Me chame no WhatsApp Agora!

Guilherme Zaghi Borges Batistuzzo

Coordenador de Desenvolvimento Operacional, Capacitação Profissional e Corporações Florestais da Bracell

OpCP64

Capacitação profissional e corporações florestais
Profissionais capacitados são a base de uma operação qualificada em qualquer que seja a organização e o processo. Uma vez nas empresas, a formação desses profissionais é altamente influenciada pelas políticas, visão e valores da empresa, que, aplicados pelos gestores, irão conduzir as ações dos profissionais e, consequentemente, sua base de capacitação técnica e comportamental. 
 
Com um maior acesso à informação, a globalização trouxe uma demanda maior de qualidade em produtos e serviços, a competição aumentou, a necessidade por profissionais capacitados, também. A conjuntura econômica atual do agronegócio impulsiona a demanda por mão de obra qualificada, e a oferta, no que diz respeito a profissionais, precisa desenvolver-se e buscar a adaptação a esse ambiente novo e dinâmico.

Além disso, a pressão do modelo de produção nas empresas por uma gestão mais eficiente intensifica a necessidade dessa capacitação, sendo cada vez mais fomentados, dentro das empresas e nos institutos de pesquisa, os programas de formação complementar aos profissionais da área florestal. São diversas as ações elaboradas pela empresa envolvendo a área de capacitação. Abordaremos algumas das principais.

Um dos mais relevantes foi idealizado e criado em 2020, o Programa de Capacitação Técnica de Silvicultura (PCTS), com o objetivo de aprimorar a formação técnica para garantir a qualidade de processos operacionais, além de permitir a interação com outras áreas, pessoas e ferramentas de gestão. Na primeira edição, o programa capacitou 60 profissionais e, em 2021, em sua segunda edição, irá contar com um módulo básico e também um avançado, com dias de campo e temas aprofundados dentro da atuação específica de cada grupo de colaboradores.

O programa é voltado para técnicos, supervisores e coordenadores de silvicultura, tendo como temas principais: P&D; segurança; custos; manejo de solo; matocompetição; pragas e doenças; planejamento e geoprocessamento; meio ambiente; relações com a comunidade; gestão de pessoas e atividades de terceiros, sendo lecionado principalmente por profissionais da própria empresa, além de consultores especializados e professores universitários. 
 
Além disso, há o programa de excelência de atividades cruciais, como pulverização e combate à formiga, no qual são realizados os acompanhamentos em campo seguidos de reuniões técnicas para discussão dos resultados e criação de planos de ação. 
 
Rotineiramente, as áreas são visitadas com antecedência da ocorrência das operações, no momento da operação e após, com os monitoramentos. O ciclo PDCA é rotina para os acompanhamentos. Há também o Programa de Liderança e Atuação de Combate a Incêndio, no qual os colaboradores são treinados conforme seu escopo de trabalho de atuação nessa atividade. 

Outra linha de trabalho desenvolvida é o aperfeiçoamento das atividades através do Programa de Padronização Florestal, no qual as principais atividades, equipamentos e pessoas envolvidas são analisadas. Padronizam-se as operações com procedimentos específicos, lições ponto a ponto, escopo de equipamentos e treinamento da equipe e gestão.  

O corpo de profissionais que move a operação também precisa de um acompanhamento próximo, dessa forma é necessária a figura do instrutor de operações ou algum colaborador especializado para essa função. O acompanhamento diário das atividades está sendo facilitado em função das tecnologias que vêm surgindo, dessa forma o instrutor de campo está ganhando um auxílio do acompanhamento assistido de uma central de monitoramento de operações.
 
Novas tecnologias de automação e controle estão sendo cada vez mais frequentes nas atividades de silvicultura, piloto automático, controladores de aplicação, computadores de bordo e monitoramento de frota, além da utilização de drones para diversos fins que se estão tornando operacionais na silvicultura. Porém todo esse pacote tecnológico incorporado no jargão da “Silvicultura 3, 4, 5.0” não trará o resultado esperado apenas por estar instalado nas máquinas e equipamentos.
 
Para tanto, é necessária uma gestão eficiente e pessoas capacitadas para utilizá-las. A tecnologia, associada a uma boa gestão, permite não apenas o controle de insumos, operações e logística, mas também fornece dados individualizados dos operadores – contemplando toda a jornada de trabalho. Dessa forma, gestão e treinamentos são dirigidos com base nos dados e resultados fornecidos pelos computadores de bordo. 
 
As tecnologias trazem novas ocupações às atividades, ao passo que promovem a obsolescência de algumas funções. O desenvolvimento das qualificações deve ser compatível com o tecnológico, os processos que estão sendo fomentados pela transformação tecnológica aceleram a mudanças, deixando as operações mais fluidas, e cada vez mais haverá atualizações de procedimentos e necessidades constantes de treinamentos operacionais.

Para que haja a concatenação tecnológica e o engajamento técnico, é necessária a presença dos profissionais em campo acompanhando as atividades com ferramentas dinâmicas, auxiliando a tomada de decisão. A proximidade de todos com a operação facilita a clareza do processo e o engajamento da equipe.
 
Visando a uma estrutura mais enxuta, com uma gestão mais eficiente e especializada, uma opção que vem se intensificando dentro das corporações é a terceirização de alguns processos de capacitação. Essa terceirização é, muitas vezes, realizada por parceiros de negócio, instituições especializadas, fornecedores de produtos ou serviços, e, nesse ponto, há uma grande oportunidade para aumentar a parceria entre o setor público e o privado, promovendo a extensão universitária e dos institutos de pesquisa. 
 
No caso citado, a capacitação colaborou com a expressiva melhoria dos indicadores de qualidade das operações dentro de cada programa. O desafio, de maneira geral, para as empresas, é mensurar o “fator capacitação” isolado dos demais eventos no impacto quantitativo de indicadores de produtividade. Qual a taxa de retorno de cada treinamento realizado? Frequentemente, é notado que, após um período de treinamento, os indicadores da atividade melhoram. Esses indicadores são mais perceptíveis quanto mais técnico e específico é o tema, e o desafio é mostrar os ganhos em esferas globais, principalmente os que envolvem gestão e processos mais complexos.

Para a perpetuação do conhecimento e uma profunda mudança de processos, é necessário aprimorar a qualidade dos treinamentos. Vimos que os investimentos precisam ser intensificados pelos seus retornos. A terceirização e parcerias com fornecedores e universidades contribuem para a redução da estrutura e a especialização dos capacitores.

Toda a capacitação não pode ser vista como a chuva de informações e soluções imediatistas e vagas, como um clique no mundo atual. Deve ser encarada como um programa de crescimento sólido, contínuo e seguro, de modo a influir diretamente na relação do sistema de produção, recursos humanos e meio ambiente, sendo um grande condicionador para a busca de um desenvolvimento sustentável.