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Rafael Farinassi Mendes

Doutorando da Universidade Federal de Lavras

Op-CP-29

Tendências do setor de painéis de madeira

O setor de painéis de madeira tem apresentado grande crescimento no Brasil e no mundo, em função de fatores como a modernização do parque fabril, a busca por novos produtos e o aumento da demanda dos setores de construção civil e de móveis, seus principais consumidores.

Além disso, os painéis apresentam algumas vantagens em relação à madeira maciça, dentre as quais o seu alto aproveitamento, a não necessidade de madeira de boa qualidade, a obtenção de um produto com maior homogeneidade e por ser relativamente leve e altamente resistente.

Atualmente, o Brasil se destaca no cenário mundial de painéis de madeira, apresentando parques industriais modernos, com prensas contínuas de grandes dimensões e processos totalmente automatizados, o que permite uma alta flexibilidade operacional e, consequentemente, a obtenção de produtos com diferentes dimensões.

Produtos como painéis de madeira do tipo MDP (Medium density particleboard) e MDF (Medium density fiberboard) apresentam-se com o maior potencial de produção, sendo que o mercado interno consome toda a produção de MDP e quase totalmente a produção de MDF, tendo, além das perspectivas bastante animadoras do mercado interno, um mercado externo ainda pouco explorado, fazendo com que as empresas trabalhem com a opção da expansão e criação de fábricas. Neste momento, o governo acaba de retirar o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) de alguns painéis de madeira e de laminados para revestimento.

A redução é prevista até o final do mês de setembro deste ano, contudo já se fala em aumentar o prazo até o final do ano. A atitude tem por intuito aumentar o consumo de móveis no Brasil e impulsionar ainda mais esse setor da economia.

No caso dos painéis utilizados para a construção civil, fala-se em redução do IPI até o final de 2013. Tal medida viria ajudar bastante o segmento de painéis compensados, que passa por uma fase um tanto quanto desanimadora, visto que sofre forte diminuição da produção desses painéis, inclusive com o fechamento de algumas empresas de pequeno porte.

Dois fatores contribuem para a atual situação do compensado: um deles é a concorrência direta dos painéis OSB (Oriented strand Board), painel com custo de produção inferior, pois apresenta maior aproveitamento da madeira; o outro é uma forte concorrência externa da China, já que grande parte da produção de compensado é voltada para o mercado externo, principalmente para os Estados Unidos, e pela política da China de desvalorização da sua moeda, forçando uma alta taxa de câmbio, fazendo com que outros países, inclusive os EUA, passem a comprar dela.

Devido a essa grande diferença cambial, os dados de produção e de importação dos painéis revelam que os próprios Estado Unidos – por muito tempo, o maior produtor mundial de compensado – passaram a reduzir sua produção, porque passa a ser mais vantajoso a importação do produto da China. Já no caso dos painéis OSB –. muito produzido e utilizado nos EUA e no Canadá – ainda está em processo de consolidação no Brasil visto que o País apresenta apenas uma unidade fabril, que está voltando sua produção para sistema do tipo Wood frame, ou seja, produção de casas com painéis OSB.

No entanto a recepção dos consumidores ainda é muito pequena, devido, principalmente, à falta de conhecimento do produto e à tradição de construção a base de cimento.

Com o crescimento da indústria de painéis de madeira, aumentam as pesquisas direcionadas para o setor, as quais estão sendo concentradas na melhoria da estabilidade dimensional, principalmente no caso dos OSB; na qualidade do acabamento superficial; na proteção contra xilófagos e fogo; na busca de adesivos naturais alternativos; na modelagem do comportamento físico-mecânico dos painéis durante a prensagem a quente; e na busca de novos tipos de matérias-primas que possam vir a suprir, qualitativa e quantitativamente, o crescimento do setor. Sendo assim, de forma geral, o setor de painéis de madeira se mostra com grande potencial de crescimento.

Os centros de pesquisas e universidades estão em sintonia com as empresas, no desenvolvimento de pesquisas que visem à obtenção de novos produtos e à melhoria de sua qualidade final, para que eles possam atingir, cada vez mais, diferentes nichos de mercado.