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José Maria de Arruda Mendes Filho e Rodrigo Rocha de Oliveira

Diretores da Lacan Florestal

OpCP73

Planejamento operacional
No atual estágio profissional que nos encontramos, faz muito bem para a alma comentários sobre nossas conquistas e fatores de sucesso que, na nossa realidade, nos levou a melhorias no crescimento das árvores. Sempre comentamos que o Engenheiro Florestal deve ter duas grandes preocupações: Planejamento e Chuva!

No que se refere a riscos e danos às florestas em época de seca e oportunidades com a brotação, temos visto eventos (seca em SP em 2014 e no MS em 2020 e 2021) de períodos mais severos de seca, com menor quantidade ou pior distribuição das chuvas, que têm impactado a produtividade das florestas.

O Eucalipto naturalmente apresenta boa resistência a essas variações, entretanto o comportamento dos diferentes clones é bem variado. Temos clones que apresentaram queda do incremento volumétrico anual nas áreas mais planas, chapada, onde há boa infiltração da água das chuvas e no período seco um posicionamento mais profundo do lençol freático. Estes mesmos clones já não sentiram tanto a falta das chuvas quando plantados nas cotas mais baixas da propriedade, pois as raízes encontravam água mesmo no período mais seco. Outros clones perderam a produção anual, como chegaram até a morrer.

Hoje sabemos que o IPB2 é um clone que apresenta melhores resultados de crescimento quando plantado nas cotas mais baixas da propriedade. Significativa a diferença de produção de madeira do mesmo clone quando plantado em diferentes condições numa mesma propriedade.

Já o IPB13 e o VT01 sentiram a falta das chuvas, o que significa que quando plantados em larga escala podem proporcionar falta de madeira produzida. O IPB1, intitulado por nós no MS como “Renda Fixa”, sempre produz algum volume nas diferentes adversidades climáticas do Estado. É preciso ter um bom domínio e conhecimento dos materiais genéticos disponíveis na região para se programar o que plantar. Uma vez que as ocorrências das chuvas são cíclicas, estamos aguardando um período com boas chuvas para os próximos anos. Nesta situação, precisamos plantar o clone certo no lugar certo visando obter ótimos incrementos.

O Zoneamento de Plantio é um trabalho básico que deve ser incluído no planejamento inicial do plantio. É uma ferramenta de excelentes resultados econômicos. Resumindo, nós temos diversas ações que podem reduzir a queda de produtividade quando houver déficit hídrico:

1. Material Genético: escolher o material genético mais resistente possível e já testado na região. Uma boa cesta de materiais genéticos é fundamental (equilíbrio entre materiais de alta, média e baixa produtividade). Observa-se que o IPB1 (antigo H13) produz menos que muitos outros clones em uso. Aconteça o que acontecer com o clima no MS, ele não deixa de produzir. Materiais como IPB13 e VT01, tomem cuidado! Podem proporcionar grandes perdas.

2. Zoneamento de Plantio: já sabemos que o IPB2 (antigo H15) é bom nas baixadas e tem outro comportamento nas chapadas. Focar seu plantio nas regiões mais baixas da propriedade.

3. Prospecção de Terras: fazendas de extensas chapadas poderão apresentar intensidades maiores de árvores secas em comparação a fazendas recortadas de nascentes e que possibilitam o plantio entre as microbacias, quando há ocorrência de déficit hídrico.

4. Adubação Oportuna: sabe-se que o potássio causa certa resistência ao eucalipto quando submetido a frio intenso e a déficit hídrico.

5. Controle da Matocompetição: o manejo adequado das plantas daninhas, principalmente em períodos de déficit hídrico, evita a competição por água e nutrientes.

6. Uma floresta submetida a um bom manejo florestal que produziria em condições normais de chuvas, cerca de 42 a 45m³/ha/ano, em condições de déficit hídrico produzirá cerca de 37 a 39m³/ha/ano; e florestas que produziriam 35m³/ha/ano produzirão 24m³/ha/ano, ou seja, florestas submetidas a um bom manejo florestal, mesmo com déficit hídrico, ainda produzirão um bom volume de madeira.

A Lacan tem conseguido resultados muito parecidos entre a primeira e a segunda rotações, utilizando a condução como manejo. O principal argumento de muitos colegas é: “o clone X não brota bem na nossa região”. Cuidado, pois pode não ser este o principal argumento para uma determinada floresta, após a colheita, não produzir um bom volume de madeira. Toda árvore candidata a clone apresentou boa capacidade de brotação para chegar a clone. Alguns detalhes irão fazer a diferença para uma boa produção de madeira na segunda rotação:

1. Implantação: uma boa brotação inicia-se no planejamento e execução com qualidade do primeiro ciclo da floresta. Florestas com alta uniformidade (PVar 50 > 40), alta sobrevivência aos 65 dias de plantio (99%), certamente trarão bons resultados de produtividade na primeira colheita (com sobrevivência > 95% das árvores), e no início da brotação (2ª rotação, com mais de 90% de sobrevivência das cepas).

2. Colheita: a equipe de colheita deverá estar bem consciente de que eles são os “plantadores” da próxima rotação. Deve-se evitar o dano às cepas, retirar a madeira do interior do talhão, baldeio, no máximo 30 dias após o corte e transportar a madeira no máximo 90 dias após o baldeio. Ou seja, ciclo CBT com, no máximo, 120 dias.

3. Pré-colheita: análise de solo é fundamental para se determinar o quanto de calcário a área deverá receber, bem como a adubação inicial necessária. O combate às formigas precisará ser impecável, principalmente às formigas Quenquém, Acromirmex. Elas adoram podar os brotinhos novos junto aos tocos, principalmente quando se encontram nas fases iniciais de exposição. Quenquéns quase não deixam marcas dos seus estragos.

4. Pós-colheita: limpeza dos tocos para que fiquem expostos e favoreça a brotação (aumento da sobrevivência e homogeneidade dos brotos), repasse ao Combate às Formigas, adubação aos 3 meses, 6 meses e 1 ano, controle da matocompetição, desbrota deixando um ou dois fustes por toco nas bordaduras dos talhões e falhas (compensação), monitoramento das pragas e doenças, além de outros eventuais cuidados.

Toda e qualquer operação deverá ser executada com muita qualidade. Lambança não resultará em boa produção. Qualidade é fator primordial para se obter uma boa floresta.