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José Maria de Arruda Mendes Filho

Diretor da Lacan Participações

Op-CP-58

O futuro do setor florestal
Coautores: Luiz Augusto Candiota e Guilherme Ferreira de Oliveira - Diretores da Lacan Participações
 
O Brasil tem 7,8 milhões de ha plantados com eucaliptos, pínus e outras espécies florestais! Chegaremos a 10 milhões de ha? A 15 milhões? A 20 milhões de ha? Com toda a certeza! Mais do que nunca, a consciência ambiental e a constante procura por produtos de madeira plantada colocam o Brasil em posição de destaque para atender ao mercado interno e ao mundo.
 
O uso de papéis, chapas e outros produtos da madeira certificados já é uma realidade irreversível. A nova geração já está condicionada e escolhendo produtos certificados, o que implicará uma demanda cada vez menor da madeira nativa que, gradativamente, perde espaço, fica com menor oferta, dado o rigor da comprovação de origem, além de se tornar pouco competitiva quanto aos custos. O uso da madeira nativa será considerado um nicho, e a oportunidade será para a madeira de floresta plantada.  A floresta plantada terá um papel muito importante no novo contexto mundial. O reflorestamento será utilizado para atender a metas dos países na redução de emissão de carbono. 
 
O Brasil, por exemplo, tem uma meta de reflorestamento de 12 milhões de hectares até 2030 e, pelo grande conhecimento no setor e área disponível, poderá ajudar outros países a atingir as suas metas também.  Um novo grande vetor de crescimento será o uso de floresta plantada para projetos de geração de energia com biomassa para consumo interno e exportação para a rede de distribuição. 
Além disso, a biomassa de madeira pode ser utilizada para a produção de pellets, combustível renovável em grande expansão no hemisfério norte. 
 
Alguns estados do Brasil, bola da vez para plantios florestais, continuam despertando interesses e atraindo investimentos. Na última década, o Mato Grosso do Sul foi o estado que mais cresceu em plantios florestais, sempre ocupando o lugar das pastagens degradadas. Outros estados despontam para as próximas décadas, ocupando também áreas não utilizadas para a agricultura intensiva, além do crescimento dos plantios já consagrados na produção de madeiras plantadas.
 
Uma marca registrada para as próximas décadas será o trabalho técnico de alto nível visando à condução da brotação para o segundo e até para o terceiro ciclo. Já superamos a fase de apenas uma rotação para as florestas clonais de eucaliptos.
 
A conscientização dos operadores das máquinas de colheita de que eles têm dupla função, ou seja,  de   colher  a   boa floresta disponível, bem como ser o “plantador” do próximo ciclo, é fundamental para o sucesso das produtividades seguintes. Aliando-se ainda à execução de excelentes práticas silviculturais já conhecidas, bem como à eficiência no controle de qualidade de todas as operações e insumos florestais, continuaremos tendo florestas de alta produtividade a custos bem competitivos no segundo e até no terceiro ciclo da floresta plantada de eucalipto. 
 
As experiências comerciais das florestas plantadas já deixaram marcas muito claras de como o mercado atua e suas sutilezas. O pínus exige, no mínimo, dois a três compradores distintos para se obter o máximo retorno de uma mesma árvore; já o eucalipto, no seu ciclo tradicional de 6 a 8 anos, deverá estar plantado numa distância que atenda a um grande consumidor. Não basta apenas plantar. É preciso identificar a tendência, a vocação do mercado na região de plantio. O brasileiro já aprendeu que plantar florestas sem um consumo definido na região poderá “micar” com a floresta em pé!
 
Uma das evidências do futuro promissor do setor florestal brasileiro é o exemplo de ser um empreendimento sustentável. Como destaque, temos que, para cada hectare plantado, há praticamente um hectare de mata nativa preservado ou em recuperação. Atitude há tempos incorporada no setor florestal.
 
A pesquisa florestal foi e continuará sendo a grande retaguarda para o sucesso do empreendimento florestal. A identificação de clones com alta capacidade de adaptação, excelente produção e qualidade da madeira adequada ao uso; a identificação de pragas e doenças, bem como seus controles, darão sustentação ao técnico para a implantação das novas e modernas técnicas silviculturais que registrarão o futuro promissor das florestas plantadas.
 
O mundo passou por transformações profundas em relação aos detentores de florestas reflorestadas. Nos últimos quarenta anos, simplesmente, trinta e nove dos maiores detentores de florestas são novidade. O ativo florestal passa a ser percebido, pelos maiores fundos de pensão, endowments e fundos soberanos do mundo, como uma reserva de valor e, também, um ativo de geração de fluxo de caixa e retorno mais interessante que os ativos financeiros.
 
A mesma tendência tem ganhado força no Brasil nos últimos dez anos, com a entrada maciça de investimentos dos investidores institucionais, com visão de longo prazo, no mercado de reflorestamento. O Brasil, entrando na normalidade de juros reais mais baixos e civilizados, deverá presenciar uma verdadeira revolução na migração de ativos por parte dos maiores detentores de poupança do País, notadamente os investidores institucionais, que miram investimentos de longo prazo.
 
Assim, tudo indica que ativos florestais, de qualidade, com a produtividade brasileira e com a previsibilidade de geração de retorno de médio e longo prazo, tendem a ser cada vez mais cobiçados e demandados por aqueles que procuram investimentos seguros, sustentáveis e geradores de fluxo de caixa.
 
Investimentos florestais seguem uma lógica totalmente diferenciada dos ativos financeiros tradicionais, portanto tornam-se uma alternativa interessante de diversificação, combinando segurança e retorno de longo prazo. É a floresta plantada gerando valor, conforto, bem-estar e cultura para o homem!