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Eliane Rosignoli de Oliveira

Gerente na Macrorregião Leste do Sebrae-MG

Op-CP-10

Visão estratégica das entidades de fomento operacional

O pólo moveleiro de Ubá-MG surgiu na década de 60, através do pioneirismo dos imigrantes italianos, que vieram para a região da Zona da Mata Mineira, trabalhando inicialmente nas plantações de café. No começo, as pequenas marcenarias fabricavam alguns móveis para suprir as necessidades do lar. Naquela ocasião, a madeira utilizada na fabricação destes móveis rudimentares era extraída dos caixotes, que vinham embalando mercadorias para um grande atacadista instalado em Ubá.

O grande crescimento das indústrias, na década de 85 a 95, chamou a atenção do Sebrae-MG, que a partir de 1996, passou a trabalhar junto ao setor. Foi interessante constatar que este pólo já estava consagrado como o maior pólo moveleiro do estado de Minas Gerais, pelo número de indústrias (310). Destas, 95% são MPEs, que geram, diretamente, sete mil empregos, em um território formado por nove municípios (Ubá, Guidoval, Rodeiro, Visconde do Rio Branco, São Geraldo, Guiricema, Tocantins, Piraúba e Rio Pomba).

A organização do setor foi um processo interessante, uma vez que o território já era fértil, com a presença de muitos empreendedores natos, que mudaram de posição, deixando de ser funcionários, tornando-se donos do próprio negócio. Muitos ficavam impressionados sobre como poderia um pólo moveleiro crescer tanto, em uma região montanhosa, já com suas matas devastadas e comercializando móveis para todo país.

A principal matéria-prima, painéis de MDF ou aglomerado, é importada dos estados da BA, SC e RS. No passado, houve uma iniciativa para a implantação de uma fábrica de aglomerado, mas como não existiam mais florestas, ela se instalou em Uberaba, MG, e hoje possui um grande maciço florestal, com iniciativas privadas.

O município de Ubá detinha um considerável contingente de serrarias, razão da existência de inúmeros empreendimentos, que utilizavam a matéria-prima da própria região. A falta de planejamento de certos empresários do setor permitiu que os poucos estoques de madeira chegassem à exaustão, sem uma reposição racional, planejada e necessária, comprometendo importantes elos da cadeia produtiva.

O segmento da silvicultura em toda a Zona da Mata mineira vem perdendo relevância, em termos estaduais, nos últimos anos. Em 1980, a Zona da Mata detinha cerca de 10% do total da área reflorestada em Minas Gerais e, em 1999, respondeu por apenas 1%. Tal como em outras regiões do estado, a predominância do plantio é de eucalipto, envolvendo as espécies grandis, urophylla,saligna e o híbrido grandis x urophylla.

Com o diagnóstico do pólo moveleiro, feito em 2002, ficou claro o gargalo existente, com a falta dos elos na cadeia produtiva de indústrias de painéis, e alguns outros fornecedores de tintas e vernizes, apesar do fácil abastecimento dentro do pólo. A partir de então, estabeleceu-se uma estratégia de unir vários parceiros e entidades, cada um com a sua competência técnica e financeira, para fortalecer e impulsionar o pólo moveleiro. A busca para se criar uma consciência sobre a importância do reflorestamento tem sido alvo de debates em fóruns, seminários e reuniões.

Nos últimos três anos, o pólo teve o apoio de 30 parceiros, que investiram em 35 ações, e o resultado chamou a atenção do governo de Minas Gerais, que se sensibilizou sobre a importância de apoiar o fomento florestal, criando um projeto em parceria com as Secretarias da Agricultura e de Ciência e Tecnologia do Estado de Minas Gerais, Emater-MG, IEFl, UFV, Sociedade de Investigações Florestais, Sindicato das Indústrias de Marcenaria de Ubá e Sebrae-MG.

O objetivo desta parceria é a transferência de tecnologia em plantio e manejo de florestas para a Zona da Mata de Minas Gerais, através da integração de competência e conjugação de esforços entre os partícipes, para execução das atividades inerentes ao “Projeto Estruturador Rede de Inovação Tecnológica”, na ação “Plantio e Manejo de Florestas para o Setor Moveleiro”.

Um conjunto de fatores aponta ser este o momento mais indicado para que os municípios do entorno de Ubá tenham um promissor programa plurianual de desenvolvimento florestal sustentável. Os municípios do entorno de Ubá, sem dúvida, formam uma região de inequívoca vocação florestal, graças aos seus múltiplos aspectos de relevo, extraordinárias condições climáticas, aliados à vasta extensão territorial, além de serem possuidores de uma forte infra-estrutura e de amplo mercado favorável ao uso de matéria-prima florestal.

A primeira ação desta parceria foi mobilizar e sensibilizar o produtor rural para o plantio de eucalipto Eucalyptus grandis, Eucalyptus urophylla e híbridos Eucalyptus grandis x Eucalyptus urophylla (sementes), com uma espécie adequada, para futuramente ser utilizada como madeira ou matéria-prima de uma fábrica de painéis.

O projeto propõe um programa de fomento, envolvendo pequenos e médios proprietários rurais. Ser-lhes-ão fornecidas, gratuitamente, as mudas e insumos (adubo e formicida), além da assistência técnica. Espera-se, com este projeto, ser garantida, no médio prazo, a sustentabilidade do setor industrial de base florestal na região, com a produção de madeira reflorestada, e também a reversão da degradação dos remanescentes nativos de Mata Atlântica. Hoje, a região é o maior pólo moveleiro do estado de Minas Gerais, exportando seus produtos para o Chile, Argentina, Uruguai, Angola, África do Sul, Nigéria, Emirados Árabes, Costa Rica, México, Espanha, França e Estados Unidos.