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Isac Chami Zugman

Diretor da Lavrasul - Compensados e Laminados

Op-CP-21

Sustentabilidade: modismo ou possibilidade?

Sustentabilidade trabalha sobre o tripé formado pelos valores ambientais, econômicos e sociais. É, hoje, uma das palavras mais usadas por todas as empresas, pelo menos publicamente. Se cruzarmos os fatores de produção com esse tripé, perceberemos que, ser sustentável nada mais é do que preservar esses fatores de produção. Por que, então, sustentabilidade é um tema considerado como novo se o conceito dos fatores de produção é tão antigo?

Na chamada Era do Artesanato, sem produção em massa e indústrias, não se pensava em qualquer assunto pertinente à preservação ambiental, pois a escassez não era perceptível. Em meados do século XVIII, com a Revolução Industrial, os homens sedentos por lucros buscavam com suas máquinas a vapor a alta produtividade. No século XX, a era tecnológica, o índice de produtividade vai às alturas, sem a menor preocupação do que se fazia à Terra.

Hoje, no século XXI, notamos a fraqueza do planeta diante da nossa falta de cuidados, até chegar ao ponto de vivermos uma possível falta de água. Justo no chamado "planeta água"… A que ponto chegamos?

A partir daí, empresas no mundo todo começaram a trabalhar na conscientização e educação ambiental. Hoje sustentabilidade é moda – já que a maioria abraçou a ideia; é necessidade – já que, sem a combinação dos três fatores que a compõem, não sobreviveremos; e é também modernidade – porque, infelizmente, trata-se de um conceito novo.

Assim, vejamos, pragmaticamente: pretende-se explorar um recurso de forma contínua e regular, mantendo-o em regeneração e ampliação. Eliminamos tudo que não é possível renovar, regenerar e ampliar, como minérios e outros recursos finitos. Esses materiais não são sustentáveis e sobra pouca coisa, das quais, a principal é a árvore; a floresta.

Não quero discutir o conceito de sustentabilidade, nem as teorias que possam sustentar a sustentabilidade, como o passaporte do planeta para uma nova era. O uso irracional de palavras da moda tem consequências muito sérias. Quando pronunciadas, alcançam dimensões e influências muito maiores. E é aqui que eu gostaria de fixar um pouco do meu pensamento: na encruzilhada entre a ética e a preocupação ambiental. Quero deixar claro que acredito na sustentabilidade como importante conceito no nosso atual momento global.

A sustentabilidade merece atenção por ser estratégica para uma reconfiguração das sociedades contemporâneas; porque é complexa e precisa ser bem explicada;  porque se encaixa numa rede de outros conceitos que devem ajudar a redefinir novas formas de se ver o mundo, de se compreender a realidade e de se habitar o planeta.

Para que todas as formas de vida sejam sustentáveis, há que se mudar a estrutura de todos os seres que as consomem, o que é impossível. Pensemos, então, no que será o mundo num futuro próximo: florestas cuidadas sob conceitos de sustentabilidade ou a ausência delas, a desertificação da Terra e o fim da vida nela.

Contesta-se o plantio de florestas, por razões certas e erradas, mas certo é que sem elas não poderemos ficar. Isso é definitivo. Então, como usar uma floresta nativa ou plantada com perenidade? A resposta é simples: a execução real da complexa e difícil sustentabilidade!

Ela envolve técnicas e tecnologias, pesquisa, biologia, zoobotânica, cartografia, geografia, eletrônica, química, física, ou seja, todo o conhecimento humano e sorte. Muita sorte. Há inúmeras questões por serem respondidas.

Há países que já entenderam que a sustentabilidade é a solução e a incentivam, apoiam, financiam, alavancam e cuidam bem do assunto. Há outros, como o Brasil, que burocratizam, não financiam, não investem, não atraem cientistas nem a academia e não criam condições para a vida das próximas gerações.

Há um paradoxo que se coloca aos pensadores e críticos do século XXI a respeito dos modos de vida consubstanciados no capitalismo, em detrimento das políticas de cunho ecológico e ambientalista presentes no contexto atual do desenvolvimento, pois, enquanto a ONU discute estratégias para o desenvolvimento sustentável, o espetáculo midiático, o marketing e a economia provocam o indivíduo a consumir cada vez mais, associando capacidade de consumo a garantia de prazer e conquista de felicidade.

Entrei pelo caminho não técnico-científico neste artigo para demonstrar que, se não cuidarmos em dar sustentabilidade aos recursos renováveis, a vida na Terra acabará por falta de alimentos e, especialmente, de água. Não se trata de uma profecia apocalíptica, até porque, é, se desejarmos, possível fazer com que o futuro seja bom e receba bem as próximas gerações.