Me chame no WhatsApp Agora!

Altair Negrello Junior

Gerente de Colheita e Transporte de Madeira da Rigesa

Op-CP-13

Negócios e mercado: novas perspectivas para os profissionais de colheita florestal

A cada dia que passa, nossas empresas estão sendo mais exigidas. São frequentes as cobranças por melhores resultados, por produtos com melhor qualidade e com maior valor agregado, por inovação, atendimento diferenciado aos clientes, cumprimento de prazos e melhores preços. Não tem sido fácil superar estes desafios e fazer com que nossos profissionais mantenham-se comprometidos em atender a todas estas demandas.

Várias discussões em torno do tema gestão de profissionais na área florestal vêm sendo realizadas ao longo dos últimos anos, sempre reconhecendo a necessidade de significativas mudanças no posicionamento empresarial, em relação às formas de gestão ocorridas no passado. Com o desenvolvimento tecnológico, observado praticamente em todas as áreas de atuação de nossos profissionais, as organizações passam a perceber a necessidade de contar com colaboradores providos de maior qualificação e motivação.

Tem-se percebido ainda que estes profissionais valorizam muito seu ambiente de trabalho e benefícios, talvez mais até que seus próprios salários. Considerando a função estratégica da colheita em uma empresa florestal, esta questão passa a exigir fortes reflexões por parte da alta direção das empresas, questionando-se sempre quais as condições para manter suas equipes permanentemente motivadas e produtivas.

Profissionais de colheita com elevado conhecimento técnico são de alto valor, porém, os que adicionam a estes conhecimentos a visão de negócios e mercado, podem ser os diferenciais das empresas. São talentos que valorizam a inovação, a criatividade e percebem onde se encontram as potenciais oportunidades para maximizar os resultados desejados. E estes profissionais estão cada vez mais disputados pelas empresas florestais.


Diante deste contexto, as organizações passam a compreender a importância de proporcionar condições apropriadas para que estes profissionais, espontaneamente, desenvolvam seu máximo potencial. Trazendo esta questão para a realidade de nossas empresas, é interessante retornar um pouco no tempo. O histórico da colheita florestal em áreas plantadas no Brasil é relativamente recente, sendo que, até a década de 1970, poucas operações eram mecanizadas.

Nos primeiros anos da década de 1980, iniciaram os trabalhos dos primeiros mini skidders e carregadores florestais, tendo, ainda, as motosserras como principal equipamento para corte e traçamento. Neste período, a grande maioria dos profissionais que exercia atividades operacionais em colheita de madeira tinha suas origens em regiões agrícolas e possuía nível cultural abaixo da média observada nos trabalhadores das zonas urbanas. Ao longo dos anos, a necessidade de mecanizar as operações de colheita assumiu importância cada vez maior, evidenciando-se as necessidades de reduções de custos operacionais, aumento de produtividade e tendo ainda as questões de segurança no trabalho como benefício adicional e de extrema importância. Estes foram alguns dos incentivos para a confirmação desta tendência.

Lembremos ainda que as últimas décadas foram também marcadas pelo reconhecimento da comunidade florestal internacional quanto às altas rentabilidades das florestas plantadas brasileiras, motivando grandes fabricantes mundiais de equipamentos a perceberem as oportunidades que se abriam em nosso país. Estas se tornaram ainda mais atraentes com a abertura da importação para equipamentos, ocorrida no início da década de 1990, quando tivemos acesso aos feller bunchers, skidders, processadores e carregadores de alta performance.

Este pode ter sido um dos momentos mais marcantes para os profissionais que atuam em colheita florestal, devido aos desafios que então se apresentavam, considerando a alta tecnologia dos novos equipamentos, contrastando com o despreparo de nossos operadores e instrutores naquela época. Ali ficou caracterizada a necessidade de treinamentos de alto nível tanto para os gestores de colheita florestal, que passaram a gerenciar equipamentos de alto valor, quanto para os operadores e instrutores, que tiveram que desenvolver novas habilidades para trabalhar com os equipamentos de tecnologias completamente diferentes.

Diante desta realidade, percebeu-se que a forma de gestão de toda a equipe deveria também ser revisada. Devido aos grandes investimentos realizados a partir daquele período, passou-se também a exigir dos gestores das equipes conhecimentos mais profundos nas áreas administrativa e financeira, além de maior visão das oportunidades e restrições oferecidas pelo mercado de produtos florestais.

Buscando ainda melhor compreensão da gestão de pessoas na Rigesa, faz-se necessário que se conheça o sistema operacional atualmente utilizado, bem como os principais objetivos a serem alcançados pelas equipes. A base de todas as atividades é o planejamento operacional, o qual é dividido em macro e micro planejamentos. O primeiro, com uma visão mais estratégica, determina as áreas a serem colhidas ao longo de uma rotação e tendo a distância média e a infra-estrutura de estradas, como principais pontos de análise.


O microplanejamento, por outro lado, tem uma visão de curto prazo, planejando as atividades operacionais, tendo como objetivos maximizar as produtividades dos equipamentos e a eficiência operacional das equipes como um todo. Direção de queda das árvores, distância de arraste, percentual de madeira destinada à nossa fábrica e ao mercado e locais de carregamento são alguns dos itens observados. Todos os profissionais da equipe são orientados a conduzir suas atividades, tendo o planejamento como ferramenta essencial para confirmação dos objetivos programados. As operações propriamente ditas são integralmente mecanizadas, sendo realizadas com equipamentos de alta performance, voltadas ao suprimento da fábrica de celulose e papel e também às demandas do mercado regional de produtos florestais.

Além de atender às necessidades de nossos clientes no que tange a aspectos qualitativos, as equipes são freqüentemente treinadas para compreenderem que o cumprimento integral da legislação ambiental, o respeito às comunidades onde atuamos e o atendimento aos procedimentos de segurança no trabalho são alguns de nossos principais valores, inegociáveis em qualquer situação.

O sucesso da forma de gestão das equipes de colheita na Rigesa é confirmado através da evolução das produtividades, observada ao longo das últimas décadas. Vale mencionar que, além dos resultados operacionais obtidos, mantém-se um ambiente de trabalho altamente amigável, percebendo-se, através de pesquisas internas realizadas junto aos funcionários, alto grau de satisfação no que se refere à alimentação, transporte de pessoal e respeito ao indivíduo.

A realidade atual sugere que os gestores aprofundem seus conhecimentos em áreas de planejamento, negócios, gestão de pessoas, finanças, marketing, entre outras. No caso dos profissionais de atividades operacionais, não tem sido diferente, uma vez que destes também vêm sendo exigido maior nível de interpretação de informações, além de alto nível de coordenação motora para condução dos equipamentos e de seus implementos.

Mudanças, inovações e geração de valor só serão obtidos por pessoas capacitadas e motivadas. As organizações que estão se preparando para o futuro certamente terão importantes diferenciais em função do nível de seus profissionais de colheita de primeira linha, os quais deverão estar fortemente comprometidos e preparados para as freqüentes mudanças que acontecerão no que se refere a evoluções tecnológicas, bem como às adaptações ao mercado e às demandas de seus clientes, internos ou externos.