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Daniel Berneck

Diretor Industrial da Berneck

OpCP65

Idade x densidade da madeira

A densidade da madeira pode ser medida por fórmula, mas analisar a importância e a utilização dessa densidade no segmento depende de diversos fatores.


Não é necessário ser formado em física ou matemática para entender o conceito da densidade na madeira.  Por exemplo, o que pesa mais: um metro cúbico de aço ou um metro cúbico de madeira? Considerando o volume de um metro cúbico para os dois produtos, o aço pesa mais e, por consequência, é mais denso do que a madeira.


Quando falamos em madeira, existem duas considerações sobre a densidade.  A primeira é inerente à própria espécie.  O Eucalyptus spp, por exemplo, tem uma densidade média de 650 kg/m3, enquanto o Pinus spp tem uma densidade média de 500 kg/m3. Essas densidades são médias e de referência, com base na espécie. 


Espécies nativas no Brasil, como o Cumaru, por exemplo, têm densidades de referência ainda mais altas (950 – 1.000 kg/m3).


A segunda consideração, especialmente para o caso do Pinus spp, temos variação de densidade da madeira dentro da mesma tora. À medida que a árvore fica mais velha, começa a crescer menos em volume, e a densidade aumenta à medida que passam os anos.  Tábuas retiradas da periferia da tora, portanto, têm uma densidade maior do que as tábuas retiradas do centro da tora, pelo jeito que a árvore cresce. 


A variação de densidade chega a ser significativa.  Em tábuas retiradas de toras com 20-25 anos, a diferença chega a ser de 300 kg/m3, considerando até 650kg/m3 para tábuas laterais e 350 kg/m3 para tábuas do centro da tora.  Você deve estar se perguntando, então, se madeira mais densa, é melhor. A resposta seria: depende.


A utilização final da madeira, normalmente, vai ditar se é desejável uma peça mais ou menos densa.  Para uma caixa de frutas, por exemplo, o ideal é que seja a mais leve possível. Mesmo assim, é preciso que aguente as frutas que esta contém. Portanto, para embalagens, uma densidade menor seria desejável.

 

Estrutura

Para construção de estruturas em madeira, por outro lado, uma densidade maior, normalmente, é mais importante, mas não imprescindível. Isso porque, além da densidade, que é uma variável importante para determinar a capacidade estrutural da peça, entram variáveis de modificações do cálculo estrutural, por exemplo (Kmod), que aumentam ou diminuem o índice estrutural da peça, como defeitos que a peça venha a conter, bem como espessura e largura dela.


Na Alemanha, por exemplo, a madeira escolhida para estruturas em madeira é o abeto do gênero Picea (Fichten), que, apesar de uma densidade média relativamente baixa (450 kg/m3), tem a maior relação peso por capacidade estrutural dentre as madeiras por lá disponíveis.  Isso porque a incidência de defeitos é muito baixa, em razão de seus galhos serem pequenos e finos e por ter um bom espaçamento entre eles, o que lhe conferem uma excelente capacidade estrutural.


No caso do nosso pínus regional (Elliottis spp e Taeda spp), a densidade é um bom índice de partida para determinar a capacidade estrutural da mesma, porém outras características têm que ser verificadas também.


Como é o caso dos defeitos da peça, Módulos de Elasticidade (MOE - grandeza proporcional à rigidez de um material quando ele é submetido a uma tensão externa de tração ou compressão) e Módulos de Ruptura (MOR – valor máximo da tensão de tração na camada mais externa do corpo de prova).


Apesar de não ser muito intuitivo, nosso pínus tem uma capacidade relativamente boa para ser utilizado em estruturas permanentes. Além da densidade, existem outras características que conferem ao pínus essa versatilidade. 


Uma delas é a tratabilidade da peça, ou seja, é possível tratar 100% do volume da madeira, conferindo, assim, a longevidade necessária para a estrutura em questão.  O pínus também é uma madeira que responde muito bem à colagem, podendo, assim, ser retirados os defeitos e se trabalhar com peças que tenham qualidade, combinando duas ou mais peças para atingir a resistência desejada.


Em suma, verifica-se que o assunto densidade é extenso, e que, para determinar qual a densidade ideal, precisa-se conhecer a aplicação final do produto. Peças que serão destinadas ao uso estrutural idealmente devem ser de florestas mais velhas, senão o volume de madeira para atingir a classe de carga deve ser incrementado para atingir o mesmo valor.

 

Cultivo inteligente

 A Berneck cultiva florestas de pínus e teca de forma inteligente, para aproveitar o melhor da madeira, deixando o mínimo impacto para o meio ambiente. E, tanto no Brasil como no mundo, não existe norma para regulamentar a densidade perfeita da madeira. O que existe é a normativa que regula o que será feito dela.


Para painéis revestidos, por exemplo, a densidade vai garantir a qualidade do móvel e seu uso adequado. E essas regras são definidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que normatiza a densidade adequada para cada tipo e espessura de painel reconstituído, como MDF, MDP ou HDF. Na fabricação dos painéis, a madeira em si é “descontruída” e “reconstruída” novamente, tendo-se o controle da densidade do produto final.


Por isso, entender sobre a densidade da madeira é condição sine qua non para o segmento. Mesmo que não existam regras para a densidade da árvore, a compreensão da densidade é fundamental para definir a qualidade do produto com que se quer trabalhar, para a aplicação dessa matéria-prima. Nesse caso, o destino e a aplicação da madeira são balizadores. E a densidade é um forte indicativo para saber se a madeira serve para fins estruturais ou não.


Fabricar materiais de qualidade não depende apenas da qualidade da árvore plantada, mas de todo um processo produtivo que respeita o meio ambiente, a sustentabilidade e o futuro, utilizando a tecnologia como aliada.


E todas as questões técnicas são levadas em conta em um processo produtivo de excelência e qualidade. Porque, dependendo do negócio, é preciso avaliar mais do que a espécie da árvore, é preciso saber quais partes da árvore serão utilizadas e para qual motivo. E isso depende de pessoas.


Essa cadeia produtiva é necessária para o trabalho. Ninguém faz nada sozinho. Até para a árvore crescer e atingir a maturidade e a densidade necessária para sua utilização, depende-se de fatores externos. Cercar-se de bons profissionais e ter um propósito firme e denso também é uma forma de conquistar os melhores resultados.