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Andréia Pimentel e Diego Piva Cezana

Coordenadora de Planejamento Florestal e Engenheiro de Planejamento Florestal da Klabin, respectivamente

Op-CP-47

O planejamento aplicado
O planejamento florestal tem como objetivo otimizar e garantir a sustentabilidade econômica, ambiental e do abastecimento de madeira às fábricas, a curto, médio e longo prazos. Configurando-se, assim, em uma das principais atividades para o correto manejo dos recursos florestais, dada a complexidade de múltiplos destinos, espécies e produtos da empresa.

O planejamento deve ser capaz de olhar para o sistema como um todo, preocupando-se com os vários elos da operação florestal, como colheita, transporte, silvicultura, estradas, ambiência e comercialização, de modo a alinhar ganhos locais com a otimização global da cadeia de abastecimento, respeitando restrições ambientais e de comunidades locais. Existem níveis distintos, com horizontes de tempo bem diferentes, com o objetivo geral de garantir o abastecimento e a minimização de custos, evitando que decisões de curto prazo possam comprometer a sustentabilidade do negócio a longo prazo e para que seja possível identificar gargalos e oportunidades no processo.
 
Quanto maior o detalhamento do plano, maior a complexidade e a necessidade de respostas rápidas. Um desafio encontrado é o de ter informações acuradas e disponíveis em tempo hábil para se analisar e tomar decisões que visem reduzir custos, aumentar receitas e manter o “equilíbrio” das operações. 
 
Com um planejamento cada vez mais detalhado e complexo, é necessário que se tenha processos estruturados, pessoas capacitadas e ferramentas de alta tecnologia. Por processos, entende-se um conjunto de atividades que produzam os entregáveis do planejamento florestal. Significa saber o que fazer, o que entregar, para quem e quais indicadores gerar. Pessoas qualificadas: quem faz o quê, papéis e responsabilidades bem definidos e capacitação delas nos processos e nas ferramentas.

Por ferramentas, entende-se o apoio computacional para a realização dos processos e da obtenção dos resultados desejados, além da governança, que garante que o tripé citado tenha patrocínio gerencial para desempenhar a sua função com autonomia das demais áreas operacionais e que os gargalos e as oportunidades apontados sejam efetivamente mitigados/explorados pela gerência da companhia.
 
O planejamento utiliza ferramentas de programação matemática para a otimização de recursos. Quanto mais próxima à realidade, ou seja, nos níveis semanal e mensal, mais complexa a modelagem. Ferramentas de otimização matemática tendem a ser pesadas, difíceis de manipular, exigindo vasta quantidade de dados para gerar respostas. Já simuladores simples, com menos variáveis, têm menos respostas, porém são mais rápidos e leves. O ideal é utilizar as duas abordagens, dependendo da complexidade e maturidade do processo: 
 
 Além de modelos de otimização e de simulação no auxílio à tomada de decisão, são necessárias informações específicas de campo, que são levantadas com apoio do microplanejamento, que tem um papel fundamental no planejamento da operação em si, definindo a melhor alocação das estradas, pensando em sustentabilidade e custos das operações. O uso de tecnologia é de extrema importância para esse processo. Imagens de satélite, VANT e simuladores de custos são utilizados pensando em como agilizar e acurar as decisões tomadas nesse nível de planejamento.
 
Os efeitos de uma estratégia são difíceis de serem mensurados diretamente. Um acerto ou erro hoje pode demorar anos até gerar frutos, e um dos desafios do planejamento é avaliar o impacto que cada decisão tomada hoje pode causar ao longo da cadeia florestal.
Algumas práticas vêm sendo adotadas para avaliar ou mitigar esse impacto:
• mensurar a valor presente o efeito de ações que desviam do plano;
• inserir restrições atreladas a limites ambientais e de comunidades;
• aumentar a integração entre níveis de planejamento.
 
As atividades planejadas estão sujeitas a mudanças, como quebra de máquinas, consumo diferente do previsto e, principalmente, mudanças climáticas: a chuva afeta fortemente a construção de estradas e transporte de madeira; geadas podem impactar as atividades da silvicultura. Os horizontes mais operacionais (semanal e mensal) são os mais sensíveis às mudanças. Para contornar esses problemas, busca-se ter uma relação próxima com os clientes e fornecedores de informação. Para as variáveis climáticas, previamente são levantadas alternativas. Casos especiais necessitam rediscussão com os diversos elos da cadeia.
 
Existem, ainda, eventos de baixa probabilidade de ocorrência e de alto impacto, são chamados Cisnes Negros (Taleb, 2007), que, apesar de raros, ocorrem na vida real e possuem um efeito devastador no negócio. Algumas práticas adotadas: • mapear possíveis eventos de alto impacto, como chuvas acima da média, geadas, vento ou redução abrupta da frota; • ter planos alternativos; • manter reservas estratégicas de recursos. 
 
O planejamento é fortemente impactado pela qualidade da informação recebida e pelas premissas adotadas; além disso, é necessário acompanhar uma série de indicadores para a tomada de decisão. Nesse contexto, um sistema de gerenciamento de informações é essencial. O sistema deve conter informações acuradas, atualizadas e fáceis de extrair, além de guardar um bom histórico dos dados.
 
Dessa forma, planejamento florestal é um elo importante para garantir a correta exploração dos recursos florestais de uma empresa, de modo a antever gargalos e explorar oportunidades. Este deve olhar para a cadeia de abastecimento como um todo, mensurando ganhos globais. É importante visar à sustentabilidade no longo prazo, sem deixar de otimizar o curto prazo, assim como a implementação operacional deve ser levada em conta ao rodar o plano estratégico. Os processos de planejamento foram evoluindo a prazos cada vez mais curtos, que são fortemente ligados à logística de construção de estradas, de colheita e de transporte.
 
O planejamento florestal da Klabin conseguiu avanços importantes nos últimos anos, entretanto há muito mais desafios a serem vencidos. Os processos estão em constante evolução, a fim de acompanhar as mudanças, estreitar laços com áreas clientes e atingir de forma plena os objetivos da empresa.