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André Germano Vasques

Gerente de Operações da Foxx Haztec

OpCP45

A limpeza da bacia de inundação em usinas hidrelétricas
Com as suas raízes no extrativismo, os modelos de negócios florestais evoluíram, desde a prática da exploração ordenada e a silvicultura de produção intensiva até as sofisticadas produções de clones de diversas espécies, e ainda podem ser considerados processos recentes os programas de uso múltiplo e sustentável das formações florestais nativas, como a exploração não madeireira e o ecoturismo, incluindo o mercado do carbono, de RAD – Recuperação de Áreas Degradadas, de áreas de compensação de Reserva Legal e de áreas de conservação da biodiversidade.
 
Dos diversos novos mercados para os negócios florestais, um, em especial, tem crescido de forma relevante ao longo da última década, com evolução em técnicas, tecnologia e capacidade de gestão especializada, ou seja, os serviços destinados à limpeza das bacias de inundação nas obras das UHE – Usinas Hidrelétricas.

Diante do contexto da necessidade de serviços ambientais específicos, visto a limpeza da bacia de inundação, a supressão da vegetação, ser uma condicionante ambiental para promover a qualidade da água do reservatório, melhor operacionalidade da usina hidrelétrica e o aproveitamento da madeira comercial, tal atividade tornou-se primordial no contexto da engenharia de implantação das obras de UHE – Usinas Hidrelétricas.
 
Assim sendo, há uma sinalização de oportunidade com considerável atratividade, visto que o Ministério de Minas e Energia – MME,
conforme publicação no Diário Oficial da União, em 29 de dezembro de 2015, a Portaria nº 555, de 28 de dezembro de 2015, aprovou o Plano Decenal de Expansão de Energia – PDE 2024.

De acordo com o plano, para o período 2014 a 2024, está prevista uma ampliação de 55,3% na capacidade instalada de geração de energia elétrica, que subirá de 132,9 GW para 206,4 GW, e investimentos da ordem de R$ 1,4 trilhão para diversas modalidades de geradores, instituindo uma planificação de 23 usinas hidrelétricas na região amazônica. 
 
Esse novo mercado compreende mais que a logística meramente pela aplicação de técnicas e recursos diversos, necessitando uma visão holística do contexto de grandes obras, compreendendo o PBA – Plano Básico Ambiental, seus cronogramas exíguos e orçamentos determinados. Portanto os serviços para a limpeza da bacia de inundação em usinas hidrelétricas depreendem da alta performance, o que implica, como negócio, uma estratégia combinada entre “eficiência operacional” e “especialização” e que tem como axioma o cronograma vinculado ao start up da usina hidrelétrica, derivado do contrato de concessão com o Ministério de Minas e Energia e empreendedor, sempre rigoroso e extremamente exíguo. Isso caracteriza, de forma condicional, serviços com alta eficiência operacional nos processos definidos e requeridos pelas condicionantes do licenciamento ambiental, a ASV – Autorização de Supressão da Vegetação.
 
A atratividade para esse negócio especializado despontou no início dos anos 2000, com a retomada da implantação de UHE – Usinas Hidrelétricas. Inicialmente, devido à baixa competitividade e à alta atratividade do negócio e, também, ao imediatismo das obras, as empresas do setor da construção civil pesada e de terraplanagem entraram no negócio realizando as execuções de limpeza de áreas de florestas, ou a supressão vegetal em obras de Usinas Hidrelétricas.

Entretanto foram gradativamente compreendendo que a atividade exigia alta especialização em uma combinação de eficiência operacional e diferenciação. Ainda, o preceito legal do licenciamento e dos próprios contratantes evidenciaram a necessidade de registrar e de ter a conduta técnica homologada, o que resultou na exigência da respectiva ART – Anotação de Responsabilidade Técnica pertinente, fundamentando a atividade como um serviço florestal. 
 
Isso veio provocar uma abertura e uma oportunidade para as empresas especializadas no segmento de gestão e execução de serviços florestais ambientais e nas que já atuavam na exploração ou na logística da colheita nas formações de florestas na Região Amazônica, onde se situam as grandes obras da última década.
 
No tocante à gestão estratégica, a análise da concorrência teorizada por Michel Porter², através das disciplinas estratégicas aplicadas no contexto desse novo negócio para a empresa florestal, fica evidente o enquadramento do “Escopo Competitivo” em um mercado específico (nicho) ou de “Alvo Estreito”, sendo a “Vantagem Competitiva” atendida pela combinação do foco em baixo custo e foco na diferenciação, consistindo em uma “Estratégia Especialização” para atender às características e especificidades dos serviços requeridos. O fator decisivo ou o diferencial competitivo estará na capacidade de atender com precisão aos requisitos da ASV – Autorização de Supressão Vegetal, vinculada às variáveis estratégicas que compreendem o grupo de fatores cruciais para o arranjo técnico-operacional:
1. o cronograma, prazo; 
2. o escopo da operação em relação à destinação de resíduos (enterro,queima e enterro, retirar para as APPs ou espalhamento);
3. a tipologia florestal;
4. a topografia do terreno;
5. as condições de distância e de acessibilidade às áreas. Esses fatores de ordem estratégica é que irão determinar as necessidades técnicas para o atendimento aos objetivos operacionais, ou sejam, as metas de produção, a produtividade mínima requerida.
 
Com vistas ao âmbito da disciplina estratégica, a especialização compreenderá o atingimento de eficiência operacional, o desempenho na execução, no avanço operacional e no atendimento das condicionantes estratégicas, e tal índice é variável em acordo também com a estação do ano, que, na região Norte e Centro-Oeste, tem o período das secas (verão) e o período das chuvas (inverno), o que exige postura tática e operacional diferenciada. 
 
Através de uma composição de dados primários básicos, foi gerada a tabela em destaque, onde alguns indicativos foram obtidos de forma direta, com base no número de dias operacionais e nas áreas executadas, ou seja, valores preliminares e expeditos , mas que demonstram a atual capacidade de atendimento e avanço de operações para a supressão vegetal em limpeza das bacias de inundação em seis cases de implantação de Usinas Hidrelétricas.
 
A eficiência operacional tem variações significativas e, conforme a tabela, para o período seco, tem um mínimo evidenciado de 3,35 hectare/dia de avanço, chegando a 6,70 hectares/dia. Já no período das chuvas, a eficiência no avanço tem, como mínimo, 1,90 hectare/dia até o valor de 2,80 hectares/dia. 
 
Esses valores são referenciais e indicam a necessidade de aprimoramento nos processos e, notadamente, a consideração de variáveis como o escopo operacional, a formação florestal (tipologia florestal) e a topografia regional, além de outras variáveis condicionais, para uma perspectiva de melhor implementação desse novo negócio.

Considerando, ainda, as expectativas e as necessidades de melhor compreender os processos para os serviços de supressão vegetal, as oportunidades ainda estão alinhadas, além das obras em Usinas Hidrelétricas, na abertura das linhas de transmissão e na manutenção das mesmas, o que caracteriza outra linha de negócio com processos específicos na logística e no padrão de desempenho, sendo um novo desafio para as empresas de serviços florestais ambientais.