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João Fernando Borges

Diretor Florestal da Stora Enso

Op-CP-15

As florestas plantadas e o mercado florestal brasileiro

Segundo a FAO, o novo conceito de florestas plantadas une duas classificações florestais, antes consideradas em separado: as plantações florestais e as florestas plantadas semi-naturais. A razão para essa junção é a similaridade do método de estabelecimento, do manejo aplicado e uso da madeira, geralmente destinada para fins industriais.

Ainda conforme a FAO, em 2006, havia 271 milhões de hectares de florestas plantadas em todo o mundo, o que corresponde a 7% da área mundial de florestas ou 2% da superfície de terras do planeta. Desse total, 205 milhões de hectares são destinados à produção de madeira e outros produtos florestais e 66 milhões de hectares para a proteção dos solos e de águas (combate à desertificação, reabilitação de áreas degradadas, etc).

Cinquenta por cento das florestas plantadas manejadas para fins de produção pertencem aos governos, 32% estão nas mãos de pequenos produtores e 18% pertencem ao setor privado corporativo, empresas vinculadas à indústria florestal, como é o caso da Stora Enso. Embora com menor percentual
que as demais, o setor privado corporativo tem um papel destacado no desenvolvimento das florestas plantadas.

Geralmente, a gestão dessas florestas é feita por profissionais florestais, as empresas investem no melhoramento genético das espécies utilizadas, adotam práticas de prevenção de incêndios e de pragas, assegurando a produção de madeira com a qualidade desejada pela indústria.
O Brasil, embora detenha uma pequena área se comparada a outros países, tem 5,6 milhões de hectares de florestas plantadas e vem se destacando no cenário mundial pelo aporte de tecnologia aplicada ao manejo de suas plantações que, aliada às condições ambientais e climáticas, fazem com que o país seja extremamente competitivo na produção de madeira para fins industriais.

Tomando-se como referência o setor de celulose e papel - que possui 1,7 milhão de hectares de florestas plantadas – a produção de celulose no período de 1990 a 2007 cresceu 175,8% e a de papel, 91%. A título de referência, a agricultura brasileira cresceu, nesse mesmo período, 84,3% (381,3 Mt em 1990, 702,9 Mt em 2007) e a produção de etanol cresceu 41,6% (11,5 Ml em 1990, 17,7 Ml em 2007).

No início de 2008, antes da crise, os potenciais investimentos anunciados no setor de celulose do Brasil previam um acréscimo de 13 milhões de ton no período 2009-2015. Com a mudança do cenário econômico decorrente da crise, a maior parte desses novos investimentos foi adiada e, nesse momento, é prematuro fazer novas projeções.

A expansão das florestas plantadas também seguirá com ritmo mais lento, principalmente a vinculada às indústrias florestais. Como o retorno à normalidade está previsto para meados de 2010, esses investimentos deverão ser retomados mais à frente.
Em paralelo ao setor industrial, investidores sem vínculo com as indústrias – fundos de investimentos e investidores particulares – têm mostrado interesse cada vez maior em investir na formação de bases florestais e aquisição de ativos florestais já existentes.

Esse movimento começou nos Estados Unidos, com instituições locais de grande porte buscando a diversificação de seus portfólios de investimento. Outros fundos menores também optaram por investir em florestas na Europa, Oceania e América Latina, já que mesmo não apresentando valorizações tão expressivas como a de outros setores, a atividade florestal tem garantido retorno desejado e risco bastante reduzido para o investidor.

Esses novos investidores florestais têm aumentado seu interesse no Brasil, motivados pela alta competitividade das nossas florestas plantadas, quando comparadas a de outras regiões do mundo e pela perspectiva de crescimento da indústria florestal local. A longo prazo, a expansão da base florestal do Brasil poderá ter uma participação mais expressiva de proprietários florestais não industriais.

Essa mudança do perfil da propriedade de florestas plantadas no Brasil irá alavancar a diversificação da indústria florestal e incorporar a produção de madeira à atividade produtiva das propriedades rurais, de maneira mais ampla. O produtor rural, tradicionalmente voltado para a produção agrícola e pecuária, incorporará a produção florestal ao seu modelo de produção.

Atualmente, as plantações florestais já suprem 50% da madeira industrial no mundo e a projeção é que, nos próximos 20 anos, essa participação alcance 2/3 do abastecimento das indústrias. O Brasil tem uma excepcional oportunidade nesse setor, pois as crises vão e vêm e, a longo prazo, as florestas plantadas são uma opção promissora para pequenos e grandes investidores, com reflexos positivos para o bem-estar da sociedade e uso sustentável dos recursos naturais.