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Thais Maria Millani

Executiva da Unidade de Negócios Florestais da Suzano

OpCP72

Desenvolvimento e inovação em Colheita Florestal
A colheita desempenha alguns papéis cruciais no manejo da base florestal, dentre os quais podemos citar a renovação da floresta plantada no momento ideal, minimização de desperdícios de biomassa e insumos, influência na qualidade e competitividade das operações subsequentes, na conservação e biodiversidade e na contribuição social com comunidades locais. 
 
A inovação e desenvolvimento fazem parte da nossa estratégia de negócio, especialmente em atividades de grande importância como a colheita. Temos quatro grandes frentes estruturadas como fontes de inovação e desenvolvimento de colheita em São Paulo: 1. Novas tecnologias em equipamentos e máquinas florestais; 2. Sensoriamento, monitoramento, otimização e controle de frotas, processos e dados; 3. Estudos de novos modelos e padrões de operação, e 4. Valorização da capacidade intelectual inovadora existente na operação. 

No âmbito de novas tecnologias em equipamentos e máquinas, trabalhamos hoje de forma sofisticada através de georreferenciamento, sistemas digitais de apontamento e controle da produção, computadores de bordo com sensoriamento, dentre outras, as quais nos possibilitaram uma grande evolução em eficiência operacional. Colaboramos atualmente com diversos fornecedores de máquinas e equipamentos para inovação dessa frente, informando as necessidades específicas da operação e investindo em novos produtos desenvolvidos pela indústria.

Recentemente em São Paulo, para operações de baldeio em áreas planas, fomos os primeiros a investir no FW Mammoth Ponsse no Brasil. A inovação dessa máquina decorre do maior potencial produtivo devido à sua alta capacidade de carga associada ao baixo consumo de combustível, graças a um sistema de transição de última geração, o que resulta em maior eficiência energética. 
 
Outro movimento disruptivo recente foi a aplicação de máquinas harvesters de pneu na operação de colheita em áreas planas, onde normalmente operamos com máquinas de esteira. Neste projeto, investimos em dez equipamentos Cobra Ponsse visando uma produtividade 15% maior, quando comparados aos de esteira, com um menor consumo de combustível. Isso pode nos dar uma vantagem competitiva acentuada decorrente da eficiência energética desse modelo de operação. 

Para colheita de áreas declivosas de eucalipto de alta complexidade, nos inspiramos em uma grande empresa do setor para florestas declivosas de pinus e temos estruturado o projeto para Full Tree ancorado com Feller multidirecional e Skidder Swing boom, através de Guinchos de Assistência. Avaliamos também o harvester da Komatsu com guincho removível que inova em proporcionar maior flexibilidade para condições complexas de ancoragem. 

Seguindo para segunda frente que compõe nossa estratégia (sensoriamento, monitoramento, otimização e controle de frotas, processos e dados) temos evoluções significativas como a torre de controle aplicada a totalidade das operações na Unidade do Maranhão, fornecendo informações em tempo real sobre as atividades das máquinas e veículos utilizados, permitindo um gerenciamento mais eficiente e uma tomada de decisão ágil embasada em dados concretos (segurança, rastreamento e localização, coleta de dados operacionais, análises e relatórios, manutenção, entre outros dados).

Abordando a terceira frente de estudos de novos modelos e padrões de operação visando maior eficiência e produtividade, temos um setor específico de Excelência Operacional (EO) que é responsável por fomentar novas metodologias e garantir o padrão dentro de todas as operações florestais espalhadas em diversos pontos do país. A EO conduz periodicamente grupos de trabalho multidisciplinares com a participação de todas as unidades florestais da empresa, cuidando de homologações de testes e novas práticas, garantindo a segurança do processo e escalabilidade de inciativas de inovação. Um exemplo promissor dessa frente conjunta com a operação é o desenvolvimento de um novo cabeçote guilhotina.

Na última frente de inovação e desenvolvimento, buscamos valorizar a capacidade intelectual inovadora da operação. Sabemos que o futuro almeja máquinas autônomas, mas temos a perspectiva em um curto/médio prazo de um maior número de pessoas em relação a máquinas em nossas operações. Operadores e mecânicos, que conhecem com profundidade os detalhes da operação, são uma fonte importante de novas ideias. Por isso, temos trabalhado em nosso ambiente com comunicação estratégica e fortalecimento de canais e redes colaborativas. Como exemplo, podemos citar dois programas que visam a captação de novas ideias e também o reconhecimento de seus proponentes como o Colhendo Ideias e Programa I9. A estratégia vai além de criar programas que aumentem a produtividade e as horas trabalhadas.  

Nós apostamos no empoderamento operacional associado à comunicação estratégica que abrange o entendimento em todos os níveis inseridos no contexto. Fazemos questão de ressaltar o propósito do nosso trabalho com todos e o senso de orgulho e pertencimento pelo que fazemos. Levamos ao campo a visibilidade de indicadores e coletamos possíveis soluções quando há desvios. Essas ações promovem um ambiente colaborativo e criativo através de programas especialmente desenvolvidos para o público-alvo e a necessidade da colheita, gerando o tão esperado engajamento. 

Como exemplo, em 2019, iniciamos um programa de batismo de máquinas por operadores e mecânicos, que passaram a compor uma unidade produtiva personalizada. A partir de então, cada conjunto de máquinas, operadores e mecânicos passou a ter uma espécie de plano de negócio, em que eram considerados indicadores relativos à produção, qualidade e custos. O resultado desse movimento fez com que boa parte dos operadores e mecânicos se tornassem “executivos de unidades produtivas” desenvolvendo a operação e a carreira, contribuindo significativamente com a redução de custo da madeira em São Paulo. Outros exemplos nos trouxeram adequações importantes em cabeçotes, a redução expressiva no consumo de óleo hidráulico, formas mais seguras de atuação, menor tempo com manutenções pesadas, redução significativa do consumo de diesel mantendo os parâmetros de regulagem e produtividade, novas potencialidades para operação de baldeio resultando em mudança de patamar em produtividade. 
 
A estratégia de rede colaborativa desempenha um papel fundamental na promoção da inovação permitindo que indivíduos e organizações compartilhem conhecimentos, experiências e recursos para resolverem problemas complexos criando novas soluções. A inovação operacional, muitas vezes, requer abordagem multidisciplinar, envolvendo diferentes perspectivas e conjuntos de habilidades que os fornecedores de equipamentos e tecnologias não conseguem de forma individualizada. 

Estamos na fase de construção do Colhendo Ideias 5.0, aproveitando o presente onde podemos utilizar a inteligência artificial e a programação para desemprenharem papéis importantes na captura de informações relevantes desse público. Análises de dados com IA, processamento de linguagem natural (PNL), reconhecimento de padrões, modelagem e simulação nos abrem portas para fortalecer uma nova versão das redes colaborativas e atingir fontes ainda pouco exploradas nas operações florestais.