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Pasi Niemelainen

Diretor Geral da Savcor Brasil

Op-CP-13

Logística florestal: tecnologia no campo, no escritório e nas estradas

Nos últimos dois anos, o setor florestal brasileiro equipou-se com tecnologias que, decididamente, imprimiram inteligência ao negócio e ajudaram a gerir, não uma empresa, mas um organismo vivo: as florestas. Na verdade, todo esse processo de modernização está profundamente ligado às mudanças no mercado global. Hoje, as grandes empresas, com ativos florestais instaladas no Brasil, concorrem contra empresas igualmente grandes e capitalizadas, instaladas em outros continentes.

Para vencer esta batalha, é fundamental contar com soluções avançadas de gestão florestal – compostas de software, dispositivos físicos e um conjunto de serviços especializados, que consigam, de fato, trazer para o gestor todos os dados dos quais ele necessita para produzir de forma sustentável e perene e para negociar globalmente. Os melhores sistemas de gestão florestal, hoje, são aqueles que abrangem todo o processo, desde a produção de mudas, colheita, transporte, até a entrega da madeira nas fábricas.

Enquanto nas sedes, sofisticadas soluções de gestão levam, aos executivos de todas as áreas, informações frescas sobre produção, venda e logística, os mesmos avanços também já podem ser notados no campo. Hoje, é comum que as equipes de campo estejam equipadas com dispositivos móveis, não apenas para carga de dados, mas também para consultas.

O que mais chama a atenção, no entanto, são os dispositivos integrados às máquinas de colheita, tecnologia capaz de acompanhar e registrar a produção em termos volumétricos e qualitativos, bem como monitorar a situação atual da máquina, em termos de pressão, temperatura e desgastes. A nova tecnologia em campo registra, ainda, o posicionamento do equipamento, através de dispositivos de GPS.

Mais do que soluções pontuais usadas em campo ou no escritório, essa nova geração de dispositivos e sistemas destaca-se por operar de forma totalmente integrada. Com isso, dados colhidos em campo e consolidados nos sistemas de gestão florestal são totalmente integrados aos grandes sistemas de negócios das empresas, as soluções de ERP - Enterprise Resource Planning.

Essa visão ampliada sobre o universo da empresa com ativos florestais inclui, até mesmo, os caminhões de transporte de madeira ou as composições e locomotivas utilizadas para este fim. Em relação aos dispositivos móveis, vale dizer que seu custo mais acessível e avanços tecnológicos, como maior usabilidade e novos recursos, aumentaram ainda mais os atrativos desses equipamentos. A evolução nesta área é constante.

Há dois ou três anos, equipamentos com apenas algumas centenas de Kb, rodando em um sistema operacional nebuloso e totalmente limitado, era tudo que o mercado encontrava. Hoje, existem equipamentos bastante poderosos, munidos de recursos atraentes e, como não poderia deixar de ser, atuando de forma sincronizada com o ERP da empresa. Com isso, é mais fácil manter um cadastro de dados, mapas e imagens realmente atualizado e controlar a colheita e o transporte.

Boa parte dessa tecnologia já está em uso, mas sua eficácia dependerá de estar conectada a sistemas de gerenciamento que sejam, ao mesmo tempo, eficazes e intuitivos. Somente dessa forma a empresa poderá agregar valor e justificar o investimento nesse segmento, garantindo, assim, um retorno consistente.

Central de logística e laser aerotransportado: Outro fator crítico, no qual a tecnologia tem muito a contribuir, está relacionado à integração dos processos de campo e estradas, graças à utilização das tecnologias GPRS, Bluetooth e Wi-fi. Com essas melhorias na infra-estrutura de comunicação, a sincronia entre os dispositivos móveis e a retaguarda de processamento nos escritórios, em uma central de logística, estão garantidas.

Além de reunir dados de estoque de campo, localização de máquinas e equipes, essa central integra também dispositivos de localização dos próprios caminhões de transporte de madeira ou ainda nas composições e locomotivas para as empresas que utilizam diversos modais. Projetos de implementação de centrais de logística geralmente são complexos, extensos e demandam muito da equipe de gestores; o retorno, entretanto, é visível.

Em geral, empresas que investem em centrais de logística apresentam reduções de despesa de, pelo menos, 1 a 3%, no processo. Dependendo do porte da empresa, isso significa uma economia de despesas de algumas dezenas de milhões de dólares no ano. Dentro do universo de soluções tecnológicas para gestão florestal, merecem destaque, ainda, os sensores a laser aerotransportado, uma importante ferramenta de suporte para a equipe de colheita florestal.

Desenvolvida já há algum tempo, essa tecnologia passou, recentemente, por uma significativa redução de custos. Curiosamente, essa tecnologia era vista somente como ferramenta de suporte à equipe de inventário e planejamento florestal. A extraordinária qualidade dessa tecnologia, no entanto, tem contribuído, de modo efetivo, para a construção de modelos da melhor configuração do sistema de colheita, de acordo com cada uma das regiões florestais. Por essa razão, é possível afirmar que os sensores a laser aerotransportados trabalham a favor da sustentabilidade.

Essa tecnologia a laser vem sendo muito estudada na Europa e na América do Norte, principalmente nas áreas de difícil acesso. Os resultados desta tecnologia são cada vez melhores e mais promissores, tanto nos aspectos técnicos, quanto financeiros. Nesses países, os levantamentos têm sido feitos não apenas para determinação quantitativa, mas também qualitativa da madeira. Tudo isso mostra que, em breve, deveremos ingressar em uma nova era de levantamentos florestais.

No Brasil, algumas empresas já realizaram levantamentos baseados em laser aerotransportado e essas experiências mostraram que essa solução combina com a dinâmica e a velocidade de crescimento de nossas florestas. O setor florestal brasileiro já avançou muito em termos de desenvolvimento tecnológico. Daqui para frente, no entanto, a presença de soluções para gestão florestal em campo, nas estradas e nas ferrovias será cada vez mais forte, minimizando perdas, riscos, combatendo fraudes e até roubos de cargas. É um caminho sem volta e que coincide com a evolução e consolidação desse setor da nossa economia.