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Camilla Marangon

Gestora Ambiental e gerente de Sustentabilidade da Ibá

AsCP23

Sustentabilidade está no centro da estratégia do setor florestal
O planeta está diante de um cenário desafiador. Mudanças climáticas em curso; perda de biodiversidade; crescimento populacional que deve fazer o mundo atingir 9,7 bilhões de pessoas até 2050; e consequente aumento de demanda por alimentos, energia, fibras, entre outros itens essenciais.
 
Segundo a FAO, para atender à necessidade humana por produtos de base florestal, até a metade do século será necessário um incremento de 0,9 bilhão de m³ de madeira, em relação a 2020, quando o volume atingiu 2 bilhões de m³. Para isso, é preciso de, pelo menos, 33 milhões de hectares adicionais de florestas plantadas altamente produtivas.

Nesta jornada pelo futuro, o setor de árvores plantadas tem papel central e todo o potencial para se posicionar como uma das soluções para os desafios globais. Atualmente, são 9,9 milhões de hectares de árvores plantadas, com manejo sustentável e fortes investimentos em produtividade, que permitem às empresas fazer mais com menos. 
 
Nos últimos anos, quando tive a oportunidade de representar a Indústria Brasileira de Árvores – Ibá, em diferentes fóruns internacionais em Bali (Indonésia), Seul (Coreia do Sul) e Dublin (Irlanda), foi bastante perceptível o reconhecimento do papel do setor e da sustentabilidade do seu modelo de negócio, fundamentado no uso inteligente da terra, respeito à natureza e cuidado com as pessoas 

As companhias florestais trabalham em sinergia com a biodiversidade, pois conservam 6,05 milhões de hectares de florestas naturais, uma área maior que o estado do Rio de Janeiro. Não há nada igual no país entre os setores que fazem uso da terra para produção. 

Uma das nossas especialidades é gestão da paisagem, que cria mosaicos de áreas produtivas e áreas destinadas à conservação, formando verdadeiros corredores ecológicos que protegem a biodiversidade. Segundo levantamento da Ibá, as empresas registraram mais de 8.000 espécies de fauna e flora em seus domínios.

Até mesmo espécies em extinção foram identificadas, o que revela que animais, por exemplo, encontram nesses locais um território seguro para passagem, alimentação e até mesmo procriação. As árvores são a mais eficiente solução baseada na natureza para a mitigação das mudanças climáticas, pois sequestram e estocam gás carbônico, o principal responsável por empurrar o planeta para o aquecimento global. Ao todo são 4,5 bilhões de toneladas de CO2 eq. imobilizadas nas florestas do setor.  

Ainda na seara do clima, as empresas de base florestal demonstram que seu potencial de fazer a diferença está para além das iniciativas no campo. Atualmente, da energia gerada por elas, 88% vem de fontes renováveis. Uma prática fundamental em um planeta cuja transição energética é imperativa para a descarbonização. Também vale destacar que, desde a década de 1970, houve diminuição de 75% no uso de água nas plantas de papel e celulose. Exemplo claro de tecnologia aplicada em favor da eficiência e do cuidado com recursos naturais. 
 
Revelando sua antecipação a demandas atuais, há mais de 20 anos o setor é certificado por instituições internacionalmente reconhecidas, como o FSC e PEFC, que chancelam o manejo sustentável das empresas, confirmando para o comprador de qualquer parte do planeta que a matéria-prima que possui seu selo vem de uma empresa aliada ao meio ambiente, que dialoga com comunidades vizinhas e impulsiona o desenvolvimento na região em que atua. Implementando uma verdadeira agenda verde, com passos bem marcados de caminhos viáveis para aliar produção e cuidado com a natureza, a indústria de base florestal tem despontado como uma das luzes a iluminar o caminho de superação das crises mundiais. 
 
A sociedade tem uma bomba-relógio nas mãos quando flerta entre a alta demanda por produtos e as limitações planetárias. O que está em jogo é a perpetuação da humanidade tal qual conhecemos hoje. Já nos vimos capazes de sobreviver a uma pandemia e reconstruir cidades inteiras após eventos extremos, e creio que, se colocarmos a sustentabilidade no centro da estratégia, não será diferente com os demais desafios.