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Heuzer Saraiva Guimarães

Diretor Florestal da WestRock

OpCP64

Formação continuada: reconhecimento, troca, provocação e desconstrução
O verdadeiro prazer, a maior fonte de reconhecimento está em construir, não em ter. Ao longo das últimas décadas, o “profissional florestal brasileiro” (onde incluo homens e mulheres) construiu uma base florestal de árvores cultivadas que detém a maior produtividade mundial do agronegócio e totaliza 9 milhões de hectares.

Conta com outros 5,9 milhões de hectares destinados para Áreas de Preservação Permanente (APPs), Reserva Legal (RL) e Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN). São mais de 1.000 municípios nessa área de atuação e uma receita bruta total de R$ 97,4 bilhões em 2019.  Essa base florestal vem se capacitando para atender à sociedade moderna e ao futuro. Além de papel, embalagens, painéis de madeira, móveis, entre outras tradicionais cadeias, já se consolida como efetiva fornecedora de produtos e matérias-primas nos setores de alimentos, automobilístico, cosméticos, têxtil e medicamentos.  

Adicionalmente, essa fabulosa construção está alicerçada numa cultura de absoluto comprometimento com o desenvolvimento humano e a busca de diversidade, equidade e oportunidades. Tornar o ambiente florestal um setor de trabalho de forte atuação para todas as pessoas é um trabalho desenvolvido na WestRock, por exemplo. 

No último ano, aumentamos a participação feminina no nosso negócio, incluindo os cargos de liderança, e registramos as primeiras mulheres em nossas operações. Assumir o compromisso real pela equidade de gênero certamente fortalecerá ainda mais o setor com a diversidade de profissionais.
 
Mais iniciativas ganham destaque. O anuário 2020 da Indústria Brasileira de Árvores, IBÁ, reporta que suas associadas investiram milhões de reais em ações socioambientais nas áreas de educação, saúde, treinamento e capacitação profissional, e, ainda, nas boas práticas de manejo florestal, na certificação dos plantios florestais e de seus produtos. Foram mais de 6,9 milhões de pessoas beneficiadas pelos diversos programas, sendo 41% relacionadas aos projetos de fomento e de desenvolvimento econômico, permitindo melhoria da qualidade de vida e prosperidade para as comunidades − movimentos que podem transformar a realidade das pessoas, envolvendo todos os setores da sociedade.

Toda a estrutura construída ao longo das últimas décadas, conforme exposto, evidencia que os processos de evolução do sistema florestal brasileiro, produto de formação técnica e social, buscaram se alicerçar nos pilares social, ambiental e econômico. Portanto podemos afirmar que, dentre as mais reconhecidas e valorizadas realizações de nosso sistema florestal, está justamente a efetividade de formação do homem  (e da mulher) florestal.
 
Contudo, considerando tão intensa afirmação, exatamente pela excelência desse complexo de formação do profissional florestal, nos cabe ampliar nosso compromisso de melhoria contínua, sendo capaz de reconhecer, expor e mitigar vulnerabilidades que ainda geram percepções que colocam o setor florestal em posição aquém de sua real relevância social, ambiental e econômica. Nesse trabalho, é preciso se considerar a devida renovação dos profissionais do setor florestal no que tange ao posicionamento da sociedade acerca da ampliação das dimensões que compõem a equação da sustentabilidade. 

Paralelamente à formação já consolidada, que reconhece o profissional florestal como exemplo de desenvolvedor de tecnologias de gestão remota, inteligência artificial, genética molecular, realidade aumentada, entre outras inovações em curso, o novo ciclo de formação continuada precisa capacitar nosso profissional para também desconstruir preconceitos e desenvolver soluções que agilizem diversidade e amplie massa crítica. 

A agilidade demandada nesse novo contexto de formação contínua é dependente da combinação de conteúdos com experiências; a proximidade do “professor” torna-se ainda mais relevante justamente porque o timing de aprendizagem e o mestre, além dos ordinários, precisam ser identificados e explorados nas experiências do cotidiano.

A formação continuada deve desenvolver talento para aquilo que seja novidade, ampliar curiosidade, desenvolver perspectivas, se responsabilizar por diversidade, garantir autenticidade e o segredo e o maior desafio: transformar pelo poder do engajamento. Cabe potencializar qualificação e requalificação com foco no saber ouvir para se desenvolver e, sobretudo, consolidar a capacidade de identificar oportunidades de cuidar das pessoas e permitir-se ser cuidado.  A parte mais rica da formação é justamente a troca, a provocação e a experiência.