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Adhemar Villela Filho

Consultor Florestal

Op-CP-22

Um futuro rico em oportunidades

Inegavelmente, as últimas quatro décadas tiveram papel marcante na formação da atual cadeia produtiva florestal de nosso país. A flexibilidade do modelo desenvolvido permitiu sua rápida inserção na dinâmica da economia florestal mundial e seu pronto alinhamento às melhores práticas de sustentabilidade.

A combinação de gestão, tecnologia e condições edafoclimáticas ideais conduziu a silvicultura nacional a níveis extraordinários de produtividade, proporcionando à sua jovem e moderna indústria a oportunidade para alcançar mercados nunca imaginados. A escala obtida produziu massa crítica suficiente para acessar novos mercados, consolidar os existentes e desenvolver novos  produtos. Sua contribuição na mitigação dos gases do efeito estufa não pode ser descartada.

O cenário global, sob influência de amplas mudanças estruturais, oferece ainda melhores perspectivas para o desenvolvimento florestal nacional. O declínio da era do petróleo, a urbanização crescente, o acesso ao mercado de consumo nos países emergentes, a alteração do centro de gravidade da indústria florestal e as mudanças climáticas compõem um elenco de tendências globais que nos favorecem.

Esse conjunto de vetores está inserido no que se define como o início da Terceira Revolução Industrial (pós-carbono) ou, ainda, a era pró-floresta plantada de alto desempenho. Algumas evidências dessa nova era:
• A Comunidade Europeia incorpora mais energia renovável em sua matriz energética na próxima década, impactando em maior demanda de madeira (adicionais 250 milhões de m3/ano);
• O mercado aberto de woodchips, tradicional matéria-prima para a indústria asiática de celulose, com 80 milhões de toneladas anuais, avaliado em 10 bilhões de dólares. Assim como o mercado de pulpwood, vai ser afetado pelo aumento da demanda de madeira para fins energéticos;
• O mercado de papel da China tem crescido a taxas superiores a 8 milhões de toneladas anuais, com reflexos sobre a demanda mundial de celulose;
• A base industrial do hemisfério Norte, aos poucos, vai perdendo espaço para plantas de maior escala e competitividade localizadas no hemisfério Sul;
• O reposicionamento estratégico da brasileira Suzano. Maior produção de celulose com a simultânea entrada no mercado de energia renovável (aspira ser líder global na produção de pellets). Como deveríamos aproveitar essa conjunção de oportunidades?

O Brasil detém mais de 150 milhões de hectares de área ocupada por pecuária de baixo desfrute. Imperativos econômicos e ambientais indicam sua utilização mais racional. Parte poderia ser destinada à formação de florestas industriais e energéticas. Por outro lado, nosso produtor rural, frequentemente sujeito às bruscas oscilações do mercado das commodities, necessita da diversificação de seu negócio na procura por maior estabilidade e equilíbrio econômico-financeiro.

O modelo de integração da lavoura, pecuária e florestas plantadas, já utilizado em muitas regiões do País, poderia ser ampliado. E, sob o prisma da responsabilidade social, esses objetivos têm a característica inclusiva e universal: existe espaço para o pequeno, médio e grande produtor rural. Dessa forma, uma visão nacional para as próximas décadas de liderança global em muitos mercados  de produtos florestais não seria utópica. A industrialização estimulada por governo e mercado consolidaria essa visão.

Apesar de nossos diferenciais relevantes, temos problemas pontuais na estrutura de políticas públicas nas três esferas de governo. Temas como insegurança jurídica, carga tributária, política fiscal, burocracia crescente, infraestrutura deficiente, legislação trabalhista, normas ambientais e tantas outras fazem parte do rol do cotidiano de preocupações das empresas florestais.

Embora exista um ambiente de ceticismo empresarial frente às necessidades de reformas públicas e investimentos em infraestrutura, a necessidade de construção de uma agenda setorial na busca de soluções comuns à cadeia produtiva florestal se sobrepõe.

O mote é aumentar a competitividade. Esforços adicionais deveriam ser envidados no convencimento da importância estratégica do segmento de produtos florestais junto aos representantes e governantes que assumem a gestão pública em 2011. E quantitativamente? Certamente, construir um ativo florestal de mais de 20 milhões de hectares nas próximas quatro décadas. De preferência, ocupando diferentes espaços geográficos do território nacional. Essa é a nossa missão e compromisso para com as futuras gerações.