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Edimar de Melo Cardoso

Diretor de Operações da Aperam BioEnergia

AsCP24

A floresta plantada e o planeta
O setor de florestas plantadas de eucalipto vive um momento histórico no Brasil, com o reconhecimento cada vez maior de sua importância diante dos desafios que o aquecimento global impõe. Os números falam por si: o Brasil tem cerca de 10 milhões de hectares de árvores cultivadas e é responsável por conservar outros 6,7 milhões em mata nativa, de acordo com a Indústria Brasileira de Árvores (Ibá). 
 
Um estudo feito pelo Instituto de Ciências Agrárias (ICA) da UF-MG dá a dimensão do que esse volume representa para o Planeta, ao calcular que cada hectare de floresta de eucalipto remove cerca de 187 toneladas de carbono da atmosfera, em um ciclo de sete anos. A pesquisa foi realizada nas regiões de Cerrado dos Vales do Jequitinhonha e do São Francisco, em Minas Gerais.

Essa é uma atividade que tem evoluído muito em práticas sustentáveis associadas ao uso de tecnologia de ponta. No caso da pesquisa da UF-MG, os cientistas detalharam o processo de produção da madeira, em silvicultura, colheita, gestão e transporte, observando em cada etapa a parcela de CO2 emitida e absorvida pela floresta. Apesar de a emissão das máquinas envolvidas gerar 15,4 toneladas de CO2 por hectare, ainda assim a carga de sequestro de carbono cria um balanço altamente positivo. Apenas esse fator já faria das árvores cultivadas um dos maiores ativos da atualidade, em um mundo assustado com os impactos dos eventos climáticos cada vez mais extremos. E ainda não estamos falando das inúmeras possibilidades de geração de renda e compensação de emissões com a geração de bioprodutos de alto valor agregado na silvicultura.

As projeções de crescimento para o setor são extremamente positivas, a despeito dos desafios econômicos globais. A Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) calcula que o setor florestal no Brasil investirá cerca de R$ 90 bilhões até 2028, impulsionado pela competitividade crescente dos bioprodutos, associado ao uso inteligente da terra, respeito à natureza e cuidado com as pessoas.

O país é uma referência global nesse setor, com as plantações mais produtivas do planeta, graças ao investimento maciço das empresas em práticas sustentáveis de manejo e no desenvolvimento de clones melhorados geneticamente. Dessa forma, as florestas de eucalipto não apenas produzem uma madeira de alta densidade como trazem benefícios comprovados ao solo e ao ambiente, ajudando a restaurar ecossistemas degradados e atuando como protagonista na consolidação de um modelo produtivo totalmente alinhado ao futuro que queremos para os nossos filhos e netos.

Essas ações incluem, por exemplo, maior concentração de plantio em período chuvoso, construção de caixas de contenção nas florestas, contribuindo para a infiltração de água das chuvas no solo e evitando erosões nas estradas, a construção de piscinões para acúmulo de água da chuva e utilização nos processos, recirculação e otimização de água, além do desenvolvimento de cursos de capacitação para construção de fossas sépticas nas comunidades, recuperação de áreas degradadas e recuperação e proteção de nascentes.

Hoje é praticamente regra de boas práticas que, na maioria das áreas cultivadas, após a colheita, cascas, folhas e galhos que possuem a maior parte dos nutrientes da árvore permaneçam no local para serem incorporados ao solo como matéria orgânica, aumentando sua permeabilidade, melhorando também sua fertilidade e estrutura, além de ampliar a micro e macrofauna. No período chuvoso, por exemplo, esse material orgânico absorve e retém a água que cai no solo, evitando possíveis erosões. A floresta, natural ou plantada, funciona como um amortecedor para o solo. Parte da chuva é interceptada pelas copas e troncos, chegando ao solo com menos impacto e infiltrando maior volume de água.

Para corroborar o bom momento do setor, em 31 de maio de 2024 foi sancionada nova lei em que a silvicultura foi excluída do rol de atividades potencialmente poluidoras, corrigindo uma injustiça histórica com o setor. Sem dúvida, o Brasil reconhece cada vez mais o seu potencial e abre caminho para o crescimento cada vez maior da silvicultura de alta tecnologia e, desta forma, empurra a agroindústria florestal para o seu lugar de destaque em um planeta que precisa ser cada vez mais sustentável.