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Horácio Lafer Piva

Presidente do Conselho Deliberativo da Bracelpa

Op-CP-05

O papel das plantações florestais

Segundo dados de 2005, da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o planeta dispõe de 140 milhões de hectares de plantações florestais, que ocupam 3,8% da área florestal da Terra. São espaços que fornecem matéria-prima renovável, reduzem os impactos do desmatamento e mitigam o efeito estufa.

Outros indicadores da FAO comprovam a importância da atividade: de 2000 a 2005, o desmatamento global foi de 13 milhões de ha/ano e a área plantada aumentou 2,8 milhões de ha/ano. As plantações repuseram 22% da devastação florestal e supriram 35% da demanda mundial de madeira. Avaliando os números, a conclusão beira à obviedade. Se tivéssemos o triplo da área atual de plantações florestais, não seria necessário acessar florestas nativas para fins industriais.

Plantar florestas possibilita: obter madeira de qualidade homogênea, com produtividade maior que a de florestas naturais; otimiza operações de manejo e logística; reduz custos e agrega conservação do meio ambiente e valores sociais.

No Brasil, uma diversificada cadeia de produtos, originados de florestas plantadas, presentes no dia-a-dia de todos nós, gerou, em 2005, um valor adicionado de US$ 20 bilhões (3% do PIB); exportações de US$ 4,7 bilhões (4%); superávit comercial de US$ 3,8 bilhões (8%) e tributos de US$ 3,8 bilhões (1,8%), além de empregar 2,3 milhões de pessoas, direta e indiretamente. Isto tudo alicerçado, principalmente, em 5,2 milhões de hectares de plantações de eucalipto e de pinus, que ocupam 0,6% do território nacional e parcela diminuta da área agrícola do país.

A indústria brasileira de celulose e papel tem, na madeira oriunda de plantações florestais de eucalipto e pinus, sua matéria-prima básica. Com 10,4 milhões de toneladas de celulose e 8,6 milhões de toneladas de papel, o Brasil ocupa, respectivamente, as 7ª e 11ª posições no ranking mundial dos países produtores; exportou, no último ano, US$ 3,4 bilhões, e é líder no mercado internacional de celulose branqueada de eucalipto.

O aporte de US$ 14,4 bilhões, previsto pelo setor até 2012, dos quais US$ 2 bilhões para plantios, permitirá aumentar a capacidade produtiva em mais 50%, assegurar crescimento contínuo, gerar milhares de empregos, elevar as exportações em 55% e incorporar mais áreas de preservação. Clima e solo favoráveis, disponibilidade de terras, capacidade organizacional, formação de expertises e mão-de-obra qualificada, rápido crescimento e conhecimento tecnológico, incluindo a biotecnologia, resultante de décadas de investimentos em pesquisas cooperativas entre universidades e empresas, permitiram alcançar índices de produtividade dez vezes superiores aos de outros países.

Atualmente, as empresas de celulose e papel detêm 1,7 milhão de hectares com eucalipto e pínus e preservam 2,6 milhões de hectares de matas nativas, excedendo os requisitos da legislação ambiental. O uso exclusivo de madeira de plantações florestais bem manejadas, dispostas em mosaicos, interligados à vegetação natural, reduz a pressão sobre florestas nativas, protege os recursos hídricos e a biodiversidade e restaura solos, exauridos por outros usos intensivos.

Num contexto ambiental mais amplo, o manejo está voltado para o equilíbrio entre produção e proteção da natureza. Se não fosse assim, não seria possível continuar operando nos mesmos sítios, com produtividades crescentes, ao longo de mais de 50 anos, como é o caso das áreas próprias do setor. O fomento florestal para pequenos e médios proprietários de terras tem sido formidável para a expansão sadia do setor e para a sustentabilidade do meio rural.

Além de fixar gente no campo e assegurar renda futura, devido à garantia de compra da madeira, o fomento otimiza o aproveitamento de terras ociosas e promove adequação ambiental de propriedades rurais, mediante planejamento e transferência de tecnologia. As empresas também se beneficiam, devido a menor imobilização de capital em terras e equipamentos.

Nesse modelo de produção, que inclui sistemas agroflorestais, mistos ou silvipastoris, parte do trabalho das empresas e da geração de riquezas é delegado aos produtores independentes, que se tornam partícipes do mercado global de celulose e papel. É a reforma agrícola voluntária, no nível da propriedade rural e no nível regional em que atuam as empresas. Em 2005, cerca de 25% dos plantios florestais foram realizados via fomento.

Na próxima década, mais de 40 milhões de metros cúbicos de madeira serão supridos anualmente por terceiros, o que configura um novo cenário de atuação e de relação de mercado, que irá consolidar arranjos produtivos locais. Em sua trajetória de sucesso, o setor inovou na produção comercial de celulose e papel de eucalipto; promoveu o uso múltiplo da madeira de pinus e de eucalipto; apostou em tecnologias de ponta; promoveu o uso da biomassa como recurso energético; levou o País à condição de exportador de produtos de classe mundial; certificou suas florestas; e inseriu-se de modo competitivo no comércio global.

Credenciado pela ética e transparência perante mercados que só adquirem produtos de empresas comprometidas com a responsabilidade socioambiental, o setor é considerado como o que mais respeita o meio ambiente e tem sido referenciado, no Brasil e no exterior, como exemplo para outros segmentos produtivos. Apesar dos benefícios atrelados às plantações florestais, empresas têm sido alvo de críticas de alguns movimentos ambientalistas e sociais, geradores de fatos polêmicos, a partir de argumentos inconsistentes.

Mitos que ofuscam a realidade precisam ser esclarecidos para que o Brasil não desperdice oportunidades de gerar mais benefícios para a população. Uma comunicação mais ajustada e que encontre desprendimento por parte dos críticos permitirá que se entendam as reais dimensões das plantações florestais. O setor de celulose e papel reafirma sua disposição de manter-se aberto ao diálogo construtivo e conciliador na busca de soluções que induzam ao aprimoramento do convívio harmonioso e à inserção, da melhor maneira possível, das comunidades e cidadãos, no futuro que virá.