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Mário Eugênio Lobato Winter

Superintendente Geral da Vallourec & Mannesmann Florestal

Op-CP-12

O potencial energético das florestas

A madeira sempre representou para a raça humana uma fonte de sobrevivência, sendo, ainda hoje, a principal fonte energética, atendendo cerca de 33% das nossas necessidades. No contexto mundial, observa-se que uma pessoa consome o equivalente a 0,67 metros cúbicos de madeira por ano de vida, sendo que no Brasil este número atinge a cifra de 0,87 metros cúbicos, por ano.

A vocação florestal brasileira está clara, quando analisamos os dados da evolução da silvicultura em nosso país. O incremento médio anual das florestas no país chega a ser superior a 7 vezes, quando comparado ao dos países de clima temperado do hemisfério norte, grandes produtores de madeira. A diferença está na característica dos solos brasileiros, no clima e regime de chuvas, no elevado desenvolvimento da tecnologia de plantio de florestas e na capacidade empreendedora dos silvicultores.

Dentro deste cenário, desenvolveu-se a tecnologia de formação das florestas energéticas, capazes de fornecer, em regime de sustentabilidade plena, um termorredutor renovável, o carvão vegetal, único, em escala mundial, capaz de substituir, com vantagens econômicas e ambientais, o uso de combustíveis fósseis, pois é o único modelo que tem balanço zero de emissões de CO2 na fabricação do aço bruto, propiciado pela absorção do CO2 na fase de formação das florestas, para a produção do biorredutor carvão vegetal.

A evolução da silvicultura, focada, assim, na formação dessas florestas, propiciou a elevação tanto do rendimento florestal, com a conseqüente redução da demanda por áreas de plantio, como na melhoria físico-química do termorredutor, favorecendo equilíbrio e aumento de produtividades dos altos fornos, ou seja, maior competitividade do setor. No âmbito da tecnologia de carbonização, dos primórdios da fabricação de carvão, através de medas, evoluímos para os fornos de alvenaria circulares, retangulares e já iniciamos os primeiros passos dos processos de carbonização contínua, com controle pleno de todo o processo, garantindo, assim, uma homogeneidade singular ao produto final, dentro de parâmetros preestabelecidos, melhorando o desempenho dos altos fornos.

Uma ampla gama de alternativas vislumbra-se com a recuperação do alcatrão vegetal no processo de carbonização, podendo ser utilizado na cogeração de energia (queima de alcatrão e gases de alto forno), na pré-secagem da madeira para a posterior carbonização, ou mesmo na destilação de seus subprodutos químicos de alto valor agregado. Porém, a maior virtude deste termorredutor é a de propiciar a fixação da mão-de-obra no campo, destacando-se, regiões sem aptidões agrícolas.

Leva a estas comunidades o aprendizado pelo respeito ao meio ambiente, com a criação de reservas ecológicas, que funcionam como abrigos da biodiversidade das regiões onde estas florestas estão inseridas. E, com o advento da mecanização das atividades florestais, novos postos de trabalho são criados, agregando conhecimento, desenvolvimento e renda à população, ampliando, assim, a fixação das pessoas pela geração de renda e desenvolvimento nas comunidades, medidos pelo incremento do IDH, onde se situam os projetos florestais, como ilustra a tabela em destaque.

Face a todas as vantagens agregadas ao uso da madeira, como fonte energética para a siderurgia, restava-nos comprovação final de sua economicidade, já que apenas 1,3% do gusa fabricado no mundo, exatamente o fabricado no Brasil, tem como origem o termorredutor carvão vegetal, sendo o restante produzido com coque, a partir do carvão mineral. A recente crise no mercado mundial de carvão mineral está trazendo como contrapartida positiva para os produtores nacionais de carvão vegetal, que não é só ambiental ou social, o apelo pelo uso do termorredutor renovável, que se trata de uma fonte economicamente rentável e que permite sustentabilidade plena do termorredutor, através do plantio de florestas.