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Paulo Renato Jotz

Diretor de Marketing da Creare Sistemas/GoAwak

Op-CP-62

Tecnologia: um fator decisivo para a automação da logística
A Quarta Revolução Industrial, que nos trouxe o conceito de indústria 4.0 e cujas tecnologias têm permitido melhorias significativas nos diversos processos industriais, tem, de forma similar, promovido profundas transformações no setor florestal em um curto espaço de tempo.

Dentre elas, destaca-se a obtenção de dados decorrentes da digitalização de processos e que proporcionam informações valiosas para um aprimoramento da gestão das operações florestais. Dados obtidos em campo com o apoio da tecnologia, ao serem disponibilizados em tempo real à equipe de gestão, permitem a tomada de ações imediatas, que visam corrigir os típicos problemas de campo, ou mesmo minimizar efeitos ocasionados por imprevistos que ocorrem nos processos de colheita e movimentação de madeira. 
 
Podemos citar, como exemplo, um gestor operacional que, ao saber de uma pane de uma grua de carregamento, poderá imediatamente acionar o socorro mecânico ao mesmo tempo em que irá realocar os caminhões que estavam se dirigindo àquela grua para uma outra frente de trabalho. A redução dos impactos negativos que decorrem dessas falhas e imprevistos de campo é gritante.
 
A captura e a combinação adequada desses dados transformam-nos em informações úteis para a criação de indicadores, o que permite aos gestores analisar, ao longo do tempo, a melhoria de desempenho e produtividade dos diversos ativos e recursos humanos envolvidos nas operações.

Essa tecnologia que possibilita a coleta e a transmissão dos dados de campo, centralizando-os em um local único de comando e controle; oferece também uma otimização dos recursos envolvidos no gerenciamento; agiliza a tomada de decisões e o envio delas para os diversos atores, como líderes de frentes de trabalho, operadores de máquinas, motoristas, encarregados de manutenções, entre outros. 
 
Dentre os diversos equipamentos que compõem esse avanço tecnológico, destacam-se computadores de bordo para monitoramento e telemetria de máquinas e veículos, receptores GPS e tablets automotivos, que são bem aproveitados como uma interface homem-máquina intuitiva e amigável.

A comunicação de dados entre veículos e centro de controle ocorre através da rede celular, wi-fi, bluetooth, LoRA e também via satélite. As empresas, ao mesmo tempo em que investem em tecnologias para maior produtividade, também direcionam seus esforços para garantir a segurança das operações.

Para isso, utilizam sistemas de videomonitoramento embarcado, que, além de câmeras convencionais, possuem módulo para monitoramento da fadiga e distração ao volante e câmera ADAS para alertas de colisão frontal, desvio de pista e detecção de pedestres nas proximidades.
 
Na colheita, as máquinas podem ter seus computadores integrados com as novas tecnologias, permitindo a leitura dos dados típicos de produção, como quantidade de árvores cortadas, número de toras formadas, etc. Tais dados são integrados com a identificação da máquina e do operador, com a sua localização (fazenda/talhão), o tempo de operação, data/hora de início e fim de trabalho, informações do motor, etc., e transmitidos via satélite a cada x minutos para a plataforma na nuvem.
 
Já nos processos de carregamento e transporte de madeira, as tecnologias permitem registrar eventos de chegada na fazenda, tempos em fila, em fábrica, no carregamento, na chegada e saída do campo, tempo de deslocamento, motivos de parada, refeição e outros. Dentro das fábricas, na balança, há a necessidade de integrar, de forma automática, o peso da composição com os dados da carga de madeira. 

E, para isso, as empresas fazem uso intensivo da tecnologia de RFID (identificação por rádio frequência), com tags instaladas nos veículos e carretas e unidades de leitura posicionadas em locais de passagem de veículos. Displays e painéis de mensagens indicam aos motoristas os próximos locais de destino dentro do site industrial. 
 
Tais soluções tecnológicas requerem uma quantidade significativa de softwares com aplicações em nuvem, bancos de dados, aplicativos em dispositivos móveis, APIs, web services, interfaces para integração com softwares legados, dashboards/painéis de controle, relatórios tipo BIs (Business Intelligence) com diversas possibilidades de filtros (por período, por máquina, por operador, por fazenda/talhão), entre outros.
 
O centro de controle, acessando a plataforma, visualiza, através de dashboards, relatórios e mapas digitais, as localizações das máquinas, informações do estoque de madeira no chão, comparativo do planejado x realizado, quantidade de pilhas produzidas, relatórios com desempenho dos operadores e máquinas, consumo de combustível, infração de operação (RPM, velocidade, saída da área de trabalho, tempo ocioso, etc).

O tablet permite que o operador insira as atividades que estão sendo realizadas e viabiliza a exibição de vídeos instrutivos sobre a operação do equipamento e vídeos de segurança, bem como a execução de checklists digitais nos inícios e fins de cada turno. O avanço tecnológico da indústria 4.0 e seus desdobramentos para a criação de uma logística florestal de nova geração já é uma realidade.

Ainda assim, há um grande gap entre as tecnologias já disponíveis e o que de fato está sendo implementado e com uso consolidado na prática. Esse gap se dá por um conjunto de fatores relacionados ao trinômio tecnologia-pessoas-processos, onde processos e tecnologias precisam adaptar-se entre si para que funcionem de maneira eficiente, respeitando suas características e limitações, e as pessoas precisam ser capacitadas para entender e utilizar essas tecnologias e os novos processos.

Isso requer planejamento, esforço, investimento e disciplina. E leva tempo. As empresas que conseguem incorporar, com eficiência, as novas tecnologias em prazos razoavelmente curtos são as que obtêm maior produtividade e lucratividade, liderando e definindo os indicadores de desempenho e tornando-se benchmarking do segmento.