Me chame no WhatsApp Agora!

Pedro Jacob Christoffoleti

Professor de Biologia e Manejo de Plantas Daninhas da Esalq-USP

Op-CP-14

Manejo integrado de plantas daninhas em povoamentos florestais

O sucesso econômico de um empreendimento florestal comercial de madeira só é alcançado se a implantação e a formação inicial da floresta são feitas de forma tecnicamente correta, utilizando boas práticas agrícolas, pois povoamentos florestais homogêneos são culturas de longo prazo e pequenos erros em sua implantação resultarão em severos efeitos na lucratividade final.

Dentre as práticas culturais de implantação, destaca-se que o manejo integrado de plantas daninhas tem importância fundamental. Ele envolve a construção de um plano estratégico durante a implantação e formação inicial da floresta, incorporando diversas ferramentas, em sintonia com os objetivos do silvicultor. Aplicações de medidas de controle das plantas daninhas devem ser executadas no momento adequado, nas intensidades corretas e utilizando as medidas de controle mais apropriadas.

Os métodos são os mais variados possíveis e tem-se verificado uma grande evolução dos mesmos. Na área florestal, entretanto, a prática do controle de plantas daninhas praticamente se restringe aos métodos de controle manual, mecanizado e/ou químico. A escolha do método de controle considera diversos fatores como mão-de-obra, necessidade de equipamentos, período efetivo de controle e riscos de contaminação ambiental.

Os herbicidas têm sido a opção mais utilizada, devido à sua praticidade, rapidez, menor custo e baixo risco de contaminação ambiental, quando utilizados de acordo com as recomendações de boas práticas. Antes do plantio de um povoamento florestal uniforme, é imperativo que sejam removidas plantas daninhas de propagação vegetativa, bem como reduzido o banco de sementes. As operações realizadas com este objetivo são, normalmente, executadas através da integração de métodos mecânicos e químicos, utilizando herbicidas de ação total - não seletivos.

No entanto, a tendência da silvicultura atual é a implantação através da técnica de plantio direto, onde o herbicida dessecante assume um papel muito importante no processo. Na reforma das áreas de eucalipto, onde não há a recondução da rebrota das plantas, além da eliminação da infestação daninha já mencionada, também é necessária a eliminação da brotação das cepas da cultura anterior, mecanicamente ou através da aplicação de herbicidas de ação total, e de translocação eficiente, aplicado no toco, logo após o corte ou sobre as brotações, em fase inicial de desenvolvimento.

Após a implantação dos povoamentos florestais homogêneos, a maioria dos sistemas de produção no Brasil utiliza herbicidas pré-emergentes na linha de plantio, observando aspectos relacionados como seletividade para a cultura, espectro de controle das plantas daninhas, residual e impacto ambiental. A eficácia dos herbicidas residuais utilizados depende não somente das características físico-químicas do herbicida, mas também dos atributos do solo, dos fatores ambientais e das práticas adotadas nos sistemas de produção dos povoamentos.

Estes fatores afetam o comportamento dos herbicidas e, como conseqüência, sua eficácia e controle das plantas daninhas e seu impacto no meio ambiente. Portanto, a tomada de decisão quanto à molécula a ser utilizada, o momento de aplicação e a dose, deve ser fundamentada no conhecimento das características físico-químicas do produto, atributos do solo, nas condições climáticas, no sistema de produção adotado e na interação destes fatores.

O controle em condições de pós-emergência das plantas daninhas, após a implantação do povoamento florestal, é feito através de capinas manuais ou herbicidas, aplicados em jato dirigido, evitando atingir a folhagem da cultura. É fundamental que a aplicação seja feita de forma a evitar deriva à folhagem e ao colo das plantas cultivadas, pois a deriva pode provocar efeitos fitotóxicos de redução de crescimento.

Durante o primeiro ano de estabelecimento da cultura, é recomendável a manutenção de faixa de 2 a 3 m na entrelinha da cultura, que traz as vantagens de: reduzir a compactação do solo, proteção do solo contra a erosão, aumento da biodiversidade, redução do ataque de pragas e menor consumo de herbicida. Nesta técnica é importante que seja considerado o desenvolvimento radicular da cultura na entrelinha e a interferência direta que pode ocorrer com o sistema radicular da planta daninha.

O manejo de plantas daninhas após um ano da implantação da floresta pode ser executado por beneficiar o sistema de produção, facilitando o combate à formiga, reduzindo o risco de incêndio e o potencial de infestação na próxima rotação e, melhorando o aproveitamento das adubações tardias, no entanto, coloca em xeque a questão da biodiversidade.

O objetivo principal do manejo integrado de plantas daninhas é evitar a interferência negativa com os povoamentos florestais homogêneos no aproveitamento dos recursos de crescimento disponíveis. O herbicida desempenha um papel fundamental neste processo, porém a racionalidade de seu uso e o impacto ambiental devem ser levados em consideração no momento do planejamento e utilização. Em conclusão, a melhor prática de manejo de plantas daninhas é a implantação adequada da cultura em todos os seus aspectos culturais, para que a floresta domine, rapidamente, os nichos ecológicos existentes e não permita o desenvolvimento e a interferência das plantas daninhas.