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Carlos Augusto Lira Aguiar

Presidente da Fibria

Op-CP-24

A indústria e as novas fronteiras

A madeira que alimenta a indústria brasileira de celulose, de painéis de madeira industrializada e a siderurgia a carvão vegetal é fornecida pelas florestas plantadas de eucalipto e pinus, devidamente licenciadas e, em sua grande maioria, certificadas pelos critérios do FSC e/ou do Cerflor.

Importante ressaltar que o eucalipto é a matéria-prima para a fabricação da celulose de fibra curta, que, pela sua qualidade, tem ampla aceitação nos mercados internacionais. O Brasil é o principal fornecedor, mercê da alta produtividade alcançada pelas variedades de eucalipto desenvolvidas no País, aprimoradas via seleção genética, tecnologia e clima favorável.

O setor de celulose e papel traz benefícios importantes na questão das mudanças climáticas, pela utilização ecoeficiente de seu principal insumo – a madeira –, por ser ambientalmente correta, renovável, reciclável, que protege o solo e as nascentes, sequestra carbono e ameniza o clima.

A siderurgia a carvão vegetal produzido a partir do eucalipto evita a emissão de gases de efeito estufa produzidos pelo carvão mineral, acumula as vantagens da absorção do dióxido de carbono da atmosfera pelas florestas em crescimento, capitalizando, assim, os créditos por seu reconhecido desempenho como sumidouro de carbono.

É notável como o crescente uso da madeira de florestas plantadas como fonte de energia limpa, a seu turno, tem incentivado a expansão de florestas de eucalipto, como recurso para redução de emissões pela substituição de combustíveis fósseis e pela absorção de dióxido de carbono obtida pelas florestas em crescimento.

A expansão dessas atividades industriais e desses novos mercados, em atendimento ao crescimento da demanda interna e externa, acarreta a necessidade de ampliação do fornecimento de madeira renovável  no País, conduzindo à abertura de novas fronteiras para as florestas plantadas no Brasil.

O Centro-Oeste e o Nordeste do País vêm se tornando as novas fronteiras das florestas plantadas, com destaque para plantios no Mato Grosso do Sul, Tocantins e também no Maranhão e Piauí, com a consequente iniciativa dos governos desses estados de estimular essa atividade.

Novos desafios surgem dessa expansão de fronteiras agrícolas, como a necessidade de desenvolvimento de mudas, em especial do eucalipto, adequadas para as condições edafoclimáticas dessas regiões, com regimes de chuvas diferentes do Sul e do Sudeste e com solos de propriedades bastante distintas dos típicos noSul/Sudeste.

Portanto devemos também considerar que novas fronteiras tecnológicas se apresentam à pesquisa e ao desenvolvimento de mudas que mantenham e até ampliem os valores do Incremento Médio Anual - IMA, item no qual o País é destaque mundial e que lhe confere a competitividade em produtos destinados aos mercados internacionais.

Nessa perspectiva, está a necessidade de desenvolvimento de espécies não somente tolerantes a condições adversas de clima e solo, mas também a pragas e doenças e, em especial, que favoreça e amplie a produção de celulose, a redução do uso de produtos químicos com base na produção ecoeficiente.

Dentre os desafios dessas novas fronteiras, devemos destacar também aqueles que afetam diretamente os custos e a viabilidade das atividades industriais, como a falta de infraestrutura de transporte (por rodovias, ferrovias ou hidrovias) da madeira até as fábricas e dos produtos finais da fábrica até os centros de distribuição e consumo e até os portos, marítimos e fluviais.

Outro desafio é a formação de mão de obra especializada, seja na floresta – no desenvolvimento de viveiros de mudas, no plantio, no cultivo, na colheita e no transporte da madeira –, seja na indústria, em suas diversas etapas de produção. A mecanização, a automação e as novas tecnologias são necessárias para atender à escassez de mão de obra especializada.

E, sobretudo, os desafios da existência de problemas fundiários tradicionais em algumas regiões, trazendo a insegurança jurídica aos investimentos. Outra fronteira tecnológica a ser vencida é a da produção de combustíveis renováveis, nos quais o Brasil já tem uma liderança com o etanol, mas pode avançar muito mais com maior utilização da biomassa em sua matriz energética.

Num momento em que o Executivo se empenha em lançar programas de combate à pobreza, é esse o cenário que as novas fronteiras das florestas plantadas apresentam ao Brasil do século XXI: ciência e tecnologia, mão de obra especializada e infraestrutura atualizada são fatores que trarão o desenvolvimento dessa indústria de base florestal, retendo gente no campo, combatendo a pobreza nas novas fronteiras e desenvolvendo o País.

A aliança entre o setor privado e os poderes constituídos certamente é  o caminho a ser trilhado, conduzindo ao  sucesso dos empreendimentos do setor e apropriando para a economia nacional os benefícios de aumento do PIB e do desenvolvimento social, recursos reconhecidamente  eficazes  para a erradicação da miséria.