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Leandro Alexis Farina

Gerente de Saúde e Segurança, Qualidade e Sustentabilidade na Irani Papel e Embalagem

OpCP68

A silvicultura do carbono e a indústria do papel
Coautoria: Ricardo Bernasconi, Engenheiro de Meio Ambiente na Irani Papel e Embalagem 

As árvores cultivadas, que fornecem madeira, celulose, papel e outros derivados tão presentes no cotidiano das pessoas, promovem a silvicultura, uma forte atividade agrícola no Brasil. Toda essa matéria-prima é aplicada em indústrias dos mais diversos setores que produzem mais de 5 mil produtos. Dentre essas indústrias e setores, encontra-se a de papel e embalagem. O setor de papel e embalagem desempenha uma função cada vez mais importante na economia nacional e, também, mundial. Isso é devido à receita gerada, aos elevados investimentos, ao impacto gerado sobre os outros diversos setores econômicos, tanto naqueles que se encontram antes quanto depois de sua cadeia produtiva, assim como sua influên cia na geração e no consumo de energia, e principalmente nas questões sociais e ambientais.
 
Importantes para frear os efeitos das mudanças climáticas e desastres naturais, as árvores representam algumas das áreas biológicas mais ricas da Terra. Elas fornecem alimentos, matérias-primas renováveis para muitos produtos e sustento para milhões de pessoas, gerando valor social e valorizando pequenos produtores. Diferentemente de outros setores, onde o carbono faz uma viagem apenas de ida para a atmosfera, as florestas funcionam como uma via de mão dupla, absorvendo carbono enquanto crescem ou se mantêm e soltando quando degradadas ou desmatadas. São nove milhões de hectares de árvores plantadas no Brasil, matéria-prima renovável e sustentável, responsáveis por 36% da produção de papel e celulose do País – o restante é destinado para produtores independentes (29%), siderúrgica e carvão vegetal (12%), TIMOs (10%), produção de painéis e pisos laminados (6%), demais produtos sólidos de madeira (7%). A silvicultura é, portanto, sinônimo de preservação ambiental, mas também um meio de alinhar o bem-estar da população e com resultados financeiros das companhias.

Além de entidades e empresas preocupadas com a conservação, o setor de papel e celulose investe na produção de florestas sustentáveis. Técnicas reconhecidas de silvicultura são extremamente importantes para serem utilizadas no processo produtivo de matéria-prima florestal de empresas de papel a fim de garantir a alta qualidade e atender à demanda industrial das companhias, respeitando o meio ambiente, as comunidades do entorno e as pessoas envolvidas, reforçando o compromisso socioambiental das mesmas.

Na Irani Papel e Embalagem, a silvicultura integra a gestão florestal da companhia, que envolve planejamento, execução e monitoramento de todas as atividades do processo produtivo, como viveiro, colheita, logística e produção de biomassa. As florestas da Irani estão localizadas no meio-oeste de Santa Catarina e no litoral médio e norte do Rio Grande do Sul, em uma área de aproximadamente 34 mil hectares. Para obter êxito nessa atividade e nesse espaço, a companhia considera muito importante que o ciclo de sua produção florestal comece com a pesquisa das espécies que melhor se adaptam às condições climáticas onde estão instaladas e das condições particulares do solo em que serão plantadas.

Nas florestas da Irani, a escolha foi pelos tipos Pinus taeda, Eucalyptus dunnii, Eucalyptus badjensis e Eucalyptus benthamii, pois são os que permitem uma melhor produtividade. A partir daí, é realizada a coleta de sementes nas unidades florestais já existentes ou a aquisição de novas sementes de material genético de níveis superiores e adaptados à região, para a produção das mudas florestais. Com as mudas produzidas, é realizado o preparo do solo para a implantação do povoamento da floresta. Nessa etapa, parte do material vegetal restante da operação de colheita é mantido na superfície como forma de proteção, gerando uma cobertura contra a erosão do solo e ainda contribuindo para a reposição dos nutrientes da terra, importantes para o desenvolvimento da floresta. As áreas são plantadas formando mosaicos com as Áreas de Preservação Permanente (APP) e Reserva Legal (RL), a fim de garantir a conservação da biodiversidade por meio da formação de blocos e corredores ecológicos, facilitando a migração da flora e da fauna entre os remanescentes florestais. 

Outro cuidado que deve ser implementado nesse processo é com as condições de trabalho e segurança dos colaboradores do setor. A colheita, por exemplo, deve ser totalmente mecanizada. As etapas de viveiro, produção de cavaco para biomassa e estradas florestais devem ser realizadas por equipes próprias e especializadas. Já o transporte da madeira, realizado por empresas terceirizadas, seguindo a legislação e o manejo florestal adequado. 

Para manter as florestas e contribuir para a preservação da biodiversidade, ações contínuas para a prevenção de incêndios florestais nas comunidades locais, nas áreas florestais próprias e parceiras devem ser realizadas, como acontece na Irani. Para isso, é importante que toda empresa que atua no setor conte com uma Brigada de Emergência treinada para o combate a incêndios florestais e atuação em emergências, além de um caminhão bombeiro e equipamentos para enfrentar, conter e extinguir possíveis incêndios.

Vale destacar, também, que as florestas vão além da oferta de recursos para o desenvolvimento dos negócios e oferecem inúmeros benefícios sociais. Dentre eles, a regulação hídrica, mantendo um equilíbrio das características físicas e químicas das áreas, e a estabilidade da estrutura do solo, com a implementação e manutenção de técnicas adequadas de manejo, além da diminuição do impacto da água da chuva no solo, evitando o assoreamento. As florestas têm também a capacidade de reduzir os níveis de gases de efeito estufa na atmosfera, pelo sequestro de carbono, desempenhando um importante papel na luta contra o aquecimento global. 

Devido ao grande volume de florestas, desde 2006, a Irani mantém o certificado de Empresa Carbono Positivo, por remover mais carbono da atmosfera com suas florestas plantadas e nativas do que emite com as atividades industriais e florestais. Em 2021, por exemplo, a companhia removeu um total de 108.324 toneladas CO2eq para um total de emissão de 67.005 toneladas CO2eq, gerando um saldo positivo de 41.319 toneladas CO2eq. Já em relação aos benefícios sociais, a companhia reconhece que elas contribuem com a geração de emprego e renda para as comunidades do entorno, como o desenvolvimento de parcerias com produtores locais para o plantio do reflorestamento. 

Portanto, assim como a Irani, todo o setor vem registrando resultados positivos e apresentando crescimento a cada ano. Além dos motivos expostos, outros que explicam esse aumento é a nova tendência mundial de substituir o uso do plástico por papel, devido ao menor tempo de decomposição do material, e ainda a mudança no comportamento da população, especialmente após o início da pandemia do coronavírus, que passou a consumir um maior volume de produtos via e-commerce e delivery, meios que utilizam papel e embalagem sustentável no transporte. Para seguir evoluindo e atender às novas demandas do mercado, as indústrias de papel e embalagem estão buscando desenvolver soluções cada vez mais inteligentes e sustentáveis. 

Para isso, há um constante investimento na melhoria dos processos, visando a ganhos de produção e a qualidade no produto, a fim de atender a um cliente cada vez mais consciente, engajado e exigente, que prioriza o consumo de produtos certificados e com responsabilidade ambiental. E isso vem desde o fornecimento da matéria-prima, com as florestas plantadas e a silvicultura.