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Edival A. Valverde Zauza e Edmilson Bitti Loureiro

Gerente de Sanidade e Proteção Florestal e Gerente de Desenvolvimento e Extensão Tecnológica da Suzano

Op-CP-61

Presente e futuro do manejo integrado de plantas daninhas
Na eucaliptocultura, o controle de plantas daninhas representa entre 25% a 35% do custo de formação florestal. Como fator agravante, quaisquer métodos de controle de plantas daninhas adotado, se não realizados de maneira técnica e no momento adequado, além do alto custo, podem causar impactos  negativos sobre a produtividade florestal.

Em função disso, é fundamental desenvolver a capacitação técnica e aplicar o conceito de Manejo Integrado de Plantas Daninhas, com base nas etapas de identificação, monitoramento e controle. Os componentes do manejo integrado de plantas daninhas florestais são essencialmente os mesmos do setor agrícola.

Todavia o sistema florestal é ecologicamente mais diverso e complexo, pois ocorrem mudanças nos estádios fenológicos da cultura e da composição da cobertura vegetal nativa ao longo do ciclo, com ou sem intervenção do homem. As estratégias e medidas de controle irão variar com a espécie da planta daninha envolvida, o ambiente (condições edafoclimáticas), o estádio fenológico do plantio e a interação desses fatores por intermédio da ação humana. 

O manejo de plantas daninhas se caracteriza por alta demanda de recursos e acompanhamento específico para garantir a produtividade florestal e a otimização dos recursos. Assim, monitorar periodicamente a infestação de ervas daninhas durante as idades iniciais dos plantios florestais permite adotar uma recomendação específica, no que se refere ao tipo de planta daninha a ser controlada e ao momento ideal da intervenção. 
 
Nesse sentido, e com o objetivo de reduzir a subjetividade da decisão, é fundamental adotar um monitoramento eficiente de plantas daninhas, com o objetivo principal de identificar eventuais riscos de matocompetição e registrar as informações sobre a presença da planta daninha para tomada de decisão.

No modelo convencional, após a coleta de dados em campo e seu processamento, as informações são utilizadas para gerar as recomendações de controle sempre que necessário. Floresta digital: tem mato no radar? A tecnologia ajuda a identificar rapidamente as plantas “intrusas” nas florestas plantadas e agiliza a tomada de decisão com rastreabilidade e governança de todo o processo.

O trabalho de campo está cada vez mais familiarizado com a utilização das novas tecnologias. Somente como exemplo, na Suzano, desde 2017, aplicamos, de forma pioneira, geotecnologias para o monitoramento de plantas daninhas, a partir do processamento de imagens de satélite. Com a nova tecnologia, toda a área plantada é monitorada, e o avanço de biomassa das plantas daninhas é analisado.

Dependendo da idade do eucalipto, pode-se identificar claramente o aparecimento de ervas, e um alerta é disparado. Com a identificação de locais com diferentes intensidades de matocompetição, temos oportunidade de direcionar o monitoramento de forma assertiva, visitando preferencialmente áreas de maior risco.

Assim, o mapeamento e alertas gerados sobre as possíveis áreas com risco de matocompetição se mostrou uma ferramenta valiosa para complementar o trabalho das equipes de silvicultura, priorizando a realização do monitoramento de campo para as condições de infestação com maior risco, pois amplia significativamente a visão da base florestal, reduzindo a subjetividade das ações das equipes e maior rastreabilidade da análise e da tomada de decisão sobre a necessidade da intervenção.

Para facilitar todo esse trabalho, é importante adotar ferramentas para padronizar a coleta de dados e gerar indicadores de acompanhamento e governança do manejo integrado de plantas daninhas. Além disso, a utilização de uma matriz de decisão com premissas técnicas de posicionamento e doses de herbicidas, em função do ambiente e do tipo de planta daninha, torna esse processo ainda mais robusto e confiável.

Para garantir o sucesso dessa estratégia, as equipes devem estar treinadas e capacitadas para realizarem adequadamente os registros das informações. Além do conhecimento, é fundamental o comprometimento das pessoas, pois todos precisam estar "de olho na floresta" para otimizar os recursos e reduzir as perdas de produtividade, em função da matocompetição.

O controle digital agiliza a ação e direciona recursos aos locais mais críticos, bem como permite avaliar a qualidade do serviço de controle de plantas daninhas, evitando retrabalho, em função de falhas na execução das atividades. Olhando para o futuro e com o objetivo de reduzir custo da formação florestal, é importante definir, para cada ambiente de produção, os momentos e os períodos de interferência e de convivência durante todo o ciclo da cultura, a fim de realizar ajustes nas matrizes de decisão.

Ademais, é importante investir continuamente na capacitação técnica de todos os envolvidos no assunto, para tornar ágil a adoção das recomendações técnicas. Para que as empresas estejam sempre atualizadas em relação às estratégias de monitoramento e ao controle de plantas daninhas, é fundamental manter parcerias com empresas e instituições de pesquisa.

Nessa parceria, são desenvolvidas pesquisas contemplando o aperfeiçoamento das estratégias de monitoramento e controle a serem incorporadas no manejo integrado. Progredimos bastante no manejo integrado de plantas daninhas nos últimos anos, contudo existem oportunidades para avançar, como adotar aplicações de herbicidas em dose variada e com produto direcionado ao alvo, liberar e implantar o eucalipto resistente a herbicidas e  incorporar métodos alternativos ao controle químico com redução da participação do Glyphosate na matriz de decisão. Dessa forma, a adoção de diferentes estratégias no manejo de plantas daninhas amplia as opções de controle e dificulta o estabelecimento da matointerferência, potencializando a produtividade planejada para cada ambiente.