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Jozébio Esteves Gomes

Coordenador de Competitividade e Projetos Florestais da Eldorado Brasil

OpCP71

A qualidade nos processos operacionais: da muda ao transporte da madeira
Implementar um controle de qualidade competitivo em empresas de base florestal, sem onerar demasiadamente o processo, é um grande desafio. Pois as atividades estão distribuídas em milhares de hectares, com centenas de colaboradores atuando em mais de um turno de trabalho nas diversas operações existentes na ampla cadeia de produção florestal. 
 
Para superar esses desafios, é necessário o comprometimento da alta liderança, de modo a garantir o engajamento de todos os colaboradores, a padronização e a melhoria contínua de todos os processos, reduzindo a incidência de erros e retrabalhos, o alinhamento entre as diferentes áreas, garantindo a qualidade dos processos e produtos em todas as fases do ciclo florestal de produção, e auditar os mesmos por meio de KPI’s e métricas eficientes, que permitam monitorar todo o processo, desde a muda até o transporte da matéria-prima produzida, a madeira.
 
As empresas do setor de base florestal vêm desenvolvendo diversas ações em diferentes frentes para garantir a qualidade dos processos e produtos florestais, desde a produção de mudas até a madeira entregue na fábrica. 
 
Hoje, a maioria das empresas possuem processos meticulosamente mapeados e contam com avaliações e auditorias de qualidade em até dois níveis, em todas as operações das áreas de silvicultura, colheita, estradas, carregamento e manutenção mecânica para monitorar todos os seus parâmetros de qualidade.
 
Geralmente, a qualidade nas empresas do setor de base florestal inicia-se no viveiro, durante o processo de produção de mudas, onde são avaliadas todas as fases do processo de produção das plantas, desde a coleta de brotos até a carga pronta para ser expedida para o plantio.  



Já no campo, a avaliação da área de silvicultura comumente inicia-se com o combate a formigas, o controle de limpeza de área seguido do preparo de solo, a adubação, as mudas, o plantio, a irrigação, a sobrevivência, os replantios, a ocorrência de pragas e plantas daninhas. 
 
Hoje, praticamente a maioria das empresas do setor de base florestal realiza, aos 120 dias, uma captura de imagens da área com drones, para avaliar a sobrevivência e a homogeneidade das áreas. Além dessa tecnologia de drones, a grande maioria das empresas vem empregando o uso de imagens de satélite para monitorar a ocorrência de plantas daninhas até os 6 meses. 
 
Dessa forma, o produto final da área de silvicultura são as florestas com qualidade, que continuam sendo monitoradas pelas equipes de inventário florestal, a partir de 1,5 ano até o momento do corte. Já na fase de corte e baldeio da floresta na maioria das empresas do setor de base florestal, espera-se que a colheita entregue a área com pilhas localizadas conforme pré-definido no macroplanejamento e com qualidade adequada, que a madeira esteja no tamanho adequado, com o menor percentual de casca e baixa contaminação por sílica. Para isso, geralmente, são monitorados os itens: traçamento, descascamento, desgalhamento, destopamento, sujidade na madeira, qualidade da pilha, localização das pilhas de madeira, altura das cepas e resíduos de madeira pós-baldeio.

Também no processo de carregamento das empresas do setor de base florestal, é monitorada a eficiência do carregamento através da mensuração do tempo de carregamento e da presença de madeira não carregada nos pontos de pilha. 
 
E a qualidade das cargas propriamente ditas. E, em todo processo florestal, é monitorada a qualidade das estradas florestais, por meio da qualidade dos dispositivos de drenagem, da faixa de rolamento, da conservação das obras de arte (pontes, mata-burros e porteiras), da qualidade dos tapers de acesso às fazendas.
 

Praticamente, em todas as áreas das empresas, silvicultura, colheitas, estradas e carregamento, são realizadas avaliações de qualidade das atividades da manutenção. E, geralmente, são monitorados KPIs-chaves: controles, organização do ambiente de trabalho, ferramental disponível e completo e estoque de peças adequado. Usualmente, todas essas métricas, normas e orientações de como proceder aos monitoramentos de qualidade, nas diferentes áreas das empresas, são disponibilizadas através de um sistema de documentação e também em guias de bolso, para facilitar o consumo da informação pelas áreas operacionais.

 
Importante destacar que, para garantir a eficiência, sem onerar o processo de qualidade, as avaliações são realizadas de forma descentralizada, com o envolvimento de todos os colaboradores. Para isso, recomenda-se a divisão em nível 1 e nível 2, como citado anteriormente. No nível 1, os líderes operacionais autoavaliam suas atividades e são auditados internamente pelo nível 2. No nível 2, são realizadas auditorias externas pelos técnicos de qualidade especializados em cada um dos processos e da produção florestal. Os resultados geralmente são consolidados em relatórios e apresentados para a alta gestão, para tratativas e tomadas de decisão que assegurem a garantia da qualidade dos processos e produtos. 
 
Com tantas áreas e atividades monitoradas nas empresas do setor de base florestal, são coletados muitos dados que precisam ser transformados em informação para auxiliar nas decisões. E, para facilitar esse processo, a implementação de tecnologias digitais é fundamental para acelerar a obtenção e o processamento dos dados e as informações de qualidade, bem como a liberação, de forma automática, em dashboards inteligentes para melhor consumo das informações pelas partes interessadas. Porém, o sucesso dos processos de avaliação de qualidade das empresas do setor de base florestal depende de pessoas capacitadas e competentes nos modelos de avaliações e de auditorias, com intuito de permitir que o comprometimento das entregas esteja sempre evoluindo positivamente e contribuindo significativamente para os resultados das empresas.