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Moacyr Fantini Junior

Diretor Florestal da Veracel Celulose

OpCP63

As florestas plantadas e o desenvolvimento socioeconômico dos municípios
Como integrantes do setor de base florestal brasileiro, sabemos que o nosso trabalho e a nossa responsabilidade vão além da produção e das premissas de conservação do meio ambiente e do equilíbrio da biodiversidade. Fazer parte desse setor nos coloca no papel fundamental de também contribuir para o desenvolvimento socioeconômico do nosso território. 
 
Nos últimos anos, essa função do setor de celulose já estava amplamente consolidada, com foco no apoio às comunidades – que, muito mais do que um grupo de vizinhos, constitui-se uma forte rede de parceiros. Como setor, buscamos trabalhar as sinergias do sistema florestal com as pessoas do nosso território, gerando desenvolvimento local e atraindo melhorias de infraestrutura, que culminam em novas oportunidades de negócios para a própria comunidade. 
 
Apesar de a base de nosso negócio ser florestal, infraestrutura é algo muito importante para as operações logísticas de qualquer setor industrial e, quando a empresa investe nisso, ela gera desenvolvimento direto para toda a região em que atua. 

Além disso, muitas vezes, esses investimentos representam um alívio importante para o caixa das prefeituras e abrem margem para que recursos sejam destinados a outros benefícios para a população. Como exemplo da relevância desse tipo de aporte, somente em 2020, a Veracel destinou mais de R$ 4 milhões em apoio para infraestrutura e manutenção de estradas públicas dos 11 municípios onde opera, localidades que, juntas, abrangem uma população de mais de 400 mil pessoas.

Em paralelo, o setor também vem criando caminhos para fortalecer os produtores locais, com a disseminação de técnicas de aumento de produtividade, apoio para a criação de novas fontes de renda e educação ambiental para a promoção de uma consciência voltada ao uso racional de matéria-prima e recursos naturais. 

Para se ter uma ideia desse trabalho, o investimento social realizado pela Veracel Celulose, em 2020, foi de R$ 12,2 milhões, com atendimento a mais de 16 mil pessoas. Esse valor contempla projetos de agricultura familiar, entre outras iniciativas de geração de renda, educação e doações de apoio emergencial na prevenção à pandemia da Covid-19. 

Além disso, viabilizar a participação dos produtores rurais na cadeia produtiva da empresa traz um equilíbrio importante quando tratamos de uma produção que ocupa um espaço grande no território onde está inserida. Na Veracel, por exemplo, há 89.713 hectares de área plantada, mas também há mais 22.958 hectares destinados ao plantio de eucalipto por produtores florestais locais. 

Desde o ano passado, esse equilibro e responsabilidade social passou a ser mais latente: tudo em que trabalhávamos para o desenvolvimento socioeconômico precisou ser revisitado, uma vez que a necessidade de adoção de protocolos preventivos e protetivos, incluindo o isolamento social, ampliam ainda mais as necessidades da comunidade, que passou a sofrer com a interrupção abrupta de renda e a exposição ao risco de contaminação pelo coronavírus. Isso se soma ao fato de que, de início, as restrições da pandemia impactaram o rendimento das atividades de campo no primeiro semestre de 2020. 

Novos arranjos institucionais colaborativos passam a ser cada vez mais priorizados e trabalhados como premissa nesse contexto.  Nos 11 municipios no sul da Bahia, onde está localizada a Veracel, essa premissa é aplicada ao operarmos uma plataforma multi-institucional de apoio à agricultura familiar, baseada nos conceitos da agroecologia. Desenvolvemos projetos voltados à produção de alimentos, envolvendo centenas de famílias de pequenos agricultores, organizados em associações. São iniciativas realizadas em conjunto com instituições parceiras e também com poder público, empresas privadas, universidades e movimentos populares, uma rede colaborativa que apoia ações de geração de renda em comunidades rurais e indígenas e também em assentamentos de reforma agrária.  

Apesar do significativo impacto que a pandemia representa para a qualidade de vida das comunidades, observamos que parte desses grupos já se encontra em patamar de desenvolvimento de suas atividades produtivas, com a presença de conceitos da sustentabilidade. 

Essas comunidades se diferenciam por demonstrarem conhecimentos que se mostraram fundamentais para transformar a agricultura familiar em uma aliada para a melhoria da qualidade de vida, diminuindo a vulnerabilidade em relação à segurança alimentar e nutricional. Tudo isso com a consciência da necessidade de manutenção do isolamento social como forma de proteção à saúde. 

Nessas comunidades, já percebemos resultados da agricultura familiar sustentável, com base em conceitos de agroecologia, mínima dependência de insumos químicos, arranjos produtivos adequados à realidade e à vocação das famílias e também com a introdução de culturas agrícolas de diferentes ciclos, de curto, médio e longo prazos de cultivo. 

Temos observado, na prática e por meio de pesquisas que medem a qualidade das relações da empresa junto à própria comunidade, que as ações realizadas resultam em projetos de agricultura familiar equilibrados, com arranjos produtivos sustentáveis, produção de alimentos diversificados,  saudáveis e com mínima dependência de insumos químicos de alto custo. Esses fatores associados têm permitido  que muitas comunidades consigam se manter em isolamento social, preservando seus grupos de risco.  

Além disso, os grupos que estão em situação de  menor vulnerabilidade são os mais bem-sucedidos em ações de fortalecimento de redes cooperativas, tendo como parceiros o poder público, empresas, universidades e instituições locais. O apoio, direto ou indireto, de parceiros externos mostrou-se um fator indispensável, principalmente neste momento, para desenvolvimento de  estratégias e mecanismos contínuo de boas práticas; acesso a mercados para seus produtos; e informação sobre prevenção. Esses fatores ampliam a segurança, o autossustento e as oportunidades de renda, mesmo que reduzidos, em função do cenário de crise mundial. 
 
As conquistas dessas comunidades estão ligadas diretamente ao fato de estarem em regiões de cultura de floresta plantada. A Costa do Descobrimento abriga um excelente exemplo desse desenho de sinergias e arranjos institucionais em prol de projetos que cooperem para o desenvolvimento sustentável de diferentes comunidades. Por meio de trabalhos em parceria com Núcleo de Estudos em Agroecologia (NEA) da  Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) e com a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiróz (Esalq/USP), o projeto Assentamentos Agroecológicos Sustentáveis assiste mais de 1.400 famílias de pequenos agricultores. Os resultados alcançados estão contribuindo para a geração de renda e a mitigação dos efeitos negativos da pandemia e do necessário isolamento social. 

A pandemia evidenciou esses resultados e comprova que o setor de florestas plantadas vem caminhando no sentido certo para a criação de laços e parcerias com o território, criando sinergias de conhecimento e gerando novas oportunidades para o desenvolvimento. A atuação em rede comprovou seu valor neste momento de crise como fator essencial para o desenvolvimento sustentável.