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Francisco Sérgio Gomes

Consultor de Tecnologia e Desenvolvimento da Gerdau Florestal

OP-CP-34

O manejo da brotação

O eucalipto é a espécie arbórea mais plantada do planeta, produzindo madeira para atender a diferentes finalidades, como celulose, energia e madeira. O gênero apresenta características de interesse, como rápido crescimento, adaptabilidade a diferentes ambientes, qualidade da madeira e “habilidade” de rebrotar após o corte.

Historicamente, o manejo de brotação de eucalipto teve menor “atenção” comparativamente à implantação e à reforma, principalmente devido à evolução do melhoramento genético, que tem permitido a substituição de materiais menos produtivos por materiais melhorados, com características da madeira apropriada ao produto final, mais produtivo e mais bem adaptado às condições edafoclimáticas de cada empresa.

Outros fatores de desestímulo eram basicamente em função da grande oscilação da produção da segunda rotação em relação à primeira e dos altos índices de mortalidades, comprometendo o planejamento de abastecimento da fábrica.

Comparativamente à implantação ou à reforma, a condução da brotação requer menor investimento, uma vez que essa prática dispensa o preparo de solo e a aquisição de mudas. Com a crise no ano de 2008, várias empresas começaram a avaliar a possibilidade de condução da brotação, buscando reduzir seus custos de produção.

Sua condução inicia no ato da implantação, através de correta escolha do material genético, correta escolha de espaçamento e de um manejo que garanta boa sobrevivência e homogeneidade até o final do ciclo. Mesmo com a seleção dos melhores talhões para condução, se não houver o manejo adequado, não haverá boa produtividade.

A decisão de conduzir a rebrota é influenciada por vários fatores: produtividade da próxima rotação, distância do talhão, custo de reforma, custo de manejo da rebrota, necessidade de renovação do clone, abastecimento da fábrica, etc. O manejo da rebrota deve ser encarado como um novo plantio, aplicando-se o manejo adequado em cada fase de desenvolvimento da floresta.

Vários fatores influenciam a rebrota das cepas, como material genético, altura de corte das cepas, tipo do solo, sombreamento das cepas, formigas cortadeiras e cupins,  mato-competição e condições climáticas. Outro fator relevante é a adequação dos procedimentos de colheita nas áreas programadas para manejo de rebrota.

A colheita mecanizada trabalha com equipamentos de grande porte, que podem danificar as cepas, refletindo na sobrevivência e impactando, por consequência, a produtividade da floresta; além disso, os modais de colheita podem dificultar a regeneração das cepas, devido à compactação do solo, aos danos ao sistema radicular e aos danos diretos sobre as cepas.

Esses danos se refletem na capacidade de rebrota e no desenvolvimento dos novos fustes. Um aspecto importante desse sistema diz respeito ao manejo de resíduo da colheita. Ele deve ser mantido sobre a entrelinha de plantio, pois a rebrota ficará comprometida se as cepas forem cobertas ou danificadas.

Estudos mostram que é perfeitamente possível obter produtividades com o manejo por rebrota equivalente ou maiores à reforma, desde que alguns procedimentos sejam adotados, como a manutenção de um número mínimo e máximo de plantas remanescentes/ha, com a inclusão de novos parâmetros de qualidade do stand no processo de decisão, como altura de corte entre 10 e 15 cm, manutenção das cepas sem galhadas, evitar danos às cepas planejando bem a colheita, minimizando tráfego dentro dos talhões e evitando manobras dentro deles e um bom controle de formigas.

A idade da desbrota afeta a produtividade e a qualidade do fuste; plantios desbrotados em idade mais jovem são mais produtivos e apresentam menor risco de quebra de árvores por vento.

Na desbrota precoce, o broto ladrão não afeta a produtividade, mas tem grande influência sobre a qualidade do fuste e o rendimento da colheita, sendo recomendado seu controle somente onde haja impacto na produtividade da colheita e na segurança. A rebrota é responsiva à adubação e ao grau de fertilização realizado na rotação anterior.

A aplicação única da adubação de cobertura e as manutenções têm sido recomendadas; em geral, o parcelamento não tem efeito significativo sobre a produtividade. As dosagens e as formulações devem ser definidas caso a caso, dependendo do tipo de solo que está sendo cultivado e da produtividade que se quer atingir. 

O controle de formiga, principalmente a quenquém (Acromyrmex spp), é fundamental, pois ela tem preferência por brotações mais jovens e causa impactos significantes na sobrevivência das cepas. A mato-competição é também um fator importante de redução da produtividade.

É válido ressaltar que, tanto para grandes quanto para pequenos produtores de eucalipto, a condução da brotação exige menor investimento quando comparada à reforma, tornando o sistema mais sustentável devido ao menor revolvimento do solo, com consequente redução do risco de erosão e menor velocidade de mineralização da matéria orgânica, além da possibilidade de obtenção de produtividade igual ou superior a rotações anteriores.