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José Maderna Leite

Professor de Colheita e Logística na UF-PR

Op-CP-06

A otimização do transporte florestal

A minimização dos custos totais no transporte florestal é obtida otimizando veículos, vias e aspectos operacionais. Para isso, há necessidade do conhecimento de particularidades, referentes aos veículos e às estradas. Seis aspectos estão entre os mais importantes:

1. Definição da demanda - o volume de transporte;
2. Aspectos operacionais;
3. Escolha do veículo de transporte;
4. Cálculos de custos de operação dos veículos de carga;
5. Planejamento, construção e conservação das vias e
6. Estudos de viabilidade econômica.

No estudo da Demanda, devem ser usadas metodologias clássicas do transporte em geral, como o modelo de quatro etapas (geração, distribuição, divisão modal e alocação). A geração compreende a produção por talhões homogêneos. Na distribuição, definem-se as quantidades por tipo de madeira, entre as origens (talhões) e os destinos.

Na divisão modal, definem-se os tipos de veículos mais adequados, e na alocação, obtém-se a quantidade de carga que deverá usar cada segmento da malha viária. Entre os Aspectos Operacionais, dá-se ênfase na determinação dos percursos de custo mínimo, ou seja, identifica-se por onde os veículos deverão trafegar. Para isso, é necessário, antes, conhecer os custos de operação de cada tipo de veículo, carregado e descarregado, por segmento.

Deverão ser conhecidas as Características dos Veículos disponíveis no mercado, em termos de tara, potência, pneus, capacidade de carga, quilometragem rodada e valor. Todos os veículos considerados deverão estar operando em sua vida econômica, ou seja, na condição de menores custos, ou receitas máximas por período. São calculados os Custos de Operação para os vários tipos de veículos de carga, utilizados no transporte de toras de madeira, simulando diferentes condições para a via, através da metodologia conhecida como HDM III ou IV, utilizada pelo Banco Mundial, na avaliação de alternativas de projetos rodoviários.

A versão III foi desenvolvida no Brasil pelo GEIPOT e DNER. Os custos operacionais de cada tipo de veículo, carregado e descarregado, são obtidos, especificamente, para cada trecho da malha viária a ser utilizada; para isso, são necessárias todas as características geométricas das vias, como extensão e declividade das rampas, raios de curvas, além das condições da superfície dadas pelo IRI - índice de regularidade internacional.

Normalmente, não se dispõe do projeto geométrico das vias disponíveis, pelo que se pode, com um aparelho de GPS acoplado em um veículo de passeio, percorrer toda a malha viária florestal disponível. A pé, com o mesmo GPS, pode-se também obter as coordenadas geográficas em pontos - a cada 20 m em trechos retos e a espaços menores nos trechos em curva - de novas vias que, eventualmente, poderão vir a ser implantadas.

No escritório, passa-se as coordenadas geográficas do GPS para um computador e com um programa de topografia, como o Topograph, refaz-se rapidamente o projeto geométrico das vias, para, em seguida, calcular os custos de operação específicos de cada trecho de via e veículo. Com os custos de operação por segmento, encontram-se os caminhos mínimos de cada talhão, neste caso podem ser usados algorítimos de pesquisa operacional, como o de Moore, ou para as malhas viárias maiores, programas de computador, como o QSB - Quantitative System for Bussines.

Os caminhos mínimos são, em geral, diferentes, conforme o tipo de veículo e para o caso carregado e vazio. Obtendo-se os custos de operação em todo o caminho mínimo, considerando o número de viagens necessárias, escolhe-se os veículos de menor custo para o transporte. O Planejamento, a Construção e a Conservação das vias, deverão ser considerados em conjunto com a operação, ou seja, o transporte da madeira.

Para a empresa dona da madeira, além dos custos de transporte, interessam os custos totais, ou seja, custos de operação, construção e conservação das vias. As inclinações das rampas e raios de curva escolhidos representam determinados e consideráveis custos de construção e de operação. Em geral, se o custo de construção for menor, as inclinações das rampas e os custos de operação, por exemplo, serão maiores; é preciso minimizar a soma de todos os custos.

Para isso, são elaboradas as alternativas de fluxos de caixa, com os valores gastos em construção, conservação e operação por segmento, ao longo do horizonte de projeto. A escolha da melhor alternativa é feita com a utilização dos métodos de análise de investimentos, que calculam a Taxa Interna de Retorno, o TIR, o Valor Presente ou o Valor Anual Uniforme Equivalente, de cada um dos fluxos de caixa.

Os Estudos de Viabilidade Técnica Econômica de novas vias ou de melhoria das vias já existentes deverão considerar os custos de construção e os benefícios alcançados, ou seja, a redução dos custos de operação. As características de cada segmento são definidas de forma otimizada, e, em seguida, deverão ser definidos os percursos mais adequados.

As características construtivas das vias definem os custos de operação dos tipos de veículos, permitindo escolher o melhor veículo para o transporte. As técnicas de realização dos transportes, desde a definição do segmento viário a ser melhorado e os tipos de veículos, são consideradas, tendo em vista sua importância nos custos totais.

Constatou-se, em estudos práticos, em empresas de reflorestamentos do Sul da Bahia, do planalto Catarinense e do Paraná, que é exeqüível a utilização das metodologias citadas para a escolha entre alternativas de transporte e de melhoria das estradas florestais. Com o uso das técnicas apresentadas, as atividades de transporte florestal apresentam custos totais menores e o setor de transportes florestais conhece os ganhos possíveis com as melhorias viárias, o que facilita a obtenção de recursos financeiros para o setor e valoriza ainda mais seus trabalhos.