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Fernando Palha Leite

Coordenador P&D Florestal da Cenibra

Op-CP-61

Estratégia de controle de plantas daninhas
A redução da produtividade dos plantios de eucalipto no Brasil observada nos últimos anos,  tanto nas regiões de novas fronteiras como em locais com maior tradição de plantio, reforça a importância da adoção das melhores práticas de manejo silvicultural como pré-requisito para a manutenção e o aumento da produtividade dos plantios de eucalipto.

Chegamos a um momento no qual somente os benefícios proporcionados pela natureza (clima e solo) já não são suficientes para sustentar os patamares de produtividade obtidos em rotações passadas. Dentre os fatores que controlam a produção vegetal, no grupo dos fatores biológicos, está a competição interespecífica, que acontece entre a planta de interesse comercial (no caso, o eucalipto) e as demais plantas existentes na área de plantio, que competem com o eucalipto por água, nutrientes e radiação.

Quando esses recursos não são suficientes para esses dois grupos de plantas, as que não são objeto de interesse comercial são denominadas plantas daninhas. Convivendo em uma mesma área, as plantas daninhas reduzem a produtividade da planta de interesse comercial. Portanto  a redução dessa concorrência é necessária em qualquer processo comercial de produção vegetal.

O controle de plantas daninhas, apesar de ser uma prática comum nos setores agrícola e florestal, definitivamente não pode ser considerada uma atividade trivial. A estratégia da Cenibra para o manejo de plantas daninhas em seus plantios de eucalipto localizados na região centro-leste do estado de MG foi elaborada a partir de vários trabalhos conduzidos pela área de pesquisa florestal da empresa. Esses trabalhos tiveram como objetivo responder aos seguintes questionamentos:
 
1. Quais são as perdas de produtividade dos plantios causadas pelas plantas daninhas?
2.  Quais são as plantas daninhas presentes nas áreas da empresa e quais são suas características?
3.  Qual o momento mais indicado para realizar a atividade de controle das plantas daninhas?
4.  Quais herbicidas são os mais indicados para o manejo realizado pela empresa?
5. Qual tecnologia de aplicação é mais compatível com as condições de trabalho da empresa?
6. Todos os funcionários envolvidos na atividade estão devidamente capacitados?
7. Quais os indicadores críticos da atividade que devem ser controlados para análise da qualidade das aplicações de herbicida?

Atualmente, a empresa dispõe de uma base consistente de informações para responder aos questionamentos citados anteriormente. Com relação aos prejuízos (perdas de produtividade), a partir de experimentos realizados em todas as regiões de atuação da empresa, foi possível conhecer a real magnitude desse impacto para as diferentes fases do povoamento, definindo qual deve ser o período de controle (número de dias no limpo) e  também qual pode ser o período de convivência (tempo de tolerância) do eucalipto com as plantas daninhas. 

Essas informações são essenciais na definição de quanto a empresa pode investir na atividade de controle das plantas daninhas. Para ampliar o conhecimento a respeito dos tipos de plantas daninhas existentes nas áreas da empresa, foram realizados trabalhos de identificação botânica dessas plantas. Foram identificadas 387 diferentes espécies, de 224 gêneros e 67 famílias.

Essa situação evidenciou a necessidade de adoção de estratégias de controle diferenciadas para os diferentes grupos de plantas daninhas encontrados. Outro grande desafio foi estruturar e operacionalizar um sistema de monitoramento e de indicação da priorização das áreas para controle.

Atualmente, esse monitoramento é realizado por equipes de campo que utilizam um aplicativo desenvolvido pela área de qualidade florestal. Nesse aplicativo, são feitos os registros dos níveis de infestação e dos tipos de plantas daninhas encontrados nos talhões. Os relatórios gerados pelo aplicativo indicam se os monitoramentos foram realizados dentro dos prazos e também priorizam quais talhões devem ser controlados no mês seguinte ao monitoramento, servindo de base para elaboração das ordens de serviços emitidas pela equipe operacional.
 
A definição dos herbicidas mais apropriados para serem utilizados foi outro ponto muito trabalhado. Nenhum produto é recomendado operacionalmente sem antes ser submetido a experimentos nas áreas da empresa. A partir desses experimentos, são definidos quais produtos têm potencial de serem utilizados.

Para alguns produtos, são feitos ajustes nas doses: muitas vezes, a dose mais eficiente para a condição específica da empresa é diferente da dose recomendada pelo fabricante. Os produtos são definidos basicamente em função do tipo das plantas daninhas e da idade dos plantios.

Atualmente, são utilizados produtos distintos para três categorias de plantas (1.  plantas de fácil controle; 2. plantas anuais de difícil controle e 3. plantas de folhas largas perenes). Com relação à fase de desenvolvimento das plantas daninhas, são utilizados produtos em pré e em pós-emergência, existindo um produto específico para a pré-emergência em pré-plantio e outro para pré-emergência em pós-plantio. 

Para atender a todas as situações, são utilizados seis diferentes herbicidas. Quanto à tecnologia de aplicação, além das variáveis mais comuns (tipo de planta daninha e idade do plantio), a condição do relevo dos talhões também tem influência na definição do tipo de pulverizador, tipo de ponta e de pressão de trabalho.

Um ponto crítico da aplicação é a definição das pontas de pulverização: atualmente, utilizamos 4 diferentes tipos de pontas nas aplicações manuais e 8 pontas nas aplicações mecanizadas. Em relação às pessoas, além dos treinamentos de rotina realizados com os funcionários que realizam a aplicação de herbicida, também foi estruturado e  realizado um programa de capacitação para as demais pessoas envolvidas na nessa atividade, como os analistas, supervisores e monitores.

Para fechar o ciclo da estratégia de manejo, são realizados controles de qualidade das equipes, dos equipamentos de aplicação e da efetividade dos controles realizados. A implementação dessa estratégia de manejo de plantas daninhas foi uma das causas do aumento de produtividade dos plantios da empresa nas últimas rotações (aumento de 22,3% na produtividade dos plantios atuais em relação aos plantios realizados até o ano 2000) e também foi importante para amenizar as perdas de produtividades observadas pontualmente nos anos onde houve uma redução significativa de chuvas nas áreas de atuação da empresa. 

Nos anos de 2014 a 2017, a precipitação pluviométrica anual ficou 24,7% abaixo dos valores históricos e, mesmo nessa condição bastante adversa de disponibilidade de água, as perdas em produtividade medidas nos plantios da empresa, nesse período, foram menores que 3%.

Como benefícios indiretos do efetivo controle das plantas daninhas, podemos citar a redução de eventuais danos causados aos plantios por incêndios florestais, a melhoria na qualidade e no rendimento de atividades como controle de formigas e adubação dos plantios. O somatório desses benefícios tem sido fundamental para a Cenibra garantir a sustentabilidade de seu processo de produção de madeira.