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Rodrigo Soares Junqueira

Gerente de Vendas da John Deere Florestal

Op-CP-47

Colheita florestal: tecnologia e inovação nos movimentos e operações
No início dos anos 2000, em uma de minhas primeiras viagens como coordenador de vendas, seguia meio desconfiado por um trecho de terra bem cuidado em uma floresta de pínus entre Porto União-SC e União da Vitória-PR, para visitar um cliente que opera na área. No meio do talhão, com árvores recém-trabalhadas e outras remanescentes, avistei um senhor e um cavalo bretão. Na beira da estrada, as pilhas de toras indicavam claramente uma operação de corte. Ao ver a cena, abaixei o vidro do carro e ali fiquei, olhando atentamente a operação. 
 
No local, as estradas principais e de acesso estavam em ótimas condições. A cena era de um sistema de desbaste seletivo, em que apenas as árvores de melhor porte eram mantidas, enquanto as bifurcadas ou tortas recebiam uma marca, indicando que não seriam aproveitadas. O cavalo seguia trilhas de extração, garantindo que essas árvores remanescentes não fossem danificadas durante o arraste. Por fim, havia, ainda, pilhas baixas (bem organizadas em diversos sortimentos) aguardando o transporte. 
 
Se voltarmos ao início do século, quando o engenheiro agrônomo Edmundo Navarro de Andrade trouxe as primeiras mudas de eucalipto para o Brasil, ou até mesmo no fim dos anos 1940, quando o pínus passou a ser cultivado na região Sul, com certeza já havia planejamento na operação de colheita florestal, e o sistema de colheita, na época, era algo similar ao descrito, porém ainda com o uso do machado, uma vez que a motosserra só chegaria ao Brasil na década de 1960. 
 
No paralelo entre o ontem e o hoje, a principal evolução estabelecida é que, agora, o planejamento de um projeto florestal utiliza muita tecnologia, além de levar em consideração os possíveis impactos em todo o ciclo – desde a formação da floresta até sua colheita. A visão do ciclo completo (silvicultura, colheita e transporte) aliada à gestão dos processos de colheita com o uso de tecnologia e sistemas mistos são os grandes pilares para a redução considerável de custo da madeira na beira da estrada.
 
O espaçamento dos plantios atuais considera distâncias maiores entre as árvores, pois permite o uso de implementos maiores e de maior capacidade, reduzindo o custo da operação de silvicultura. Isso facilita a operação de colheita quando é necessário realizar desbaste, permitindo operações de corte seletivo e reduzindo a necessidade de cortes sistemáticos. O alinhamento do plantio é feito “morro abaixo”, pensando na colheita, dado que, por condições de segurança (risco de tombamento), nenhum equipamento florestal deve trabalhar em declividades laterais.
 
Já ao tratarmos de planejamento de colheita, um item que ainda acompanha as máquinas e operadores é o mapa do microplanejamento. Atualmente, existem soluções de navegação por mapas embarcados no sistema dos equipamentos, onde esse planejamento pode ser feito de maneira digital no escritório e transferido para a máquina. Com isso, cercas virtuais, rotas de colheita, direção de derrubada das árvores, possíveis obstáculos no talhão, sentido de extração, posicionamento das pilhas e outras informações estão à vista do operador, por meio de um monitor digital de alta definição. 
 
Em alguns mercados, toda a gestão da frota de equipamentos, dos turnos de trabalho, produção, desempenho dos operadores e pagamentos são feitos utilizando informações geradas pelos equipamentos. O volume total de madeira colhida é georreferenciado na fazenda, e os gestores têm uma visão atualizada da quantidade de madeira disponível, por meio de um mapa, no escritório das fazendas.

Esses mercados possuem certificações nacionais que garantem a acuracidade das informações geradas pelas máquinas, cuja confiabilidade e sistemática evitam a necessidade de pesadas estruturas administrativas para suportar tais operações. Os pouco mais de 20 anos de mecanização florestal no Brasil e as limitações técnicas e de infraestrutura (cobertura de telefonia móvel e alto custo para transporte de informações via satélite) ainda nos colocam a meio caminho dessa realidade, mas, com certeza, chegaremos a esse patamar, pois somos referências em utilização e produtividade com os equipamentos florestais.
 
Sabemos que o mercado de commodities, no qual está inserido o florestal, exerce uma pressão constante para a redução de custo, pois o preço das commodities é definido pela lei de oferta e demanda. Para influenciar em custos, a solução é ter gestão assertiva e, principalmente, adotar tecnologias embarcadas. Nesse ponto, a adoção de tecnologia no mercado florestal garante disponibilidade dos equipamentos, segurança da operação e, principalmente, custos produtivos cada vez menores – em linha com a necessidade mercadológica.
 
Tal pressão, aliada à criatividade dos brasileiros, vem resultando em soluções inovadoras, por exemplo, quanto ao uso de sistemas mistos de colheita. Algumas empresas que trabalhavam essencialmente no sistema de corte-no-tamanho (em inglês, cut-to-length) já estão trabalhando com um feller buncher, máquina de corte do sistema de árvore inteira (em inglês, full-tree). Essa inovação, além de aumentar a produtividade do harvester/forwarder e de reduzir os custos de manutenção, também reduz o custo do preparo de solo. Isso porque, ao utilizar um feller buncher, as árvores são cortadas rente ao solo, reduzindo a necessidade de rebaixar os tocos antes do preparo do solo. Esse sistema também já está sendo utilizado na América do Norte e em outros países da América Latina.
 
Como a silvicultura também impacta o custo da madeira, existem empresas que estão trabalhando com a opção de remoção da árvore inteira junto com sua raiz, literalmente retirando totalmente a árvore do solo. Com a casca, essa raiz vira biomassa, enquanto as toras são destinadas à indústria, e o solo fica praticamente livre dos tão indesejados tocos, que são um desafio para as operações mecanizadas em silvicultura. 
 
Vale ser mencionado, ainda, a utilização dos guinchos em máquinas florestais. Essa mesma pressão por custos levou empresas do setor florestal nacional a reduzir o custo de colheita da madeira em áreas com declividades acima de 30º. Essas empresas foram pioneiras, pois, apesar de os guinchos já serem uma realidade no mercado europeu, nenhuma empresa usava guinchos em plantações de eucalipto, no ritmo operacional e no volume de máquinas que temos no Brasil. 
 
Hoje, muitas operações são feitas acima de 40º de declividade, com segurança e produtividade. Essa mesma tendência foi multiplicada para os principais mercados florestais no mundo, e, hoje, existem diversas soluções para o uso de guinchos, nos diversos tamanhos de máquinas e sistemas de colheita. 
 
Como vimos, ao longo do tempo, as inovações introduzidas nos movimentos e nas operações da colheita florestal foram extremamente importantes para a atividade. Em um mercado que exige inovação constante e marcado pela pressão por custos, é somente pela via da tecnologia e das soluções integradas que vamos garantir que todas as etapas do processo sejam cada vez mais seguras, eficazes e produtivas. Por exemplo, já temos exemplos de máquinas florestais sendo operadas por controle remoto. Conseguem imaginar o que virá? Por isso, nossa missão é mostrar – por meio de nossas soluções integradas – que a floresta é, acima de tudo, o lugar das inovações tecnológicas.