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Mário Nelson Marques Cardoso

Gerente de Suprimento de Madeira da Veracel Celulose

Op-CP-23

Tecnologia de transferência de dados para máquinas em operação florestal

Até o final da década de 2000, os serviços de transmissão de dados por satélite eram disponibilizados a custos elevados, mas, desde então, a competitividade das tarifas tem melhorado significativamente, principalmente se utilizada tendo como apoio à crescente rede de telefonia móvel.

A opção tecnológica de transmissão via satélite se deu ao menos pelas seguintes razões:
• Problemas impactantes nas tecnologias de transmissão de dados via rádio ou de coleta via pen drives;
• Ambiente hostil de campo sujeito a fortes interferências climáticas;
• Disponibilidade de transmissão na maior parte do tempo da operação; e
• Opção de melhor custo-benefício.

Planejamos iniciar o uso da tecnologia com poucas demandas adicionais para permitir uma consolidação da ferramenta com a mínima customização possível, definindo três objetivos essenciais:
• Automatizar documentação que acompanha os caminhões nas viagens e os boletins de produção da colheita;
• Rastrear a madeira desde a origem; e
• Controlar as frotas em operação.

A implantação do rastreamento requer equipes com experiência multidisciplinar em operações florestais e tecnologia da informação, demandando por fornecedores especializados e de reconhecida competência. Os principais requisitos do escopo técnico são assim indicados:
• Tipo de transmissão de dados;
• Softwares que serão implantados no computador de bordo das máquinas;
• Equipamentos, protocolo e pacote de dados;
• Forma de instalação física dos equipamentos nas máquinas e caminhões;
• Software de retaguarda, para receber e processar os dados transmitidos;
• Integração ao controle de produção de softwares de gestão espacial (Geodatabase); e
• Definir a garantia de segurança das informações a serem armazenadas pelos sistemas.

Os principais fatores críticos de sucesso são listados a seguir, podendo haver outros, de acordo com a realidade de cada empresa:
• Conhecimento técnico e treinamento dos envolvidos nas tecnologias utilizadas;
• Contratação de empresas com equipes capacitadas e treinadas nas tecnologias envolvidas;
• Participação ativa dos envolvidos nos processos de especificação, desenvolvimento e validação;
• Treinamento e comprometimento dos envolvidos na manipulação dos computadores de bordo; e
• Compatibilidade dos softwares embarcados para o controle de bordo.

O rastreamento por satélite no transporte resulta em maior segurança e aperfeiçoamento operacional, trazendo impactos positivos sobre o planejamento, a execução e o controle logístico. As transportadoras evoluem na gestão e no uso da tecnologia para reduzir custos e melhorar a eficiência no atendimento aos clientes.

Diversos ganhos operacionais foram identificados, sendo os principais:
• Confiabilidade e agilidade dos dados;
• Alarmes gerados e transmitidos de forma imediata; e
• Eliminação de preenchimento manual e da digitação de dados.

Na Veracel, após um ano de implantação do rastreamento, obtivemos 14% de ganho na produtividade das frotas no transporte, sendo que a implantação dos equipamentos e sistemas elevou o custo do transporte em apenas R$ 0,08/m³sc. O tempo médio de permanência na fábrica foi reduzido de 45 para 25 minutos, permitindo uma redução de R$ 0,33/m³sc nos custos de frete.

Os ganhos são decorrentes do melhor controle do fluxo das frotas e da automação na entrada e saída da fábrica. A automação e o rastreamento do transporte são altamente rentáveis e continuarão a agregar novos benefícios e aperfeiçoamentos nas próximas etapas do projeto.

A implantação das tecnologias de automação e rastreamento é diferencial competitivo diretamente relacionado à qualidade da informação, uma vez que informações precisas e eficientes permitem respostas rápidas das operações e uma maior confiabilidade dos serviços prestados. Na colheita, a apropriação do volume produzido diretamente pelas máquinas ainda carece de ajustes.

Uma vez, chegou-se a verificar desvio com superestimação de 17% do volume cortado e processado pelo harvester. Certamente, esses desvios poderão ser eliminados, abrindo perspectiva para descontinuar o inventário florestal pré-corte, que, além de custoso, não oferece um erro padrão de estimativa adequado para todos os talhões. O uso da tecnologia de transmissão de dados via satélite na colheita viabiliza o uso de tecnologias embarcadas e já pagas na aquisição das máquinas, substitui o ineficiente apontamento manual e torna o processo de tomada de decisão ágil e seguro.