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Marcos Aurélio Barbosa

Gerente de Logística, G&D e Poupança Florestal da Fibria Celulose

Op-CP-51

Eficiência e qualidade na logística da madeira
A cadeia logística da madeira pode possuir escopos diferentes em diversas empresas. Mas, na maioria, abrange processos como o de estradas rurais, carregamento de madeira, transporte e operação no pátio de madeira (estocagem e movimentação). O processo logístico da madeira pode representar até 50% do custo total da madeira, quando chega à planta produtora, e 25% do custo total da produção da celulose. Portanto é um processo relevante na cadeia de valor do negócio, sendo essencial em eficiência e produtividade, para garantir a competitividade. 

Também é significativo o número de profissionais envolvidos no processo, gerando empregos e oportunidades de desenvolvimento.  Além disso, podemos destacar a necessidade de dialogar com as comunidades vizinhas às operações florestais. A operação logística, muitas vezes, é o primeiro contato com esse público, que está localizado em todo o trajeto do transporte, da base florestal até a fábrica. Por isso merece uma atenção respeitosa e essencial.
 
Com base nessas características e necessidades, o foco sempre será desenvolver melhorias no processo, em busca da excelência. E, para garantir uma operação de transporte de madeira eficiente, é necessário ter, já no início, um bom plano de abastecimento da fábrica, por meio de sistemas informatizados que otimizam tanto os equipamentos quanto os recursos financeiros.

Essa atividade permitirá à equipe de Planejamento, Controle da Produção (PCP) considerar todas as variáveis do processo, como estoques de madeira, planos de construção de estradas, microplanejamento operacional, trajetos restritivos, disponibilidade mecânica e operacional da frota, entre outras variáveis.
 
A gestão de estradas rurais é outro processo que impacta significativamente a eficiência da logística. As estradas precisam ser de excelente qualidade, para garantir a máxima produtividade da frota. Assim, é necessário desenvolver padrões técnicos para a construção de estradas rurais, com medições de qualidade de nível 1, feitas pela própria operação em 100% das atividades realizadas, e nível 2, pela área de monitoramento da qualidade de forma amostral. Dessa forma, é possível garantir o escoamento da madeira com um transporte eficiente, inclusive em períodos de chuvas, fase mais crítica do processo.
 
Também deve-se levar em consideração a malha de estradas já construídas: esse “estoque” é um diferencial que pode ajudar a agilizar o início da operação logística. Oferece flexibilidade na alocação dos equipamentos e para a frota do transporte de madeira. O custo de ter esse “estoque” deve ser considerado na maximização da cadeia logística da madeira. O transporte de madeira é o processo que pode representar o maior custo da cadeia logística. 
 
Quando o assunto é o transporte da madeira, dependendo da distância da base florestal até a fábrica, pode ser utilizado mais de um tipo de modal, sendo o rodoviário o mais praticado. Porém há situações em que os modais ferroviário e hidroviário são essenciais para garantir o abastecimento, com a melhor eficiência. Em ambos os casos, o monitoramento do ciclo da viagem é fundamental para identificar oportunidades de perda de tempo e de recursos.
 
Existem diversos sistemas que permitem o monitoramento por 24 horas, com foco em reduzir os desperdícios. Há sistemas de monitoramento do ciclo de viagem, do consumo excessivo de diesel e de segurança operacional e patrimonial. No transporte rodoviário, o ponto fundamental é maximizar a carga. Para isso, toda a atenção deve ser dada junto à operação de colheita, para maximizar o comprimento da tora e reduzir a sua variabilidade, evitando espaços vazios no caminhão, com madeiras “engaioladas”, no tempo de corte, para evitar transportar madeira com umidade alta, pois isso limitará a quantidade de carga a ser transportada.
 
Além de monitorar todo o processo, é fundamental inovar, considerando novas tecnologias que permitirão melhorias no processo. Exemplos: veículos mais leves e de alta resistência; equipamentos auxiliares, como sistemas de defletores para redução de arraste e consumo de diesel; sistema de calibração de pneus para garantir a estabilidade e também redução no consumo de diesel; sistemas de amarração de carga pneumática para evitar paradas operacionais para reaperto de carga; padrão de pneu como misto e rodoviá-
rio, para cada situação da malha viária; motorização do cavalo mecânico compatível com o projeto, entre outras variáveis.

Já na operação do pátio de madeira, a principal atenção deve ser a assertividade do plano de abastecimento da fábrica, levando em consideração a característica e a qualidade da madeira. A densidade e o rendimento são as principais variáveis monitoradas. A mesa de picagem deve ser alimentada com madeira com essas características. Isso evita o desperdício de tempo dos equipamentos, em movimentar estoque para atender a um padrão de mix de qualidade. 
 
Resumindo, a movimentação de um pátio consiste em retirar a madeira das composições rodoviárias, movimentá-la para abastecer as mesas de picagem, por meio de gruas. Para cada processo, é identificado o melhor equipamento. Exemplo: dimensão e produtividade da máquina, capacidade de movimentação da garra, tipos de garras para cada processo, máquinas elétricas e a diesel, podendo inclusive ter híbridas. Tudo isso pode tornar o pátio de madeira mais eficiente e com menor custo operacional. 
 
Concluindo, a cadeia logística da madeira é responsável por movimentar milhões de metros cúbicos de madeira por ano, tendo muitas atividades incorporadas. Portanto é essencial que os profissionais envolvidos nos processos tenham conhecimento do detalhe de cada atividade. Dessa forma, poderão identificar milhões de reais em oportunidades.