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Luiz Eugênio Pedro de Freitas

Presidente da Abraisca, Associação Brasileira dos Fabricantes de Iscas Inseticidas

Op-CP-61

A Abraisca, a convenção de Estocolmo e a defesa da sulfluramida
A história da Associação Brasileira dos Fabricantes de Iscas Inseticidas – Abraisca, com a Convenção de Estocolmo começa bem antes da solicitação da inclusão da sua principal matéria-prima, o PFOSF, intermediário utilizado na produção da sulfluramida, nos seus anexos.
 
Isso ocorreu em 2002, quando a 3M, o maior produtor desse intermediário, anunciou a interrupção da sua produção espontaneamente.  Esse fato chamou a atenção dos departamentos técnicos das empresas fabricantes de iscas formicidas à base de sulfluramida, que passaram a monitorar a situação dessa substância.

Posteriormente, em 2005, a Suécia solicitou à Convenção a inclusão do PFOS, PFOSF e seus sais nos seus anexos. Àquela altura, não havia Abraisca, e as empresas, numa proatividade que demonstrou ter sido a grande alavanca para a defesa do produto, já em dezembro de 2006, marcaram uma reunião com o Ministério de Meio Ambiente – MMA, pois acompanhávamos a Convenção e sabíamos que era a fase em que o comitê de revisão consultaria  os países-membros e solicitaria informações a respeito das substâncias que desejava incluir.

As empresas colaboraram com o MMA, fornecendo todas as informações a respeito do uso do PFOSF na síntese da sulfluramida e da produção das iscas formicidas, e o primeiro documento do Brasil foi enviado. Em 2007, houve a reunião do comitê de revisão, e as empresas, ainda sem contar com uma representação  específica, participaram da reunião,  e, com isso, ficou clara a necessidade de se  criar uma associação que representasse a indústria e que  pudesse se tornar um observador oficial dentro da Convenção, pois, somente dessa maneira, poderia participar ativamente, enviando sugestões e participando dos grupos de discussões.

Assim, em 2008, foi criada a Abraisca, e, desde então, participamos de todas as reuniões do comitê de revisão (POPRC) e da Conferência  das partes (COPs). É necessário destacar que foi um trabalho muito bem-feito a várias mãos, em que a participação do governo e da academia foi fundamental para atingirmos o objetivo de manutenção da molécula até que surja uma alternativa eficiente para o controle das formigas cortadeiras.
 
Como resultado, temos que, após anos de luta, vários usos tiveram suas finalidades aceitáveis excluídas do anexo B, tendo  permanecido somente o PFOSF para a fabricação da sulfluramida para a produção das iscas formicidas. Ocorreu que, com a diminuição da demanda e a queda da oferta mundial de PFOSF, os preços triplicaram de valor.

As empresas associadas à Abraisca, tendo acompanhado todo o processo, desde de 2005, e sabendo da queda da oferta, cada vez maior, há anos vêm se preparando para essa situação, importando PFOSF em quantidades suficientes para atender à demanda interna e manter um estoque estratégico que permita, em caso de uma emergência, suprir o mercado.
 
Estamos trabalhando e podemos tranquilizar o mercado com a afirmativa de que não haverá falta desse insumo até que surja uma alternativa viável que substitua a sulfluramida, substituição essa que deverá ser feita de forma gradativa, sem comprometer a agricultura nacional.
 
Importante salientar que devemos continuar mantendo o uso aceitável dentro da Convenção e, para isso, sabemos que podemos contar com o apoio tanto do governo, através do Ministério da Agricultura – MAPA, como  também da academia, através de pesquisadores brasileiros, que sabem melhor do que ninguém a importância das iscas à base de sulfluramida.
 
Permitir a continuidade do uso do PFOSF na produção de sulfluramida para a fabricação de iscas formicidas para o controle de formigas cortadeiras protegerá os interesses do Brasil, uma vez que as formigas cortadeiras estão entre as mais importantes pragas da agricultura nacional, causando grandes prejuízos para as culturas agrícolas e florestais, com possibilidade de causar enormes perdas se não forem controladas.

As iscas granuladas representam o principal método de controle de formigas cortadeiras. Altamente eficiente, apresenta grande vantagem em relação aos outros métodos, baixo custo, alto rendimento e reduzida periculosidade ao homem e ao ambiente. Consideramos que a manutenção da sulfluramida para o controle de formigas cortadeiras é imprescindível para o agronegócio brasileiro, tendo em vista a inexistência de alternativas e a importância do controle das formigas cortadeiras em qualquer empreendimento agrícola ou florestal.