Responsável pela Área de Desenvolvimento Operacional da VCP
Op-CP-14
Considerando todos os investimentos feitos na área florestal pelo setor, pouco foi investido em tecnologia de silvicultura e manejo. A maior parte dos investimentos foi feita na mecanização da colheita, e na construção e aparelhamento de modernos laboratórios de melhoramento genético. A silvicultura no Brasil evoluiu a partir da agricultura; nas décadas de 60 e 70, eram utilizados métodos convencionais de preparo intensivo do solo em área total (aração, gradagem) e a limpeza do terreno era feita com a queima dos resíduos.
A partir da década de 80, foi introduzido o uso da grade bedding, o primeiro passo rumo à melhoria da conservação do solo para o plantio de florestas. Com a chegada das primeiras fábricas de tratores ao Brasil e com os incentivos fiscais aos plantios florestais fornecidos pelo governo, teve início a mecanização da silvicultura, baseando-se na adaptação de máquinas agrícolas.
Esta vem sendo a tônica da mecanização na área florestal, com a adaptação da tecnologia já existente no mercado agrícola. Embora o setor florestal brasileiro seja expressivo, gerando divisas equivalentes a 3,5 % do PIB nacional, o desenvolvimento de equipamentos para a silvicultura ainda não obteve o respaldo das principais empresas fabricantes de implementos.
Dentro deste contexto, o desenvolvimento florestal é encabeçado pelas empresas florestais, em parceria com entusiastas locais, como pequenas metalúrgicas e oficinas. Salvo estas ações isoladas, pouca atenção é destinada ao mercado da silvicultura. Alguns fatores contribuíram para que a mecanização na silvicultura não evoluísse muito durante os últimos 30 anos.
Algumas das causas que dificultaram o desenvolvimento foi a resistência a mudanças, vocação nacional voltada à produção de grãos, escassez de empresas especializadas em equipamentos florestais, falta de profissionais na área, falta de instituições educacionais com este propósito e a mentalidade de retorno dos investimentos em curto prazo. Esse último fato é facilmente verificado no valor investido em equipamentos para a implantação de florestas, que não ultrapassa 10% do valor investido na colheita, como mostra a figura em destaque. A maioria dos equipamentos que hoje são utilizados na área florestal é remanescente das operações realizadas no início da silvicultura no Brasil.
Novas Tecnologias: As novas tecnologias estão baseadas em sistemas que utilizam recursos avançados da eletrônica, como posicionamento global, controle e aquisição de dados, sensoriamento remoto, atuadores entre outros. Todo este arsenal para melhorar a gestão tem apontado ganhos na agricultura. Diversos trabalhos vêm sendo realizados na agricultura, com o intuito de otimizar a utilização dos insumos e maximizar a produtividade das lavouras.
Muitos estão relacionados ao mapeamento da produtividade ou à infestação por plantas daninhas das lavouras, através da interpolação espacial das informações e a aplicação direcionada dos insumos. A tecnologia necessária para a realização destes trabalhos está disponível, com adaptações no setor florestal. Podem-se citar diversas iniciativas, incluindo controladores eletrônicos de pulverização, controladores para adubação com taxa variável e fixa, sensores de profundidade do solo, controle de formigas, direção assistida, entre outros. Contudo, a introdução destas tecnologias ainda tem acontecido de forma lenta.
A mecanização florestal está dividida em duas áreas distintas: a colheita e a silvicultura. A primeira obteve uma revolução tecnológica e metodológica substancial nos últimos 30 anos, enquanto a segunda incorporou máquinas e implementos utilizados pela agricultura. Durante este período, houve um incessante empenho para melhorias e adaptações destes equipamentos, para uso nos plantios florestais. A tecnologia, desenvolvida rapidamente, foi disponibilizada e absorvida pelo setor agrícola, o que não aconteceu na área de implantação e manutenção de florestas.
O mercado florestal vislumbra novos caminhos, em função dos favoráveis resultados obtidos por algumas empresas pelos investimentos realizados nestas novas tecnologias. As ferramentas destas novas tecnologias demonstraram uma infinita possibilidade de ganhos gerenciais, através do monitoramento das operações, equipamentos com melhor eficiência e racionalização do uso de insumos.