjunto destas ações gerará produtos para o abastecimento do mercado de madeira e seus derivados.

O uso do manejo sustentável das florestas ainda se reverte em outros benefícios, como produtos não-madeiráveis, ao exemplo de ervas medicinais, plantas ornamentais, entre outros. Contudo, sua adoção ainda gera dúvidas, já que ainda faltam dados científicos suficientes para sua implementação. Porém, através do inventário florístico-florestal, caminhamos para uma nova realidade.